sábado, 8 de abril de 2023

A opinião de Miguel Cruz sobre: "La Flèche Ardente", de Van Hamme, Cailleaux e Schréder

Já no passado dia 24 de março tínhamos aqui falado neste lançamento que foi "La Flèche Ardente" em  ( https://juvebede.blogspot.com/2023/03/novidade-la-fleche-ardente-e.html ), a continuação de " O Raio U", onde tudo começou para o mestre Edgar P. Jacobs (1904-1987). 

Assim e agora pelas mãos destes conhecidos trio de autores, Jean Van Hamme, Christian Cailleaux e Étienne Schréder, são eles que imaginaram a sequela deste mítico álbum! 

Por fim e como já dissemos, confirmámos com a ASA que está nos planos da editora a edição deste volume intitulado " A Flecha Ardente". Por agora aqui fica a opinião de Miguel Cruz.




La Flèche Ardente

Apresentado como um grande acontecimento editorial, acaba de ser publicado o segundo volume do “Raio U”, sendo que o “agora” tomo um constituía a primeira aventura completa publicada, da exclusiva autoria de Edgar Pierre Jacobs. Como sabemos, o “Raio U” é a obra de Banda Desenhada em que o grande autor “linha clara”, falecido em 1987, nos apresenta imagens e conceitos que desenvolverá com a sua série Blake e Mortimer.

O Raio U é publicado originalmente em 1943 na revista Belga Bravo, e só viria a ser publicado em álbum em 1974, na sequência do sucesso das aventuras de Blake e Mortimer. 

Pois bem, a editora e os detentores dos direitos do autor apostaram fortemente na reedição, através de uma edição especial a preto e branco recuperando muito do trabalho de Jacobs, e incluindo estudos e esquissos, do “Raio U”, e na edição de uma nova aventura que pretende completar a história começada pelo genial Jacobs (o que o autor não me parece ter previsto).

Para desenvolver essa tarefa, a Editora Blake et Mortimer selecionou grandes autores: Jean Van Hamme para o argumento – autor que tantas vezes já anunciou a sua reforma, mas que, como continua a ser um garante de sucesso de vendas continua a trabalhar com os seus 84 anos – e Christian Cailleaux e Étinne Schréder para o desenho – qualquer deles com experiência na linha clara, e qualquer deles com inúmeros títulos de qualidade já publicados.

Babylos III, o mau de serviço, imperador déspota Austradiano, ordena aos seus exércitos que conquistem os terrenos das Ilhas Negras para controlar os filões de Uradium, o metal essencial para alimentar o terrível Raio U. A tortura dos nativos e, principalmente do príncipe Nazca é um expediente autorizado para obter informações sobre o precioso metal. Por sua vez, o malvado “pré Olrick” Dagon, que sobreviveu às suas anteriores aventuras, retoma a sua atividade de espionagem com o fito de obter os segredos do Raio U, desenvolvido pelo professor Marduk que, por sua vez é assistido pela bela Sylvia. Todos parecem ignorar os avisos da cólera do deus Puncha Taloc sobre o uso da pedra “da vida e da morte”. Com maus resultados, como era fácil de prever.

Como seria de esperar, atirei-me às duas novas edições do universo Raio U, como gato a um bofe (obrigado mamã Dalton). No entanto… 

Constitui uma homenagem simpática e com uma boa utilização de códigos Jacobsianos. Mas não posso dizer que seja muito mais do que isso. A narrativa é básica, com muitos momentos “parados”, e apesar de atingir o claro objetivo de dar uma sequência às perguntas “o que é o Raio U”, “para que serve o raio U”, “o que Marduk fez com a pedra de Uradium que Nazca lhe ofereceu”, “o que aconteceu a Dagon”, a história não me entusiasmou particularmente. Talvez também porque este estilo de histórias já “lá vai”, e o exercício de construção de uma aventura “à anos 40” já não me dirá muito…

Quanto ao desenho, ele contém elementos muito bons, no puro estilo de Jacobs. No entanto há momentos em que fico com a sensação de que as proporções não estão corretas, eventualmente como resultado de alguma pressa para cumprir as datas.






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