terça-feira, 30 de setembro de 2025

Entrevista com Pierre-henry Gomont, autor de Slava - parte 2



Tivemos o prazer de entrevistar Pierre-Henry Gomont, no Festival Internacional de Banda Desenhada de Beja, a 31 de maio deste ano, quando o autor esteve por ocasião do lançamento do primeiro volume da sua obra “Slava”, editada pela ASA. Ao autor e ao editor Luís Saraiva, agradecemos por esta agradável conversa que aqui transcrevemos.

Publicamos aqui hoje a segunda parte da entrevista.

JBD – O humor é importante na construção das tuas histórias, mesmo que estas sejam duras? Achas que é mais fácil, através do humor, fazer as pessoas compreender temas mais sérios?

PHG – O público começa a perceber melhor como são os russos e a distanciá-los dos seus governantes. Mas sim, o humor é um ponto de partida do meu livro. Porque os russos também precisam de humor. Não choram o tempo todo, nem são duros o tempo todo. Precisam do riso para equilibrar a sua montanha-russa de emoções. Precisam de chorar muito e de rir muito. Foi um ponto assente no meu livro, ter as duas componentes. Não para atenuar a tristeza, mas para ter o efeito contrário. O que é triste, com o riso, tornar-se ainda mais triste. Aqui ainda não leram ainda o final da história (Slava tem três volumes), mas não termina bem. Então o que eu pretendo com o humor nesta obra é que, quando rimos, sintam a tristeza de uma forma mais forte.

JBD – O terceiro volume de Slava já saiu. E agora? Já te encontras a trabalhar noutro projecto?

PHG – Sim, estou a trabalhar numa coisa completamente diferente. Uma vez mais a sociologia a trabalhar para mim. Desta vez interessei-me pelo tema dos cavalos que são criados para participarem nas corridas de Palio, que acontecem em Siena, Itália. Todo o universo que envolve as pessoas que participam nestas Palio di Siena, este mundo social, interessou-me. Isto aconteceu porque o meu irmão é cavaleiro, foi cavaleiro profissional, tem cavalos, é esse o seu mundo. Não é o meu, mas fascina-me.

JBD – O mergulho neste universo, para este novo projecto é uma forma de conheceres melhor o mundo do teu irmão?

PHG – Exactamente. E mais ainda. O tema subjacente a esta história tem a ver com a família. Portanto este meu projecto tem um duplo tema.

JBD – Mas é ficção ou tem alguma coisa de verdade?

PHG – Bem, o livro é de ficção, embora tudo seja verdadeiro. Ou seja, a base é verdadeira, mas o que eu ofereço aos leitores é uma história ficcional.

JBD – Voltando ao princípio, como é que uma única pessoa consegue reunir tantas capacidades? Autor de banda desenhada, economista, sociólogo… O teu dia tem 24 horas como o das pessoas normais?

PHG – (risos), a verdade é que a única coisa que faço a 100% é a banda desenhada. Sempre desenhei ao mesmo tempo que desenvolvia outras actividades e acho que os meus estudos foram uma espécie de preparação para os meus trabalhos de banda desenhada. Quando exercia outras profissões sentia-me frustrado por não poder estar o tempo todo a desenhar. Apenas desenhava à noite ou aos fins de semana. Mas agora que posso dedicar-me completamente à banda desenhada, desenho a toda a hora, o mais rápido possível e o melhor possível e espero que o meu trabalho seja apreciado pelos leitores. Porque esse é o melhor prémio que posso receber.

JBD – Obrigada por este momento e temos a certeza de que o público português é fã do teu trabalho.

PHG – Muito obrigado, assim espero, e que sejam cá publicados os restantes livros de Slava.


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