domingo, 30 de abril de 2023

A opinião de Miguel Cruz de: "Jim Bridger", de Pierre Place e "Dissident Club", de Maury e Siddiqui

 


Jim Bridger

As BD abordando o tema do “Oeste Selvagem” tiveram um ressurgimento notável nos últimos anos. Desde o sucesso da série “Wild West” à bem conseguida construção do universo de Duke, passando pelo extraordinário “Hoka Hey!”, muitos são os exemplos desta aparente tendência de mercado. E muitos são os autores que se deixaram seduzir pelas aventuras dos “grandes espaços selvagens” norte americanos. E o mínimo que se pode dizer é que o têm feito com qualidade.

Em janeiro deste ano, foi publicada a BD “Jim Bridger” no contexto da coleção “La Véritable Histoire du Far West” (A Verdadeira História do Faroeste), com argumento e desenho de Pierre Place. Na minha opinião é uma BD histórica muito bem conseguida, apesar de a sua inclusão numa coleção deste tipo se arriscar a retirar o destaque merecido pela obra.

Jim Bridger é um mountain main, um homem apaixonado pela montanha e que conhece caminhos, trilhos, e a dureza da vida nos espaços montanhosos do Missouri. Caçador – é notável o momento em que, a determinada altura, reconhece o seu contributo para o extermínio dos castores na região, acabando com o seu próprio sustento, baseado na pele desses animais – e especialista na relação com as tribos índias (em plena guerra entre o índio e o homem branco) o seu maior desafio é, porventura, sobreviver aos rigores do inverno.

Jim Bridger é uma figura real do pioneirismo do oeste americano, e um dos poucos celebrados pioneiros que conseguiu vir a morrer de provecta idade e na sua cama, acompanhado da sua família. As aventuras que viveu são inacreditáveis, aquilo a que assistiu e testemunhou é de pôr os cabelos em pé, a sua calma e experiência são dignas de nota, mas os seus erros também são reconhecidos.

A narrativa cumpre bem o seu objetivo de retratar uma vida preenchida e que daria para vários tomos, e fá-lo através do testemunho direto de Jim Bridger, preso no espaço de um forte devido à ameaça índia e depois devido a um nevão. O desenho realista é bom, e há um esforço notório e bem conseguido de incluir apenas o essencial, mas sem perturbar a sequência e fluxo da história. O trabalho de cores é importante para as variações de momentos narrativos e para a caracterização de mudanças de cenário.

Editada pela Glénat, esta é uma BD que não passou despercebida, e cuja leitura entretém e é informativa (inclui, aliás, um dossier sobre a personagem).

Dissident Club

Esta interessante BD tem argumento de Taha Siddiqui e procura ser uma obra autobiográfica, sendo o seu título esclarecedor: “Dissident Club – Chronique d’un Journaliste Pakistanais Exilé en France”. 

O autor, jornalista no Paquistão é, em 2018, objeto de uma tentativa de assassinato, que o leva a fugir para o exílio em França. Aí, com o apoio do francês Hubert Maury, escreve esta crónica que procura retratar a sua vida, mas também os eventos que conduziram à tentativa de rapto e assassinato de 2018.

A história é razoavelmente longa, esplanada ao longo de mais de 260 pranchas/páginas, mas muito bem-disposta, servida com um sentido de humor muito agradável, retratando a juventude do autor e, desde cedo, os seus choques com o fundamentalismo religioso, aliás, tendo em atenção a sua relação com o seu pai, que o conduz (nunca sozinho) a um combate pela liberdade de expressão e pela imprensa livre.

Esta obra é muito interessante de acompanhar, nada fastidiosa, e pretende constituir um retrato do Paquistão dos últimos 30 anos. Constitui um romance gráfico com uma narrativa cuidada, uma boa consistência entre o texto e as imagens e pontos de vista de cada “quadradinho”, num todo coerente, bem ancorado na realidade, e em que se vê que o autor, apesar de engajado, faz um esforço por ser o mais factual possível. Os momentos de tensão são bem retratados. O ambiente geral é bem trabalhado e caracterizado, dando uma pulsação de vida às páginas desta BD.

O desenho é realista, limpo ed imperfeito, com as imagens de viaturas ou de outros elementos da envolvente à ação apenas esboçadas. O co-autor Hubert Maury, ex-diplomata, é também o responsável pelo bem conseguido desenho.

Editado pela Glénat, esta é uma obra corajosa de um ativista que mantém o seu sentido de humor, e que nos permite ter uma visão de detalhe de uma realidade e de situações de um dia a dia que desconhecemos e que, muitas vezes, desconstrói coisas que nós tomamos por garantidas.

Termino como comecei: muito interessante e recomendável. Tal como seria interessante a sua tradução para português. Façamos figas.




BDs da estante - 527 - "Murena - A Deusa Negra" - vol. 5, de Dufaux e Delaby - Edição ASA

 


Neste quinto volume da série "Murena", a ambiciosa Popeia toma o lugar da bela Acté no coração de Nero. Este prepara-se para participar e ganhar a grande corrida de carros que se vai disputar em Roma, no Circus Maximus. A competição decorre em clima de grande expectativa e contra tudo o que era esperado, a vitória não vai pertencer ao Imperador, mas sim de um misterioso participante que se descobre ser… uma mulher!

Uma edição da ASA de 2011, da autoria de Jean Dufaux (argumento) e Philippe Delaby (desenho).

sábado, 29 de abril de 2023

Novidade Casterman: "Suites Algériennes - 1962-2019" (segunda parte), de Jacques Ferrandez - Casterman

 

Com este livro da colecção "Carnets d'Orient", editado pela Casterman, o autor Jacques Ferrandez encerra a segunda parte do terceiro ciclo de "Suites algériennes", que cobre a Argélia contemporânea, de 1962 a 2019.

Com a ascensão da Frente Islâmica do Salut (FIS) durante a década de 1990, a Argélia mergulhou numa guerra civil e tornou-se um território perigoso, especialmente para um jornalista francês. Paul-Yanis, no entanto, tentará reconstruir sua reputação profissional... e encontrar Nour, a jovem que conheceu durante as manifestações estudantis de 1988 e de quem ele nunca mais teve notícias...  Um final inevitavelmente trágico para o ciclo que Ferrandez dedica à Argélia das últimas décadas.









A nossa leitura de "Spirou - A esperança nunca morre..." (segunda parte), de Émile Bravo - Edição da ASA

 


Que extraordinária série esta "Le Spirou d' Émile Bravo". Depois de "Diário de um Ingénuo", este brilhante "A esperança nunca morre...". Acabámos agora a segunda parte e com muita vontade de ler a próxima, pois no mercado francófono já publicaram a quarta parte. Esperamos que a ASA continue a acompanhar esta série a bom ritmo e que os próximos dois volumes (últimos da série) cheguem rapidamente a Portugal.

Quanto a esta segunda parte, continuamos com um Spirou cada vez mais adulto, sempre responsável, amável e atento, mas cada vez mais consciente do que o rodeia, em ambiente de guerra. Sensato, mas ingénuo, incansável na ajuda aos outros (principalmente ao seu amigo Fantásio), procura ser fiel aos seus valores e sobreviver a todas as adversidades, o que nem sempre é fácil com o seu amigo Fantásio a atrapalhar. Sim, nem mesmo o perigo a que estão permanentemente sujeitos faz com que Fantásio seja menos inoportuno. Ou melhor, justiça lhe seja feita, nesta parte da história, ainda assim, consegue estar um pouco mais com os miolos no sítio e parece que a sua consciência começa a despertar.

Os fãs desta dupla, se ainda não leram nada desta série, desenganem-se, pois apesar dos momentos divertidos, que os há, esta história começa a ser um pouco pesadota, ou não estivessem eles a passar pela tormenta da Segunda Guerra Mundial. Trata-se de uma tragicomédia humanista em quatro volumes que certamente já figura como obra de referência de Banda Desenhada nestes últimos anos. Émile Bravo consegue proporcionar uma BD irrepreensível tanto no que toca à narrativa, como aos desenhos.






sexta-feira, 28 de abril de 2023

A nossa leitura de "Por Tutatis!", de Lewis Trondheim - Edição Ala dos Livros



Estávamos em pulgas e cheios de curiosidade para ler este "Por Tutatis!", editado pela Ala dos Livros, uma paródia e uma homenagem ao universo das aventuras de Astérix. Para começar, há que iniciar a leitura de espírito aberto e sem preconceitos, à semelhança do que fizemos com os álbuns de homenagem a Lucky Luke publicados pel' A Seita. Se vamos com espírito "purista" e à espera de um álbum na mesma linha dos originais, saímos desiludidos. E é por isso que logo na capa, o leitor tem o aviso "Atenção!!! Isto não é um álbum de Astérix". No entanto, se estamos à espera de ser surpreendidos com algo fora da caixa, então aí sim, tudo corre pelo melhor. E foi o que aconteceu e tivemos grande momentos de diversão com este livro. 

Lapinot é uma personagem (um coelho), criada por Lewis Trondheim, que tem já vários álbuns publicados da série "As novas aventuras de Lapinot", com mais de uma dezena de livros. Este álbum é integrado nessa mesma colecção, mas desta vez a sua aventura leva-o, sem saber como nem porquê, à aldeia dos famosos gauleses Astérix e Obélix, para onde foi teletransportado e onde o confundem precisamente com o Astérix. Tudo lhe parece surreal e estranho, nem mesmo Obélix percebe que ele é um coelho. Tenta socorrer-se dos conhecimentos que tem da sua leitura dos álbuns criados por Goscinny e Uderzo, mas nem tudo é o que parece, a poção mágica causa uma enorme secura e fraqueza quando perde o seu efeito e nas lutas com os romanos, os intervenientes magoam-se mesmo! Claro está que há sempre o vilão da história e alguns clichés (não faltam alguns elementos tradicionais como os piratas e o banquete).

Resumindo, é um livro inteligente e divertido, de leitura rápida e fácil, com muitas referências e brincadeiras com o universo dos gauleses e com as personagens tão nossas conhecidas. Os desenhos caricaturais, são leves e coloridos e no conjunto, entendemos que esta obra não ofende a série nem os seus criadores. É antes uma bela forma de homenagear Astérix e Obélix e os seus criadores.

Uma palavra para o seu autor, Lewis Trondheim. Nascido em Fontainebleau, França, em 1964, Lewis Trondheim é um dos mais prolíficos autores de banda desenhada da sua geração e um dos fundadores, em 1990, e em parceria com os autores Jean-Christophe Menu, Stanislas, Matt Konture, Killofer e David B da editora francesa independente L'Association. Entre outros prémios e reconhecimentos, destaca-se o Grande Prémio no Festival Internacional de Banda Desenhada de Angoulême, em 2006. A sua obra, bastante vasta, conta com dezenas de álbuns publicados, como "Mister i" e "Mister O", ou ainda "A Mosca". Para além desta série de Lapinot, Trondheim conta ainda com séries como "Donjon" ou "Le Roi Catastrophe".





Novidade: "Lore Olympus - Contos do Olimpo" - Volume 1, parte 2, de Rachel Smythe - Edição Iguana


Tal como falámos ontem, a partir do início da próxima semana, a segunda parte do primeiro volume de "Lore Olympus", editada pela Iguana, estará disponível nas livrarias. E lá vamos nós de novo viajar entre o Olimpo e o Submundo pelas mãos de Hades e Perséfone.

Depois da introdução à complexa árvore genealógica do mundo do Olimpo, a história peculiar de Hades e Perséfone continua. Após conhecer Hades, tudo muda na vida de Perséfone. Quando regressa ao Olimpo, depois de uma visita inesperada ao Submundo, parece incapaz de esquecer o misterioso deus dos mortos, com quem sentiu uma ligação imediata. E não suspeita de que também Hades ficou abalado pela sua presença. Enquanto tenta integrar-se no mundo dos deuses, com a ajuda da sua amiga Artemisa, e descobrir uma maneira de entrar em contacto com Hades, Perséfone apercebe-se de que nem todos são aquilo que parecem e que o perigo pode espreitar onde menos se espera. Num mundo cheio de segredos sombrios, ambições desmedidas, paixões e muito ego, Perséfone terá de descobrir o seu próprio lugar e o seu próprio poder.



quinta-feira, 27 de abril de 2023

A nossa leitura de "Lore Olympus - Contos do Olimpo" (parte 1 do volume 1), de Rachel Smythe - Edição Iguana


Foi com grande rapidez que lemos a primeira parte do volume 1 de "Lore Olympus - Contos do Olimpo", editada recentemente pela Iguana e cuja segunda parte tem lançamento marcado para 1 de Maio e sobre a qual falaremos amanhã.

Esta novela gráfica da autoria de Rachel Smythe, que tem vindo a alcançar um enorme sucesso, é um bestseller do New York Times e arrecadou vários prémios. Ora isso alimentou logo a nossa curiosidade e foi assim que abrimos a primeira página. A verdade é que a originalidade tanto a nível de desenho, como de argumento, prendeu-nos do princípio ao fim. 

A história recria algumas das mais conhecidas figuras e histórias da mitologia grega, mas num cenário moderno, onde não faltam os inevitáveis telemóveis. Confessamos que a única dificuldade em acompanhar o enredo deveu-se à complicada árvore genealógica, amizades e inimizades dos deuses do Olimpo. Como sabem, os nomes também não são fáceis: Poseidon, Zeus, Hera, Hades, Perséfone, Artemisa, Afrodite, Eros, só para citar alguns.
 
Bem, no fundo, este mundo de deuses é afinal muito humano, pois apesar dos super poderes de cada um, não se livram de atitudes, situações e sentimentos que podemos atribuir aos comuns mortais: escândalos, festas selvagens, ciúmes, segredos, amores impossíveis e muito ego. 

No centro da questão está uma história de um amor aparentemente impossível e improvável entre Perséfone, a jovem deusa da primavera e Hades, deus do Submundo e o que resta saber é se a forte ligação que nasceu entre os dois resistirá às suas grandes diferenças e às várias tentativas para os afastar de que são alvos. Seguiremos com atenção a continuação da história.

Uma palavra para os desenhos e páginas, que nos são apresentados com originalidade e com um estilo muito próprio que ajuda ao dinamismo e rapidez com que as cenas decorrem.



Exposição: “Um novo passaporte belga sobre o tema da BD", até sexta-feira, 28 de Abril, no Instituto Camões em Lisboa

Está patente até esta sexta-feira, dia 28 de Abril, no Instituto Camões em Lisboa, a exposição “Um novo passaporte belga sobre o tema da BD”, promovida pela Embaixada da Bélgica em Portugal. A exposição pode ser visitada na Sala de Exposições do referido instituto, das 9h30 às 13h30 e das 14h30 às 18h30.

Nós fomos ver a exposição e mostramos aqui algumas imagens, mas importa fazer o enquadramento do que é este novo passaporte, nas palavras do Embaixador da Bélgica em Portugal, Serge Wauthier: 

"(...) O novo passaporte belga reúne o viajante estático, o sonho de viajar e a banda desenhada, a nona forma de arte muito prezada para a Bélgica, que vigiou talentosamente o seu berço. As paisagens nas páginas centrais do novo passaporte levam-nos a todos os continentes, e nós também habitamos estas paisagens, porque as personagens foram esbatidas e gostaríamos de nos ver no seu lugar... até que parecem em pormenor, quando o passaporte é submetido a uma lâmpada UV. Porque este passaporte, que ganhou um prémio internacional em Tallinn, é também um dos passaportes mais seguros que existem... para que possamos finalmente abrir as portas à verdadeira viagem e atravessar as fronteiras que nos separam.. da infinita diversidade do mundo."

Para além de pretender combater a falsificação de documentos, este passaporte pretende promover a Banda Desenhada belga, e no referido documento podem encontrar-se personagens como Lucky Luke, Blake e Mortimer, Tintin, Spirou ou os Smurfs. 

Nesta nova versão do passaporte belga, estão incluídas 14 séries de BD, obras de 18 autores. Na exposição estão replicadas e aumentadas as páginas do passaporte.

Além disso, há ainda um painel com os 17 ODS (Objectivos de Desenvolvimento Sustentável) com a participação dos Smurfs e Os Direitos do Homem, por Spirou.












quarta-feira, 26 de abril de 2023

Novidade: hoje está disponível em banca o volume dois da nova série de Black Crow - edição ASA/Público

 


É sempre há 4.ª feira que estará disponível e durante seis semanas um novo álbum da nova série "Black Crow", uma parceria da ASA/Público.

Assim, hoje saiu em banca o volume dois da série com o título "O Tesouro Maldito", da autoria de Jean-Yves Delitte (U-Boot e Jutlândia).

Depois de termos lido o primeiro volume, já podemos afirmar que será uma boa série para acompanhar, sendo uma série clássica de pura aventura e que promete grandes surpresas.

Serão seis álbuns de capa dura com os títulos, datas de publicação (sempre à 4.ª feira) para recordar:

1 - A Colina de Sangue - 19 de Abril

2 - O Tesouro Maldito - 26 de Abril

3 - A Árvore dos Holandeses - 3 de Maio

4 - A Conspiração de Satã - 10 de Maio

5 - Vingança - 17 de Maio

6 - O Eldorado - 24 de Maio

A sinopse

Em 1573, na África negra, um conquistador isolado é apanhado por indígenas, que acabam por pregá-lo com duas lanças a uma árvore, cortando-lhe depois a cabeça e pendurando-a na mesma árvore junto a outras que já lá estavam. Em 1776, no porto holandês de Oudenaarde, o corsário ameríndio Black Crow, também conhecido como Samuel Prescott, aceita uma missão estranha. Para começar, é coagido a isso, vítima de chantagem: Van Steenvoorde, um erudito flamengo idoso, obriga-o a alugar o seu navio e uma parte da sua tripulação, para o levar a África, com um objectivo desconhecido, sob pena de o denunciar às autoridades. A bordo, enquanto o Revenge sulca as águas lamacentas do rio Zaire, a tensão cresce entre os mercenários a soldo do flamengo e a tripulação de Black Crow, cujos membros já não conseguem tolerar o segredo que envolve o objectivo da sua missão. Apoderam-se de alguns mapas e ficam a saber que estão em busca de um tesouro associado ao estranho astrolábio que o idoso usa pendurado ao pescoço. Mas o valor de um tesouro não é igual para todos, dependendo principalmente do preço que se está disposto a pagar para o possuir…





A nossa leitura de "Go West Young Man", de Oger e vários autores - edição Gradiva BD




Continua em alta a publicação de banda desenhada dedicada ao western, e este “Go West Young Man” – edição Gradiva BD, contam-nos mais umas excelentes histórias, já que reune nada mais nada menos do que catorze, desenhadas por mais de uma dezena de desenhadores, baseado nos argumentos de Tiburce Oger, em colaboração com Hervé Richez.

Este foi um sonho de infância que Oger concretizou, pois pretendia escrever uma história e reunir uma série desenhadores para a desenhar, só que não pensou que fossem tão conhecidos e de tanta qualidade. Quem não conhece Boucq, Marini, Meyer, Rossi e ainda outros como Bertail, Blanc-Dumont, Blasco-Martinez, Cuzor, Gastine, Hérenguel, Labiano, Meynet, Prugne, Rouge, Taduc e Toulhoat? 

Foram estes que desenharam e interligaram uma série de histórias que é uma homenagem ao género western e aos seus criadores por Oger, o que torna uma mais valia para este álbum, pois estão representados vários estilos dos diversos desenhadores.

As histórias acontecem entre 1763 e 1938, sendo que tudo começa e acaba em 1938, pois o relógio que será o centro de todos os acontecimentos é que vai marcar as várias duras histórias e onde podemos perceber a conquista do oeste americano realizada com as suas clivagens e feita com base em muitas mortes e chacinas. Nesta história tudo será marcado pelo tic, tac...

É pois para nós, já um dos destaques deste ano de 2023, onde até ao momento já foram editados outros do género e que em breve daremos também destaque.

A sinopse

O percurso selvagem e violento de um relógio durante a conquista do Oeste. Um western que cheira a pólvora e a vileza…

Em catorze histórias, Go West young man relata a conquista do Oeste americano, de 1763 a 1938. Dos conflitos dos Grandes Lagos ao deserto mexicano, os destinos sucedem-se. Caçadores e pioneiros, tribos indígenas, facínoras e prostitutas irão lutar e sobreviver nas grandes planícies, nas cidades que crescem a alta velocidade e nas guerras intermináveis. Se os grandes temas são centrais neste álbum, é o lado obscuro do Homem que se destaca, apresentando o sonho americano com um sabor amargo. Racismo, genocídio, condição da mulher, guerras e miséria. Go West young man não é apenas um tributo ao western, é um tributo lúcido. De uma enorme qualidade artística.

O autor

Tiburce Oger nasceu em 1967 em La Garenne-Colombes. Obteve o bacharelato em artes plásticas, seguindo-se a entrada na escola Beaux-Arts em Angoulême, onde permaneceu durante três anos. Prosseguiu a sua aprendizagem num estúdio de desenho animado desenhando Tartarugas Ninja e o dinossauro Denver. Tiburce publicou o primeiro volume de Gorn with Vents d'Ouest. Três anos mais tarde, durante a feira do livro de Bordeaux, conheceu Denis-Pierre Filippi que se ofereceu para ler as suas histórias. Os dois juntaram forças e criaram Orull, le faiseur de nuages. Hoje, colecciona armas antigas, tem uma paixão por cavalos e é particularmente apaixonado pelos autênticos westerns. Vive actualmente na região de Charentes, a poucos quilómetros de Angoulême.





terça-feira, 25 de abril de 2023

A nossa leitura de "Environnement Toxique", de Kate Beaton - Edição da Casterman

 


Somos fãs de Banda Desenhada, isso já se sabe. Mas cada vez mais gostamos de ler novelas gráficas biográficas. Foi o caso desta que acabámos de ler, da autoria de Kate Beaton, editada pela Casterman. Em "Environnement Toxique, a autora canadiana apresenta um trabalho de enorme sensibilidade que toca em assuntos fortes e delicados, como o assédio no local de trabalho, violações, machismo, desigualdade de género. E ainda as questões ambientais, depressão e saúde mental e também os desafios do início da vida profissional.

Relembramos a sinopse: Para pagar seu empréstimo estudantil, Kate não tem escolha: ela tem de abandonar a sua terra natal, a Nova Escócia, para trabalhar do outro lado do Canadá, no extremo oeste, onde o petróleo é extraído das areias betuminosas. Muitas vezes isolada, navegando de fábrica em fábrica, a jovem descobre um mundo marcado pelo assédio diário e machismo de muitos colegas homens. Sem deixar de lado a sua empatia ou seu humor, amparada por aliados de confiança, Kate questiona a violência de seu mundo profissional, seja nas relações humanas ou na exploração desenfreada dos recursos naturais. Será que ela pôs os pés num universo paralelo ou essa violência é apenas um reflexo de nossa sociedade?

Nesta história, que é a sua história pessoal, Kate expõe muito da sua intimidade e dos seus dramas, com o intuito de que o seu sofrimento sirva para alertar e despertar consciências. Aquilo que viveu e sofreu quando começou a a sua vida profissional é comum a muitas jovens mulheres que, sem alternativa profissional, se viram a trabalhar num local isolado, num universo machista e sexista, sujeitas a uma grande pressão psicológica e a serem vítimas de assédio.

Felizmente que Kate tinha (e tem) um talento natural para o desenho e começou a retratar as situações que vivia e a publicá-las num blog. O sucesso das mesmas ditou a reviravolta da sua vida profissional e hoje é uma autora premiada, inclusive com este livro, cujo título tem um duplo sentido: ambiente tóxico pela poluição e pelo nocivo ambiente de trabalho.






Novidade: volume 4 da série Ascender - "Semente Estelar" está disponível a partir de amanhã - edição G. Floy

 



A partir de amanhã, dia 26 de Abril, estará disponível nas livrarias generalistas e lojas especializadas, bem como em banca, o volume 4 da série Ascender, com o título "Semente Estelar", uma edição da G. Floy.

Esta épica saga de fantasia espacial da autoria de Jeff Lemeire e Dustin Nguyen, começou nas páginas de "Descender" e tem aqui a sua espectacular conclusão!

Aqui fica a sinopse, bem como a capa e algumas imagens do seu interior.

A sinopse

Enquanto a Mãe reúne as suas forças para dizimar a Resistência, os nossos heróis encontram um velho amigo que lhes revela os segredos mais obscuros do universo. Com o destino de tudo em jogo, quem permanecerá de pé quando as forças da magia e da tecnologia colidirem? 
Este volume reúne os números #15-18 da série Ascender.

Ascender é uma história de Jeff Lemire (Gideon Falls, Sweet Tooth) e Dustin Nguyen (Batman, Secret Hero Society), que nos levam numa inesquecível aventura de fantasia tão ambiciosa e emotiva quanto o seu clássico de ficção científica, Descender.

Os autores

Jeff Lemire é um autor best-seller do New York Times, que construiu uma carreira como escritor e artista de romances gráficos de sucesso como Essex County, The Underwater Welder, Sweet Tooth e Trillium, e como um dos mais populares argumentistas de comics das grandes editoras americanas, como Extraordinary X-Men, Green Arrow, Animal Man ou Hawkeye, para a Marvel e DC Comics.

Quanto a Dustin Nguyen é outro artista de comics best-seller dos EUA, conhecido por obras como Wildcats v3.o, The Authority Revolution, Batman, Superman/Batman, Detective Comics, Batgirl e Batman: Streets of Gotham. Também foi co-escritor (e desenhador) de Justice League Beyond, ilustrou o volume American Vampire: Lord of Nightmares, em colaboração com o escritor Scott Snyder, e foi co-criador da série juvenil da DC Batman: Lil’Gotham, que ele próprio escreveu com Derek Fridolfs.