Ambos os livros foram apresentados no XV Festival Internacional de Banda Desenhada de Beja, mas só recentemente é que começaram a ser distribuídos a nível nacional pelos circuitos comerciais. Falamos das obras "Entre cegos e invisíveis", de André Diniz e "Cadafalso", de Alcimar Frazão.
Brasil,
1971. Enquanto percorrem a longa estrada de regresso a casa após o enterro do
Coronel Gilberto Couto, o pai que nunca os reconheceu oficialmente, Jonas e
Leona tentam observar o fenómeno da super-lua, anunciado pela rádio. Com eles
seguem a mulher de Jonas e um misterioso estrangeiro, a quem deram boleia e do
qual não se entende uma palavra. No decorrer desta viagem, a verdade sobre cada
um vai sendo aos poucos revelada e vem-se a constatar que, afinal, as coisas
não são exactamente aquilo que aparentam ser…
Esta é mais uma obra de André Diniz, autor brasileiro que actualmente vive em Portugal e que já conta com mais de 30 títulos publicados.
Nascimento, universo religioso, juventude, mundo do
trabalho e morte são os temas presentes no corpo desta obra, e para abordá-los Alcimar
Frazão transporta-se
no tempo e no espaço, bebendo referências das artes visuais, da literatura e da
filosofia existencialista. Nessa viagem, ora se movimenta por uma Florença do
século 16, numa busca violenta pela imagem da perfeição; ora destila cinismo
sobre a guerra civil e a sua má sorte na Barcelona de 1937; ora perde o compasso
da percepção do tempo na urbanidade de São Paulo, no início dos anos 2000. Uma
Porto Alegre contemporânea é o cenário do último conto, o único em que o
personagem ao qual Frazão empresta a sua forma cede o protagonismo a outro: um
homem de meia idade com uma visão muito particular sobre sua própria grandeza
diante da fragilidade humana. Em Cadafalso, os personagens tentam a todo o custo
sobreviver.