Depois de "Abel" e "Caim", a série "Os Filhos de El Topo", editada pela Arte de Autor, chegou ao fim com o terceiro volume "Abelcaim". Esta obra de Alejandro Jodorowsky e José Ladrönn termina de uma forma tão violenta como surreal.
Aliás, surreal é talvez a palavra que melhor define esta saga alucinante que se passa num ambiente western. Nos dois livros anteriores foi-nos mostrada a diferença e distância entre os dois irmãos Abel e Caim. Neste último volume assiste-se à transformação de cada um dos irmãos, que se pode traduzir em que um passa de santo a pecador e o pecador passa a santo e o ódio e o amor andam de mãos dadas. Esta inversão dos seus comportamentos acaba por aproximar os irmãos durante um breve momento, o que pode levar-nos a reflexões espirituais mais profundas, apesar de estarmos perante uma série fantasiosa.
Sabemos que esta obra foi concebida como sequência de Banda Desenhada do filme de Jodorowsky "El Topo" (1970). Este trabalho deu origem à corrente dos filmes da meia-noite e gerou um culto de seguidores entre os cinéfilos de todo o mundo que continua até aos dias de hoje. Por isso não é de estranhar que esta BD seja altamente cinematográfica e visualmente muito impactante, também graças ao talento do desenhador chileno Ladrönn. Se aos dias de hoje este livro fosse adaptado para o grande ecrã, seria um filme chocante e de uma enorme violência, com sangue em excesso, que faria sucesso junto dos fãs de filmes estilo "Tarantino".
Relembramos a sinopse:
Enquanto Abel viaja pelo árido Oeste com Lilith e satisfaz os seus desejos extravagantes, eles caem nas mãos dos terríveis homens do Coronel. Este último quer aplacar a sua raiva e infligir-lhes um castigo impiedoso antes de partir de novo para a Ilha Sagrada e os seus menires dourados... Entretanto, Caim, que embarcou numa busca desesperada para curar uma jovem rapariga de uma doença estranha, percebe que a única esperança de a salvar também está na Ilha Sagrada! O destino reunirá os dois filhos de El Topo para uma viagem final, um movido pelo ódio, o outro pelo amor...
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