Jim Bridger
As BD abordando o tema do “Oeste Selvagem” tiveram um ressurgimento notável nos últimos anos. Desde o sucesso da série “Wild West” à bem conseguida construção do universo de Duke, passando pelo extraordinário “Hoka Hey!”, muitos são os exemplos desta aparente tendência de mercado. E muitos são os autores que se deixaram seduzir pelas aventuras dos “grandes espaços selvagens” norte americanos. E o mínimo que se pode dizer é que o têm feito com qualidade.
Em janeiro deste ano, foi publicada a BD “Jim Bridger” no contexto da coleção “La Véritable Histoire du Far West” (A Verdadeira História do Faroeste), com argumento e desenho de Pierre Place. Na minha opinião é uma BD histórica muito bem conseguida, apesar de a sua inclusão numa coleção deste tipo se arriscar a retirar o destaque merecido pela obra.
Jim Bridger é um mountain main, um homem apaixonado pela montanha e que conhece caminhos, trilhos, e a dureza da vida nos espaços montanhosos do Missouri. Caçador – é notável o momento em que, a determinada altura, reconhece o seu contributo para o extermínio dos castores na região, acabando com o seu próprio sustento, baseado na pele desses animais – e especialista na relação com as tribos índias (em plena guerra entre o índio e o homem branco) o seu maior desafio é, porventura, sobreviver aos rigores do inverno.
Jim Bridger é uma figura real do pioneirismo do oeste americano, e um dos poucos celebrados pioneiros que conseguiu vir a morrer de provecta idade e na sua cama, acompanhado da sua família. As aventuras que viveu são inacreditáveis, aquilo a que assistiu e testemunhou é de pôr os cabelos em pé, a sua calma e experiência são dignas de nota, mas os seus erros também são reconhecidos.
A narrativa cumpre bem o seu objetivo de retratar uma vida preenchida e que daria para vários tomos, e fá-lo através do testemunho direto de Jim Bridger, preso no espaço de um forte devido à ameaça índia e depois devido a um nevão. O desenho realista é bom, e há um esforço notório e bem conseguido de incluir apenas o essencial, mas sem perturbar a sequência e fluxo da história. O trabalho de cores é importante para as variações de momentos narrativos e para a caracterização de mudanças de cenário.
Editada pela Glénat, esta é uma BD que não passou despercebida, e cuja leitura entretém e é informativa (inclui, aliás, um dossier sobre a personagem).
Dissident Club
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