Com tantos lançamentos, tanto novos livros para ler, ainda não tínhamos tido tempo de nos dedicarmos a escrever aqui um pouco mais sobre o Amadora BD, mas que permitiu também, por já terem passado duas semanas, um maior distanciamento daquilo que vamos escrever.
Noutro local e com nova direcção, liderada por Catarina Valente, a edição deste ano do Festival marcou, de forma positiva, a diferença em muitos aspectos.
Para começar, o regresso ao formato presencial, depois de um ano atípico e de pandemia, mereceu de imediato a satisfação dos fãs de banda desenhada, sequiosos de encontros e reencontros com autores e desenhadores, com amigos, com editores e também, claro para apreciar as exposições. Analisemos agora de forma breve várias questões.
O espaço - Este ano o núcleo central mudou-se de armas e bagagens para o Sky Skate Parque. De um espaço escuro e desadequado, passou-se para outro arejado e luminoso e só isso já foi um passo de gigante para melhorar o festival. À excepção dos dias em que as condições climatéricas foram adversas e quase que fizeram a tenda do mercado editorial e autógrafos ir pelos ares com tanta chuva e vento, dir-se-ia que a mudança para aquele local foi bastante positiva. Bastará para o ano acautelar a questão da chuva (editores e livreiros queixaram-se e tiveram de proteger livros e equipamentos) e a questão do sol (na zona de autógrafos os autores pareciam estar na sauna). No entanto, temos de reconhecer que a nova organização do espaço, funciona bem, com o auditório no centro, os stands dos editores e livreiros à volta e a zona de autógrafos também na mesma tenda.
As exposições - De um modo geral todas as exposições tiveram nota muito positiva, com boa cenografia e certos pormenores que marcavam a diferença. Só a orientação e o percurso terão de ser aperfeiçoados na próxima edição, uma vez que não se percebia à primeira, onde é era a entrada, e isso, em relação a algumas exposições, fazia toda a diferença.
Fora do núcleo central, as restantes exposições localizadas na Galeria Municipal Artur Bual ("O bom filho à casa torna", uma retrospetiva de Jorge Miguel, e "Marcello Quintanilha: Chão de estrelas") e na Bedeteca da Amadora (Desvio), eram excelentes, mas deu-nos sempre a ideia de que o público era escasso. Seguramente muitos são aqueles que visitam o núcleo central, mas que não chegam a visitar as outras exposições, bem merecedoras de terem visitantes.
Autógrafos - Voltando a este tema, este ano o sistema de autógrafos foi diferente, com a distribuição de senhas. Como em tudo, não se consegue agradar a gregos e a troianos e houve muitos fãs que foram apanhados de surpresa e que por chegarem mais tarde já não tiveram hipótese de conseguir um desenho, pois as senhas estavam esgotadas. Porém, o sistema teve de ser implementado para impedir um grande aglomerado de pessoas no local (tarefa quase impossível), tanto por questões relacionadas com o Covid, como para não haver filas a impedir a passagem. No primeiro dia instalou-se o caos, mas nos restantes dias o sistema acabou por ser melhorado e funcionar. Nota positiva para os jovens voluntários que se empenharam para que tudo corresse da melhor forma e que por vezes foram mal tratados (injustamente) por pessoas que queriam os autógrafos a todo o custo.
Comunicação - É certo que este ano tivemos acesso ao programa antes do Festival começar e que a comunicação melhorou e esteve mais presente nas redes sociais. Porém, é um dos aspectos ainda a melhorar, pois o site está bem organizado e é funcional, mas os conteúdos pecaram por tardios. Nota positiva para o programa em papel, que esteve disponível desde o primeiro dia e também para toda a concepção gráfica das peças de comunicação deste ano a partir do cartaz criado por Roberto Gomes.
Prémios - Já aqui falámos dos prémios e dos premiados. Foi positivo este ano haver um prémio monetário no valor de 5.000 €, tendo sido o prémio Melhor Banda Desenhada de Autor Português atribuído a ‘Balada para Sophie’, de Filipe Melo e Juan Cavia, mas foi pena terem sido eliminadas algumas categorias como as que distinguiam o género humorístico, o melhor desenho, o melhor argumento. Esperemos que voltem. Também terá de passar a haver uma maior articulação de horários e programa, pois no à mesma hora da cerimónia de entrega de prémios, estavam autores nomeados, programados para autógrafos e decorriam apresentações.
Registo - Não podemos deixar de referir, por último, que, depois de muitos anos a visitar o Amadora BD como publicação especializada, foi a primeira vez que a credenciação funcionou e que tínhamos os nossos cartões de acesso prontos.
Parabéns à organização e à nova direcção do Festival personalizado pela Catarina Valente, que se esforçou e que provou estar à altura de conseguir melhorar ainda mais este grande evento internacional de Banda Desenhada.
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