sexta-feira, 28 de março de 2025

A nossa leitura sobre Assinado “Olrik” - tomo 30, de Yves Sente e André Juillard - Edição ASA


Este deve ser um dos álbuns mais tristes pós Edgar P. Jacobs (1904/1987), pois o desenhador André Juillard (1948/2024) faleceu a 31 de Julho de 2024, com 76 anos, antes da publicação, em Novembro, desta nova aventura da dupla mais britânica da banda desenhada. Este autor que conhecemos pessoalmente, era um senhor pela sua simpatia e pelas suas interessantes conversas e que vai para além desta emblemática série de Blake e Mortimer, contando com outros excelentes álbuns de banda desenhadas desenhados e criados por si.

Este Assinado “Olrik” é o 30.º álbum da série de banda desenhada “Blake e Mortimer”, criada por Edgar P. Jacobs. Este álbum tem para além do desenho de Juillard, o argumento de Yves Sente, dupla que já tinha trabalhado em conjunto no álbum 14 da série, intitulado A Conspiração Voronov.

Em relação à história, centra-se na inesperada e impensável colaboração entre os protagonistas, o Capitão Francis Blake e o Professor Philip Mortimer, e o seu arqui-inimigo, o Coronel Olrik. Juntos, enfrentam o The Free Cornwall Group, uma organização independentista que procura o lendário tesouro do Rei Artur e a mítica espada Excalibur. Paralelamente, o Professor Mortimer testa uma nova invenção, a escavadora portátil “A Toupeira”, na Cornualha, região onde se desenrola grande parte da ação e que passa a ser fundamental no desenrolar da história.

Assinado “Olrik” oferece-nos uma trama repleta de intriga e aventura, mantendo a linha e a essência que caracteriza a série “Blake e Mortimer”. A colaboração entre os heróis e o seu antigo inimigo adiciona uma dinâmica interessante à história, explorando temas como a lealdade e redenção.

Todos os fios da trama serão assim enredados no coração deste condado de conto de fadas localizado no extremo sudoeste da Grã-Bretanha. Mais precisamente no castelo de Tintagel, que há muito tempo permanece associado às lendas arturianas.

Nesta aventura encontramos o fascínio de Jacobs pelas lendas históricas e arqueológicas que ele já nos havia mostrado no álbum O Mistério da Grande Pirâmide ou A Armadilha Diabólica. O Castelo de Troussalet, de S.O.S. Meteoros, agora dá lugar ao mítico castelo de Tintagel, com as suas costas selvagens, entre história e lenda. Diz-se que foi aqui, no século XII, que o rei Artur foi concebido, já que Uther Pendragon teria seduzido a rainha Igraine, depois de assumir a aparência do seu marido, o duque da Cornualha, graças à magia de Merlin. Sem esquecer que a espada Excalibur estaria lá, preciosamente preservada no túmulo de Artur, em Avalon...

Este álbum tem ainda um particular significado por ser o último trabalho de André Juillard, que faleceu antes da sua publicação. Apesar da dedicação em conseguir concluir a obra, alguns críticos apontam para o facto das ilustrações apresentarem algumas falhas, provavelmente devido à sua frágil condição de saúde na época. Em nossa opinião, achamos que isso é um pormenor que não tira brilho ao desenho e por isso não temos a mesma opinião, pois por vezes a complexidade do desenho de Juillard permite que exista um ou outro pormenor que podia ser melhorado. Apesar da doença, o traço de "linha clara" de Juillard faz maravilhas, sempre tão elegante, imaginativo e preciso.

A edição portuguesa foi publicada pela ASA e tem disponíveis duas versões, uma em formato tradicional de 64 páginas e outra versão apresentada em formato horizontal (italiano) com cerca de 192 páginas.





quinta-feira, 27 de março de 2025

A opinião de Miguel Cruz sobre "Spirou et Fantasio T.57 - La Mémoire du Futur", de Guerrive e Abitan

 


Spirou et Fantasio T.57 - La Mémoire du Futur

Tenho de começar por apelar à memória do/da leitor/a: Este tomo (57) da coleção clássica de Spirou e Fantasio vem terminar uma história começada no tomo anterior cujo título era “A Morte de Spirou”, de que tive oportunidade de “falar”, e no final do qual o nosso querido Spirou desaparece.

Pois é, como seria de esperar, reaparece aqui.

Spirou e Fantasio tinham ido investigar um resort submarino, Korallion, gerido pela filha de John Helena, personagem que conhecemos bem de “O Refúgio da Moreia”. Só que, no final do primeiro tomo descobrem que, usando tecnologia desenvolvida por Zorglub, o ambiente belo, atraente e pacífico do resort é uma mera ilusão.

Os ocupantes do resort são, individualmente ou em grupo, encarcerados numas redomas em que são mergulhados num estado quase inconsciente, em que vão imaginando as férias dos seus sonhos.

Penso já ter dito que o nosso “paquete” desaparecido reaparece. Pois é, só que vai reaparecer em 1958, ano da exposição universal em Bruxelas (donde o atomium na capa), e com a ilusão de que está tudo bem, e de que as suas últimas aventuras nunca existiram. Só que Spirou vai-se apercebendo, desde logo por aparições estranhas de Fantasio, de que alguma coisa está errada, a confusão entre a realidade e a ilusão é grande.

Fantásio e Seccotine tudo fazem para trazer Spirou à realidade, com uma pequena ajuda do Conde de Champignac. Para tal, acabam por ter de provocar o colapso do sistema (de inteligência artificial??) que cria as falsas realidades. Quando tal ocorre torna-se necessário escapar à realidade do encarceramento uns bons metros abaixo do nível do mar.

Os nossos heróis vão-se, naturalmente, salvar – fica já dito. E no decurso desta aventura, vamos presenciar duas festas distintas: uma nas instalações da editora Dupuis, para celebrar o aniversário da revista (onde Spirou, desaparecido, acaba substituído) e outra em 1958, nos jardins do castelo de Champignac. Nestas festas cruzamo-nos com diversas personagens e autores: Gaston, Morris, o Presidente da Câmara, Franquin…

Confusos/as? Pois, é natural. Este argumento de Sophie Guerrive e de Benjamin Abitan não é fácil, não é linear, algo rebuscado, imaginativo, recorre a muita nostalgia. O desenho é, como habitualmente a Olivier Schwartz, excecional, agradável, dinâmico, colorido, divertido, embora o seu estilo seja bastante distinto do de Franquin. Schwartz é um dos meus autores preferidos, mesmo se este díptico não seja das aventuras mais memoráveis de Spirou editadas pela Dupuis.









Novidade DEVIR: a excelente "A Trilogia Nikopol", de Bilal está disponível a partir de hoje nas livrarias

 


A Trilogia de Nikopol, de Bilal é o primeiro título da nova colecção Obras Premiadas em Angoulême que a DEVIR edita a partir de hoje e que já está disponível nas livrarias. Esta colecção vai contar com oito excelentes títulos e que sairão em vários meses, sendo que o último será em Novembro.

Aclamada pela sua visão futurista, A Trilogia Nikopol, de Enki Bilal, continua a fascinar leitores e críticos. Num contexto marcado por rápidas transformações sociais, políticas e tecnológicas, a obra revela uma pertinência surpreendente, refletindo desafios contemporâneos como a instabilidade geopolítica, as crises ambientais e a evolução implacável da inteligência artificial. A narrativa convida-nos a questionar a natureza do poder, a responsabilidade humana e o impacto das decisões coletivas num mundo cada vez mais interligado e, paradoxalmente, fragmentado.

O segundo titulo a ser editado durante Abril será "Alack Sinner: Polícia ou Detetive", da dupla Muñoz e Sampayo.


A sinopse

Num futuro distópico, Paris vive sob uma ditadura. 

Alcide Nikopol, um astronauta de 1993 regressa acidentalmente à Terra, quando é acordado de um sono criogénico de 20 anos. 

Um ser que se auto-intitula Hórus, um deus egípcio, usa-o nos seus jogos de poder, enquanto uma pirâmide que abriga deuses egípcios imortais flutua sobre a cidade. 

Com as histórias: A feira dos imortais, A mulher armadilha e Frio Equador.   

O Autor

Enki Bilal, nascido a 7 de outubro de 1951, em Belgrado, é um artista, escritor e cineasta de renome mundial, naturalizado francês, cuja obra transcende as fronteiras
do tempo e do espaço. Com uma carreira que se estende por várias décadas, Bilal é reconhecido pela sua capacidade de mesclar influências históricas, mitológicas e futuristas,
criando narrativas que desafiam o convencional.







quarta-feira, 26 de março de 2025

Vencedores Passatempo: eis os quatro vencedores e as frases inspiradoras do nosso passatempo com a Presença Comics


Não foi fácil porque tivemos participantes muito inspirados, mas hoje apresentamos as frases vencedoras, os autores e os títulos que ganharam, sorteados aleatoriamente, do passatempo que realizámos em parceria com a Presença Comics. 

Parabéns aos vencedores e obrigado a todos os que participaram. E estejam atentos que em breve lançaremos um novo desafio.

João Marques (Instagram)

Na Primavera os livros florescem em cada página, semeando histórias que a Presença eterniza e a Juvebêdê celebra.

Livro - A Menina que veio do outro lado  - volume 7

Maria de Fátima Linhares (Instagram e Facebook )

Os livros trazem-nos a primavera todos os dias, com o início de novas leituras que nos dão novos mundos.

Livro - O Meu Casamento Feliz - volume 3 

Pedro Miguel Tavares (Facebook)

Primavera é quando os livros abrem páginas como pétalas e histórias brotam entre as linhas, regadas por um sol que transforma cada frase em raízes de sonhos.

Livro - O Meu Casamento Feliz - volume 1

Nuno Leitão (Facebook)

O Inverno acabou... É tempo do regresso dos Festivais de Banda Desenhada, de reencontrar os amigos da BD e de receber os novos livros trazidos pela Primavera!

Livro - Solo Leveling  - volume 11


Pedimos aos vencedores que nos contactem por mensagem privada, para podermos tratar do envio ou entrega dos livros.

Novidade ASA: No Inferno de Indianápolis - O primeiro título das Corridas Lendárias de Michel Vaillant



A ASA lançou recentemente uma colecção do universo Michel Vaillant. Trata-se de Corridas Lendárias, onde os leitores podem (re)descubrir as maiores corridas através de novos insights e histórias! O primeiro volume é este, No Inferno de Indianápolis, de Denis Lapière e Vincent Dutreuil. Já está disponível nas livrarias!

A sinopse:

Edição das 500 Milhas de Indianápolis de 1966: uma corrida lendária em muitos aspectos. Primeiro porque causou rapidamente um massacre entre os carros na largada, mas sobretudo porque ofereceu um suspense avassalador entre Graham Hill e Jim Clark, dois campeões que disputaram a corrida até a –contestada – vitória do primeiro. Porque as autoridades de Indianápolis se envolveram nos truques dados a Clark? E o que aconteceu nos bastidores deste evento lendário? Michel Vaillant estava lá. E irá revelar todos os seus segredos... 



terça-feira, 25 de março de 2025

Novidade ASA: Borboleta, novela gráfica de Madeleine Pereira chega hoje às livrarias!

 


Outra das recentes novidades da ASA e que chega hoje às livrarias, é esta novela gráfica intitulada "Borboleta", da autoria de  Madeleine Pereira, sobre o tema da emigração portuguesa para fugir à ditadura e à guerra colonial. Estamos entusiasmados com esta leitura e com o facto da autora vir a Portugal em breve.

Mas vamos à sinopse:

“Ei, Madeleine, é óbvio que você é portuguesa, você até tem Pereira no apelido."

Constantemente trazida de volta às suas origens, o conhecimento de Madeleine sobre Portugal limita-se a Cristiano Ronaldo, piadas xenófobas sobre o "Guesh" e a língua, mesmo assim, algo que o seu pai lhe transmitiu. Mas este último, chegou a França aos doze anos, recusou-se a vida toda a falar do seu país natal e da sua infância sob a ditadura...

Como resultado, Madeleine mal sabe que Salazar era um ditador e não apenas um bruxo malvado em Harry Potter. Porém Madeleine sente uma necessidade profunda de se reconectar com suas raízes, e se seu pai não quiser ajudar, então ela terá de procurar respostas em outro lugar. Começando pelos muitos amigos, imigrantes portugueses, que têm. Da região de Paris a Lisboa, Madeleine vai recolhendo as suas histórias de vida. Aos poucos, traça o fio da história de Portugal e, através dele, tenta conhecer mais sobre si mesma. 




Sinais de Afeto, o primeiro shōjo da Distrito Manga chega às livrarias no dia 31 de março

 


A Distrito Manga tem uma novidade: Um livro ternurento sobre a capacidade de se expressar e comunicar com os outros. Uma história apaixonante de um amor feito de gestos, uma história de slice-of-life, romance e vida escolar, adaptada a um anime, com grande sucesso. Perfeita para leitores amantes de histórias do dia a dia, romance e amizades.

A sinopse:

Poderá um encontro inesperado no comboio tornar-se algo mais?

Yuki é surda e comunica através de língua gestual e mensagens escritas. Quando, um dia, um turista lhe pede informações em inglês, ela atrapalha-se, sem saber o que fazer… até que alguém aparece para ajudar. O nome dele é Itsuomi e, por coincidência, frequentam a mesma faculdade. Viajante carismático, Itsuomi fala três línguas, mas nunca conheceu uma pessoa surda. Os dois sentem-se imediatamente atraídos um pelo outro.

Poderão estes sentimentos tornar-se algo mais sério?




segunda-feira, 24 de março de 2025

Novidade: A Detetive Russa, de Carol Adlam - um policial ao estilo soviético editado pela ASA

 


A ASA BD lançou, este mês, A Detetive Russa, de Carol Adlam, uma novela gráfica policial ao estilo das obras clássicas dos grandes escritores soviéticos do séc.XIX

Nesta impressionante reimaginação de um thriller policial russo do século XIX do mundo de Dostoiévski, Carol Adlam apresenta Charlie Fox, jornalista, mágico, mentiroso e ladrão, que relutantemente retorna à sua cidade natal, Nowheregrad, para investigar o assassinato de Elena Ruslanova, filha de um fabricante de vidro fabulosamente rico.

Em Nowheregrad, Charlie vê-se envolvida numa história de múltiplas camadas que é contada através dos dispositivos visuais ricamente variados da época. Com a ajuda involuntária de seu amante, Netochka, Charlie desvenda o mistério da família Bobrov, apenas para enfrentar a verdade sobre si mesma. Requintadamente desenhada e contada de forma convincente, a narrativa complexa e elegante de Adlam dá vida aos legados perdidos da ficção policial antiga e das primeiras mulheres jornalistas e detetives. 







A nossa leitura de A Passagem Impossível, de José Ruy - edição Ala dos Livros


Gostávamos muito do Mestre José Ruy, como pessoa e como artista. Era um verdadeiro senhor e muito amigo do Juvebêdê. Lemos várias das suas obras e era imperativo que lêssemos este "A Passagem Impossível", editado pela Ala dos Livros postumamente. Porém, apesar de já termos lido as suas queridas Lendas Japonesas, que foram publicadas depois da sua partida, iniciarmos a leitura desta obra que deixou inacabada e onde depositou as suas últimas energias, estava a custar-nos. 

Passado agora todo este tempo, finalmente lemos aquela que, para nós, ainda que não tenha os desenhos todos acabados, é a melhor obra de todas. Não é à toa que lhe chamávamos Mestre e a sua capacidade de trabalho, de evoluir e de se adaptar era ímpar. 

Começamos pelo título: "A Passagem Impossível" ou "o relato da extraordinária viagem do navegador português David Melgueiro, que no século XVII, a comando de uma embarcação holandesa e tal como testemunhou o Seigneur de la Madelène ao Conde de Pontchartrain, rumou a Norte e realizou a travessia pela Passagem do Nordeste". É um título grande que diz muita coisa, mas não diz tudo, pois este livro, para além de nos ensinar muito sobre este um pedaço da História de Portugal, vai muito mais além, pois é uma história de coragem e superação, uma aventura que nos ensina que não há impossíveis para aqueles que são determinados, persistentes e nunca desistem. 

A história remonta ao século XVII e tal como refere a sinopse, passa-se no auge do comércio de sedas e de especiarias, onde grandes embarcações, das mais variadas nacionalidades e bandeiras, franqueiam o Índico e o Atlântico. Estes oceanos, infestados de piratas, tornam cada vez mais insegura a travessia pelo Sul, pelo cabo da Boa Esperança. Março de 1660. Uma embarcação de nome Padre Eterno, comandada pelo capitão português David Melgueiro, zarpa de Tanegashima, no Japão, e ruma a Norte. Evitando a rota do Sul e efetuando a passagem do Oceano Pacífico pelo estreito de Anian, a Padre Eterno embrenha-se no Ártico, chegando ao seu destino cerca de dois anos depois.

Esta obra deixada pelo Mestre José Ruy é uma obra verdadeiramente inspiradora, perfeita tanto para jovens como para adultos, onde os leitores aprendem muito sobre usos e costumes dos povos mais a Norte, naquela época da História. 

Quanto aos desenhos, apenas 13 pranchas estão finalizadas. Todas as outras são esboços, mas são tão bons e a história tão interessante, que depressa nos esquecemos que a obra não foi concluída. Este é um livro de referência para todos os que gostam de banda desenhada. Obrigado, Mestre José Ruy!

domingo, 23 de março de 2025

A opinião de Miguel Cruz sobre "Fojo", de Osvaldo Medina - edição A Seita/Kingpin Books

 


Fojo

Apesar de já ter tido aqui a opinião no Juvebêdê, aqui fica mais uma. Fojo é uma BD de finais de 2024 editada pela Kingpin Books em parceria com A Seita, na coleção Comic Heart, com a autoria de Osvaldo Medida, a legendagem e o design de Mário Freitas. Fojo, referência na contracapa, é uma antiga armadilha de caça, utilizada para capturar lobos, corços, ursos e outros tipos de animais de grande porte.

Desde a primeira página que conhecemos o frio e o isolamento, e que nos vamos preparando para uma história crua e intensa. Não sabemos muito bem onde, nem sabemos muito bem quando, mas já lá vão certamente muitos anos, pouco depois da grande guerra de 14-18, nesta aldeia de montanha, isolada pelas dificuldades do acesso, e conjunturalmente ainda mais isolada pelo frio.

Vários farrapos de histórias são-nos apresentados: a velha “bruxa” que conhece bem o verdadeiro “ser” de cada habitante da aldeia, que se dá preferencialmente com um bode, seus olhos e ouvidos na aldeia; o caçador António e o seu cão Simão que vão constatar a proximidade dos lobos e encontrar um cadáver; o pequeno proprietário Rui, a sua mulher Lúcia e a sua relação com Luísa; os flashbacks do jovem que foi à procura do seu irmão nas trincheiras, etc…

Com estas pequenas histórias, tece-se o ambiente da aldeia, as invejas, as más relações, as lideranças informais, o papel do doutor da aldeia, o medo que se espalha com facilidade: há um assassino à solta na aldeia. O raio da velha que sabe mais do que diz, o doutor que tenta colocar uma certa sensatez nalgumas cabeças e que vai, involuntariamente, ser dos primeiros a descobrir a verdade.

Uma narrativa a preto e branco pontuada aqui e ali pelo vermelho sangue, pelo vermelho máscara, pelo vermelho vingança. Vários são os mortos, a organização defensiva da aldeia mostra-se ineficaz, a perseguição final acaba por revelar a todos a verdade, e a situação a que se chegou acaba por constituir uma catarse para alguns personagens e, certamente, para a vida futura da aldeia.

Osvaldo Medina apresenta-nos uma história de mais de 140 páginas em que os ambientes são bem caracterizados embora a verdade não esteja escondida muito tempo dos olhos do leitor. Uma leitura muito interessante de uma BD de autor português. Quanto ao desenho, é Osvaldo Medina, já sabemos ao que vamos! Positivo.





BDs da estante - 626: 300, de Frank Miller e Lynn Varley - BDMania

 


No ano de 2005, com o autor Frank Miller em alta, devido ao aproximar da estreia em cinema de Sin City, a BdMania lançou a edição em português de “300”. Vencedora de uma colecção impressionante de prémios internacionais, onde se destacam Harvey e Eisner Awards para Melhor Série, Melhor Autor Completo e Melhor Cor, “300” conta a história de trezentos soldados espartanos que, na famosa batalha das Termópilas, travaram o exército persa e defenderam a Grécia. O livro foi apresentado em formato landscape, com capa dura. Por ser um livro especial, a Norma e a BdMania, numerou os  primeiros 300 exemplares e comprovou-o com um certificado numerado. 

sábado, 22 de março de 2025

Novidade: Ar-Men - O Inferno dos Infernos, é a segunda novidade de 2025 da Ala dos Livros

 


No fim deste baixio gelado, um fuste de vinte e nove metros emerge das vagas. Ar-Men. O nome bretão do rochedo onde foi erigido.”

"Ar-Men: O Inferno dos infernos” é uma obra assinada por Emmanuel Lepage, que é agora editada em Portugal pela Ala dos Livros. Pela capa e pelos desenhos que se aqui se mostram, já vimos que deve valer bem a pena a leitura.

A sinopse:

Finistère. Bretanha Francesa. Ao largo da ilha de Sein, o farol Ar-Men impõe-se às ondas. É o farol mais exposto e de mais difícil acesso da Bretanha e até mesmo do Mundo. Construído em 1867, chamam-lhe "O Inferno dos infernos". De construção difícil, dadas as características das rochas e a sua exposição aos elementos, a sua luz ilumina os navios e protege-os dos recifes ameaçadores, poupando-os a um naufrágio certo.

Sentinelas de uma costa acidentada que os marinheiros temem, ao longo dos tempos poucos foram os homens dispostos a ocupá-lo. Nos anos 1960, Germain é um desses guardiões temerários e solitários. Alheado do mundo, refugiado nesta construção isolada onde enfrenta a fúria dos ventos e das marés, Germain abriga também aí as suas feridas e as suas mágoas, as quais se misturam e dissolvem na história do farol e nas lendas celtas da Bretanha.



Novidade: Hoka Hey!, de Neyef, chega às livrarias no dia 31 - edição ASA BD

 


Álbum já muito falado e distinguido internacionalmente, era com expectativa que o esperávamos em Portugal. Hoka Hey!, de Neyef, chega agora pelas mãos da ASA BD e estará nas livrarias a partir do dia 31 de Março.

Apresentamos abaixo a sinopse. Mas quem quiser, pode ler a opinião do Miguel Cruz sobre o livro, que já aqui tínhamos publicado. Cliquem aqui.

A sinopse:

Já em 1850, jovens nativos americanos foram internados à força em internatos católicos para assimilá-los na nação americana. Em 1900, a população nativa na América do Norte diminuiu 93%. A maioria morreu de novas doenças importadas pelos colonos, de extermínios subsidiados pelo Estado e durante as deportações.

Georges é um jovem Lakota criado pelo pastor que administra sua reserva. Aculturado, o jovem esquece gradualmente as suas raízes e sonha com um futuro inspirado no modelo americano em rápida expansão. Porém a sua vida cruza-se com Little Knife, um nativo americano frio e violento em busca do assassino de sua mãe. Acompanhado por mais dois amigos nativos, ele arranca Georges da sua vida e leva-o na sua jornada em busca da vingança.

Ao longo do seu percurso, o homem e o menino vão abrir-se um ao outro e encontrar o que lhes é essencial: o apaziguamento da raiva através da transmissão da sua cultura para cada um e a descoberta da sua identidade e das suas origens para o outro.

Apesar da sua forte inspiração medieval, existe sempre nos seus livros um tema e uma conjuntura. O tema é o do mal. Em todas as suas formas. Do ponto de vista criminal, do ponto de vista moral, do ponto de vista da justiça... A conjuntura pretende trazer uma abordagem dos nossos tempos ajustada a este novo mundo, tratando de temas como a igualdade de género, o impacto ambiental, o racismo. 






sexta-feira, 21 de março de 2025

Reedição: Lucky Luke está de regresso com O Tenrinho, de Morris e Goscinny - edição ASA

 


Lucky Luke está de volta com a reedição deste título bem disposto e engraçado ou não fosse O Tenrinho uma figura peculiar, no mínimo! Reeditado agora pela ASA, este livro tinha sido editado pela última vez no longínquo ano de 2006 também pela ASA, tendo tido outras edições e títulos. Em 1977 pela Livraria Bertrand, mas com outro título, "O Pézinho-Mole" e ainda em 1989 também com outro título "O Engomadinho" editado pela Meribérica / Liber,  tendo todos a mesma capa. Este livro é da autoria da dupla maravilha Morris (criador e desenhador da série) e Goscinny (argumento), que nos trouxe títulos criados de grande qualidade e boa disposição.

Esta história de O Tenrinho começa no funeral do velho Baddy, como podem ver pela prancha abaixo, onde todos estão comovidos excepto Ready que há muito esperava a morte do centenário para poder comprar o seu rancho. Infelizmente, o velhote tinha um herdeiro, o Waldo. Este é o "Tenrinho" que chega da sua Inglaterra natal, acompanhado do seu mordomo Jasper e é então que os dois mundos se confrontam: o velho, tão requintado, e o novo, bastante rústico. 

Promete pois boas recordações para quem já leu esta excelente aventura de Lucky Luke!



Morris

O criador de Lucky Luke começa a trabalhar aos 20 anos como colorista num estúdio belga de desenhos animados. Mais tarde colabora com Franquin, Will e Jijé, tendo sido designados como o “Bando dos Quatro”. Depois de se ter mudado para os EUA onde viveu 6 anos, Morris regressa à Europa em 1955, para trabalhar com Goscinny, que entretanto tinha conhecido.

Em 1987, assina a série "Rantanplan", que se viria a revelar outro grande sucesso. Sendo um dos raros autores que dedicou toda a sua obra a um só herói. Já em 1992, em Angoulême, recebe o Grande Prémio Especial. Morris morre em Julho de 2001.

A nossa leitura do terceiro volume da série O Meu Casamento Feliz, de Akumi Agitogi, Rito Kohsaka e Tsukiho Tsukiok - Presença Comics


Concluímos a leitura do terceiro volume da série de manga O Meu Casamento Feliz. Criada por Akumi Agitogi (autora), Rito Kohsaka (ilustrador) e Tsukiho Tsukioka (designer de personagens), e é editada em Portugal pela Presença Comics.

Já aqui referimos que estamos a gostar desta série que tem uma história envolvente, que junta vários ingredientes como romance, drama, fantasia, resiliência e superação e é ambientada num Japão do início do século XX com elementos sobrenaturais.

Neste terceiro volume, a nossa Cinderela, ou melhor, a protagonista Miyo, começa por fim a interiorizar que tem o direito a ser feliz e pela primeira vez na sua vida começa a sentir felicidade, ao sentir-se também amada por Kiyoka, o seu noivo. Porém, a sua meia-irmã, Kaya, que a odeia e que a prejudicou desde sempre, com a sua habitual maldade, movida por inveja e raiva, quer impedir a felicidade de Miyo e rapta-a, tendo reverter o noivado e tornar-se ela própria a noiva do príncipe encantado Kiyoka.

Miyo encontra-se assim novamente ameaçada e só o seu noivo a poderá salvar. Tudo isto com fantasia à mistura e com super poderes do bem e do mal que se vão enfrentar. Conseguirá o amor vencer? É o que esperamos saber no seguimento desta história.

Quanto a este terceiro volume, gostámos essencialmente da forma como assistimos ao desenvolvimento das personagens principais, Miyo a começar a soltar-se da sua atitude submissa e Kiyoka a demonstrar a sua sensibilidade cada vez mais e a fazer tudo para ver a sua noiva feliz. Ambos vão ganhando mais confiança e cumplicidade. Também ficamos a conhecer uma outra personagem, que é a irmã de Kiyoka.

A par da narrativa, cenários e imagens muito bonitas.