A nossa leitura de "Encontro com a morte"

Este era o volume que nos faltava ler da colecção Hercule Poirot - da editora Arte de Autor. Confessamos que as expectativas não estavam muito altas, porque tínhamos acabado de ler outros livros da série com muita qualidade. Mas afinal acabámos por gostar bastante deste "Encontro com a morte" que nos leva a viajar por Jerusálem, Petra e Amã.

"Encontro com a morte" conta com desenhos de Marek e com o argumento de Didier Quella-Guyot e apresenta-nos mais uma investigação de Hercule Poirot. Uma vez mais, uma dupla de autores consegue, de forma eficaz, adaptar uma história criada por Agatha Christie, deixando-nos ávidos de saber quem foi o criminoso, até à última página.  

Num hotel luxuoso de Jerusálem, a Sra. Boynton é conhecida por ser uma verdadeira tirana para quem a rodeia, principalmente para os seus enteados. Quando o corpo da megera é descoberto sem vida nas ruínas históricas de Petra, todos os seus próximos se tornam potencialmente suspeitos. Conseguirá Hercule Poirot desmascarar o culpado?

BDs da estante - 462

Série histórica da autoria de Marini, que retrata o período do Império Romano, recheada de aventuras, combates e intrigas, editada pela ASA. Este volume é de 2011.

Marco Valério Falco e Ermanamer tiveram o mesmo treino e foram submetidos a uma disciplina de ferro. Ao longo das provas, os dois jovens começam por defrontar-se e acabam por se tornar amigos. Descobrem a embriaguez das armas e o prazer dos sentidos, acabando por misturar os seus sangues para selar um pacto de fraternidade eterna.

2021 - um novo recorde de vendas de Banda Desenhada em França

A organização do Festival de Angoulême revelou esta semana os resultados de um balanço e análise do mercado de Banda Desenhada francês, depois de um trabalho muito interessante, realizado em conjunto com a empresa GfK. Os resultados foram surpreendentes, com o ano de 2021 a bater todos os recordes e a representar a consagração de uma paixão francesa, única no mundo.

Desde há vários anos que as duas entidades, em parceria, estudam a evolução da nona arte e 2021 ficará para a história. A constatação é clara. Depois de uma década com números sempre a subir, as vendas de Banda Desenhada atingiram, no ano passado, perto de 900 milhões de euros, com 85 milhões de exemplares vendidos e taxas de crescimento superiores a 50%.

À luz destes resultados, podemos falar num verdadeiro fenómeno da sociedade, que dá à Banda Desenhada um estatuto muito particular no mercado livreiro e dos bens culturais. E todos os segmentos do Universo da BD estão em alta, embora à cabeça venha a dinâmica extraordinária do género manga, com um crescimento de 107% em volume de vendas, como se pode ver na lista dos títulos mais vendidos.

Apesar da mudança de tendências, a poção mágica surte ainda o seu efeito e "Astérix e o Grifo" ocupa o primeiro lugar nos títulos vendidos, com 1,5 milhões de exemplares, um número muito semelhante ao título anterior "A filha de Vercingetorix", em 2019.

Muitas novidades da Gradiva BD neste início do ano

A Gradiva arrancou o ano 2022 com todo o gás no que toca a edições de Banda Desenhada. Depois do lançamento do terceiro volume da série "O Guardião", está já em pré-venda o primeiro volume de "Lonesome", uma nova colecção de western. Também em pré-venda dois volumes da obra prima do polar francês de Malet e Tardi - "Nestor Burma", detective privado. Já em Fevereiro, poderemos contar com o quarto volume da série "O Guardião".

Nord Sud - um diário de viagem de Christophe Blain

Mais um livro, acabadinho de sair, da editora Casterman. Trata-se de uma magnífica reedição dos diários de viagem de Christophe Blain que reúne os desenhos que o autor fez durante duas viagens, uma à Letónia e outra ao Círculo Polar Ártico.

Um layout mais generoso e contemporâneo (num formato pouco usual, tipo landscape) para redescobrir os cadernos publicados em 2005 por um dos grandes nomes da Banda Desenhada. 

Entre inúmeras obras publicadas, recordamos o livro recente "Gus" editado pela Gradiva em 2021. Na realidade, parecem obras desenhadas por duas pessoas diferentes, mas afinal é só a prova da enorme versatilidade do autor.

Exposição de Paulo J. Mendes no Porto

 

Paulo J. Mendes, autor do livro "O penteador" (da Escorpião Azul) que tanto nos encantou em 2020, tem agora patente uma exposição de desenhos seus. A exposição, intitulada "Contrastes e Obstruções" foi inaugurada no sábado, 22 de Janeiro e estará patente até 21 de Março no Dona Mira (no Porto), um café também com a vertente cultural.

Os visitantes poderão deleitar-se com os mais recentes trabalhos do artista, todos eles a retratarem a Cidade Invicta.

Killoffer - en chair et en fer - novidade da Casterman

Cofundador da associação de argumentistas alternativos franceses, desde os anos 1990, Killoffer, também desenhador, destaca-se pelo poder dos seus desenhos a preto e branco.

Representando-se a ele próprio, o autor aparece como uma personagem contemporânea, um homem no seu apartamento, com o peso da rotina e uma inclinação imoderada para excessos de todos os tipos. Nesse mundo ultra-tecnológico, os robôs domésticos parecem ser a norma, mas e o apego que os humanos podem sentir por essas máquinas?

Um livro no formato horizontal, sem palavras, onde as imagens falam por si.

Mais um nome que partiu no mundo da Banda Desenhada - Jean-Claude Mézières (1938-2022)

Jean-Claude Mézières, criador de Banda Desenhada, conhecido pela sua coautoria da série "Valérian", morreu em Paris, na madrugada de domingo, 23 de Janeiro, aos 83 anos, segundo anunciado pela Dargaud, sua editora. 

A nona arte perdeu mais uma das suas grandes figuras e os agentes espácio-temporais Valérian e Laureline, ficaram órfãos de um dos seus pais, ficando o outro inconsolável, Pierre Christin, seu amigo de infância, coautor da referida série e parceiro durante décadas.  

Mézières, tão apaixonado pela ficção científica, está agora junto às estrelas.

Em 1997, Mézières e Christin estiveram em Portugal, por ocasião da 8.ª edição do Festival Amadora BD (ainda na Fábrica da Cultura), que teve também uma exposição dedicada à sua obra conjunta e foi aí que tirámos estas fotografias.

BDs da estante - 461

 

Hoje recordamos uma série editada pela Bizâncio. "Aqui há gato", da autoria de Darby Conley, e cujo nome original é "Get fuzzy", são tiras humorísticas cujos protagonistas são um cão pachorrento chamado Satchel e um gato muito manhoso chamado Bucky. Criadas em 1999, o autor terminou de desenhá-las em 2013, sem nenhuma explicação divulgada.

Neste livro, Satchel é a personagem tonta de "Hollywood É Demasiado Pequeno Para Mim, o filme concebido e produzido por Bucky-Kat, o gato siamês com um talento natural para a trapaça e uma desmedida mania das grandezas. No elenco de luxo deste filme podemos ainda apreciar o solteirão Rob Wilco.

Boletim do Clube Português de BD já vai no 156

Com uma longevidade impressionante, o Boletim do Clube Português de BD continua a ser editado com regularidade. Este é o número 156 referente a Dezembro de 2021 e é dedicado à quadra natalícia.

Aqui podemos encontrar algumas das melhores e invulgares capas de Natal da BD em diversos países. Podemos ainda ler neste boletim uma história em BD sobre como surgiu a primeira árvore de Natal.

A série “O Guardião” está de regresso a partir de 25 de Janeiro

Está de regresso a série “O Guardião” editada pela Gradiva. Este 3.º volume que estará disponível a partir de 25 de Janeiro, tem como título  “Fantasmas em Porto Cervo”  e como os anteriores é da autoria de François Boucq e Yves Sente. Fica já aqui também a boa notícia da Gradiva que o volume 4 será editado já no próximo mês de Fevereiro e que terá o título de “A Persistência do Passado. 

A história:

«Há doze guardiões em todo o mundo, meu filho. Nem mais um. Agem sempre sozinhos e não se conhecem uns aos outros. Pedimos-te que te tornasses Trias, filho, porque o terceiro Guardião acaba de nos deixar...»

Em Davos, a poderosa organização denominada «Ordem da Renovação do Templo» viu gorar-se a sua tentativa de desestabilização mundial. Reagrupados a bordo de um iate ao largo de Porto Cervo, os seus líderes preparam uma resposta que poderá ser comprometida por dois pequenos grãos de areia na engrenagem: um padre demasiado curioso, e Vince, o terceiro Guardião.

Os autores:

François Boucq (Lille, 1955) é um desenhista de banda desenhada francês. É conhecido pela saga Bouncer, com roteiro de Alejandro Jodorowsky. Trabalha na editorial Humanoides Associés, com Jean Giraud e Juan Giménez.

Yves Sente (Bruxelas, 1964) com 6 anos de idade, descobre o álbum Tintin no Congo e, aos 11 anos, A Marca Amarela. Em 1983, termina o curso na American High School Chicago. Em 1986, obtém o diploma em Direito e publica alguns cartoons. Foi chefe de redacção das revistas Hello BD, Jet, Kuifje (o Tintin holandês) e director editorial das Éditions du Lombard. Em 1997, sob anonimato, envia à Dargaud um argumento para a série Blake e Mortimer. Não demorou muito tempo até a identidade deste talentoso argumentista ser descoberta. Em 2000, é publicado o 14.º álbum da série Blake e Mortimer -  A Conspiração Voronov, com argumento de Y. Sente e desenho de A. Juillard, que foi muito bem recebido pelo pelo público e pela crítica.

Ekko, de Agonia Sampaio é a primeira publicação de 2022 da Escorpião Azul

Um livro de ficção científica é a primeira aposta editorial para 2022 da Escorpião Azul. A autoria de "Ekko" é de Agonia Sampaio, autor que já colaborou inúmeras vezes com o Juvebêdê, e de quem já publicámos várias histórias curtas.

A sinopse:

Santi, é o nome do principal protagonista desta história. Para ele tudo aquilo que o rodeia é um grande caos, uma imensa confusão. Mas num determinado momento da sua vida, cruza-se com a de Flôr, a sua futura paixão que, no entanto, já o aguardava há muito. Com esta junção, todas as ideias e pensamentos do personagem central ganham uma nova luz na escuridão do infinito. 

Com o decorrer da narrativa, o leitor depressa vai chegar à conclusão que esta história não passa de uma longa viagem intemporal cheia de aventuras.

Sobre o autor:

António Agonia Sampaio nasceu em Luanda em 1970 e reside, actualmente, na Póvoa de Varzim. Começou cedo a desenhar. As temáticas fundamentais da sua obra são a Natureza e a Ruralidade. Ao longo dos anos da sua carreira somou vários prémios em múltiplos concursos nacionais e internacionais. Colaborou em diversos jornais como o Público, o JN, O Primeiro de Janeiro, A Voz da Póvoa, O Comércio da Póvoa, O Mundo Universitário, bem como o Mankicu de Angola. Participou em várias publicações como a revista de BD Ibero-americana Gigy e o fanzine Efeméride do saudoso Geraldes Lino. Publicou até hoje nove livros. "O recomeço e outras histórias" foi o seu mais recente trabalho. Colaborou com uma história curta na colectânea "Humanus", ambos editados pela Escorpião Azul.

A nossa leitura de Hercule Poirot "Crime no campo de golfe"

Já está disponível no site da Arte de Autor, a primeira publicação de 2022 da editora. Um dos grandes clássicos de Agatha Christie, foi a segunda investigação de Hercule Poirot e põe à prova as capacidades do melhor investigador do mundo. A adaptação foi efectuada pela mesma dupla de autores do livro da mesma colecção "Os Crimes do ABC" (argumento de Frédéric Brémaud e desenho de Alberto Zanon).  

E efectivamente, não sabemos se é do original ou da qualidade da dupla, mas o certo é que já tínhamos gostado bastante de "Os Crimes do ABC" e agora voltámos a gostar bastante deste novo título.

Na história, Hercule Poirot, acompanhado do capitão Hastings, tem de ir a França a convite de um rico industrial que teme pela vida. Infelizmente, à sua chegada, o crime já foi cometido. Mesmo não podendo impedir a morte, o detective belga não desiste de encontrar o assassino. Mas o inspector Giraud, da polícia francesa, não está disposto a deixar-lhe o campo livre. Uma nova investigação de Poirot, que o vai mergulhar no centro de uma maquinação extraordinária.

A história tem todos os ingredientes para nos agarrar do princípio ao fim: romance, traição, sede de dinheiro e poder, mistério e também um toque de humor, protagonizado por Poirot e pelas suas observações e deduções.

A nossa leitura do livro "O Relatório de Brodeck"

As expectativas estavam altas, mesmo muito altas. Lemos várias críticas e ouvimos falar desta obra ímpar de Manu Larcenet, editada pela Ala dos Livros. Estávamos ansiosos para ler, mas esperámos pelo momento certo, sentindo que não era um livro para se ler a correr. Aconteceu agora no início do ano, num espaço de tempo mais sossegado para nos dedicarmos à leitura.

Passaram-se alguns dias e só agora conseguimos escrever umas linhas sobre "O Relatório de Brodeck". Começamos por fazer nossas as palavras que se encontram na comunicação da editora:

"Há livros que não se descrevem. Não se explicam. Há livros que são como um murro no estômago. Há livros que têm de ser lidos…"

E isto traduz bem o sentir de quem lê este livro. Um verdadeiro murro no estômago. Uma história pesada, violenta, difícil de digerir, que deixa a nu até onde pode ir a crueldade do ser humano. Que nos mostra as piores facetas da Humanidade. Que põe o dedo na ferida e nos toca de uma forma tão profunda, que nos deixa marca. E como é que um livro assim consegue em simultâneo ser de uma beleza surpreendente? A par da história, desenhos absolutamente fantásticos, a preto e branco, conseguem acompanhar de forma exímia, cada momento, o suspense, o avanço lento na história.

Este é sem dúvida um livro de referência, daqueles que nos vamos recordar sempre. Recomendamos a sua leitura, mesmo a quem não é especialmente adepto da nona arte. Se fosse um filme, seria um sério candidato aos óscares de melhor actor, melhor filme, melhor realização, melhor fotografia, entre outros.

"O Relatório de Brodeck" é a adaptação para Banda Desenhada, assinada por Manu Larcenet, da obra prima homónima de Philippe Claudel, vencedora de vários prémios e considerada pela crítica como uma "obra-prima" moderna".

Relata a história de um homem, também ele estrangeiro, a quem é pedida a tarefa de elaborar um relatório sobre um acontecimento terrível na sua aldeia.