quarta-feira, 14 de maio de 2025

A nossa leitura de "Histórias de Fantasmas do Japão", de Lafcadio Hearn e Benjamin Lacombe - edição Editorial Presença


O livro já não é novidade, mas estava aqui numa das nossas pilhas para ler e não conseguimos resistir mais. O livro, como objecto, é dos mais bonitos que já vimos, de uma beleza rara. Tem uma capa lindíssima, com uma das ilustrações do interior e com uma parte, que envolve também a lombada, em tecido e com brilhos. E o interior não lhe fica atrás. 

Trata-se de uma colectânea de contos, publicada originalmente em 1904 e que se baseia em património folclórico japonês. A autoria da obra "Histórias de Fantasmas do Japão" é de Lafcadio Hearn, um escritor greco-irlandês naturalizado japonês e nesta edição a obra é revisitada e magnificamente ilustrada por Benjamin Lacombe. Foi editado pela Presença em 2023, ano em que se celebraram 480 anos de amizade entre Portugal e o Japão.

As várias histórias que nos são aqui contadas por Hearn, traduzem mitos e lendas do Japão para o público ocidental e todas elas integram elementos sobrenaturais. Há fantasmas e espíritos vingativos, há reencarnação e o karma budista. Como já referimos, o livro é absolutamente deslumbrante do ponto de vista visual, com desenhos delicados de encantar, que ao mesmo tempo não deixam de ser impactantes.

A força da natureza, o sobrenatural, a espiritualidade, a tradição, o medo, a justiça e a moralidade estão presentes ao longo das páginas e, como a maioria dos contos, há lições de moral e castigos para quem quebra regras de feitiços.

Uma coisa é certa, este livro, de fantasmas, deixa os leitores assombrados.






terça-feira, 13 de maio de 2025

Duas novidades da Presença Comics em Maio: "Tower of God 1" (nova série) e vol. 9 de "A Menina que veio do outro lado"

 




A Presença Comics tem mais duas novidades, o primeiro volume de Tower of God, um fenómeno coreano que tem conquistado milhões de leitores em todo o mundo e o nono volume da série "A Menina que Veio do Outro Lado - Siúil, a Rún".

Eis as sinopses:

Tower of God - 1

Riqueza, poder, traição e vingança. Tudo o que desejar pode ser encontrado aqui, na Torre.

Um rapaz solitário chamado Bam vive num mundo sombrio e Rachel é a sua única amiga. Um dia, Rachel decide entrar numa torre misteriosa, Bam segue-a e tudo fará para voltar a reunir-se com ela, nem que para isso tenha de enfrentar a própria morte. Determinado a subir até ao topo da Torre, ele enfrenta os perigos que surgem a cada piso, enquanto faz aliados e inimigos nesta inesperada jornada. Em cada andar, surgem novas revelações sobre a sua amizade com Rachel, bem como segredos cada vez mais sombrios e profundos. Será que Bam e Rachel vão conseguir alcançar o topo?

A Menina que Veio do Outro Lado - 9

Depois de uma dolorosa separação, Shiva é incapaz de se conformar com a ausência do Doutor, mergulhando na desesperança. Por outro lado, o Doutor, agora perdido, luta pela própria existência. Os mistérios e segredos do interior começam a revelar-se e escolhas difíceis têm de ser feitas. O futuro, agora incerto, parece estar nas mãos erradas. Será que Shiva conseguirá encontrar um caminho para reverter o que foi perdido? Este é um conto de fadas sobre dois seres e sobre as manhãs, as noites, a luz e as sombras em que se encontraram.

Expozine da António Arroio - uma iniciativa que decorre de 15 a 28 de Maio


Entre os dias 15 e 28 de Maio decorre Escola António Arroio, em Lisboa, a "Expozine da António Arroio 24.25", dedicada à banda desenhada, aos fanzines e, obviamente, com destaque para a colecção de BD, da escola, que já conta com sete anos de existência e que irá culminar com o lançamento do volume 5. 

O programa será bastante alargado, com exposições, lançamentos de BD e várias parcerias, nomeadamente com o Plano Nacional de Leitura, a Associação Cultural "Clicando" e ainda vários autores portugueses com carreira internacional na BD. 

Eis as exposições:

Fanzines Portuguesas Anos 1972-1977

50 anos Fanzine Impulso

Exposição de alguns Fanzines realizados por alunos da escola nas últimas duas décadas

Exposição de alguns originais do “Impulso” n.º 10



A nossa leitura de "Hoka Hey!", de Neyef - edição ASA

 


Hoka Hey! era já um álbum muito falado e distinguido internacionalmente, e bastante elogiado pelo Miguel Cruz, cuja crítica também aqui publicámos. Por essas razões, era com expectativa que o esperávamos em Portugal. Hoka Hey!, de Neyef, chegou este ano pelas mãos da ASA BD e as nossas expectativas não saíram defraudadas. O livro é extraordinário, muito cinematográfico e com um conteúdo de grande profundidade, muito mais além do que apenas um livro "Western".

Para começar, o desenho. Espectacular! Pranchas muito bem conseguidas e impressionantes em todo o tipo de cenários, bosques, pradarias, montanhas, tudo nos passa pelos olhos como se de um filme se tratasse. Claro que é todo um conjunto pois a história agarra-nos do princípio ao fim e em todos os momentos. 

Comecemos pelo título "Hoka Hey" que é uma expressão dos índios Lakota que significa "avançar / seguir em frente" e pela classificação como Western que se torna um pouco redutora para o tanto que este livro nos transmite. É que esta não é uma típica história de índios e cowboys, é um pouco diferente do que estamos acostumados, muito mais cuidada e mais profunda. 

Passa-se no no século XIX, quando, jovens nativos americanos eram internados à força em internatos católicos para assimilá-los na nação americana. Um dos protagonistas é Georges, um jovem Lakota criado pelo pastor que administra sua reserva. Aculturado, o jovem esquece gradualmente as suas raízes e sonha com um futuro inspirado no modelo americano em rápida expansão. Porém a sua vida cruza-se com Little Knife, um nativo americano frio e violento em busca do assassino de sua mãe. Acompanhado por mais dois amigos, uma nativa e um irlandês, ele arranca Georges da sua vida e leva-o na sua jornada em busca da vingança. 

Essa jornada vai ser toda ela uma descoberta, pois ao longo do caminho, vão-se estabelecendo fortes laços e nas várias conversas que vão tendo, o mais velho vai, aos poucos, apaziguar parte da sua raiva ao transmitir ao mais novo o essencial sobre as suas origens e o mais novo toma enfim contacto com a sua própria identidade. 

Pelo meio das conversas e ensinamentos são aflorados temas universais que continuam actuais, como a igualdade de género, as questões ambientais, o racismo e críticas a uma sociedade retrógrada, limitada e hipócrita. Em paralelo, este quarteto algo improvável, constituído não só por Little Knife, e Georges, mas também por No Moon e Sully, o imigrante irlandês, é perseguido por um caçador de prémios e não faltam duelos e violência.

Sendo o argumento, o desenho e a cor da responsabilidade de uma só pessoa e estando a falar de um livro com 224 páginas, é de tirar o chapéu ao seu autor, Neyef.





segunda-feira, 12 de maio de 2025

Novidade Casterman: "Un père", a nova obra-prima introspectiva de JeanLouis Tripp é lançada esta semana


 

Sai esta quarta-feira em França mais uma obra emocionante de JeanLouis Tripp. Depois da elevada fasquia com "Le petit frère" (cuja versão portuguesa se espera em breve através da Ala dos Livros), mal esperamos para ler este "Un père"

Durante alguns anos JeanLouis foi filho único e no início da sua infância tinha o amor exclusivo do seu pai. Mas com o nascimento dos seus irmãos, essa fase de ouro terminou e coincidiu com um período de relação conflituosa e de muitas discussões entre os seus pais. Esse clima de tensão vai exacerbar o desejo de independência do filho mais velho e vai influenciar as suas escolhas de vida.

Nesta nova novela gráfica introspectiva, JeanLouis tenta compreender o fosso que se cavou na sua relação paterna, apesar do amor profundo que existia entre pai e filho. 







Retrospectiva da obra de Arlindo Fagundes na Biblioteca de Alcântara a partir de dia 15 de Maio


“Até por mim mesmo já me fiz passar”

A retrospetiva da obra de Arlindo Fagundes estará patente na Biblioteca de Alcântara - José Dias Coelho entre 15 de Maio e 14 de Junho. Arlindo Fagundes é um nome de referência da área da banda desenhada, do cartoon, da ilustração, desenho, pintura e cerâmica em Portugal.

A inauguração desta exposição que se intitula "Unidade e diversidade na obra plástica de Arlindo Fagundes", tem lugar com uma apresentação de António Durães, no próximo dia 15 de Maio, pelas 18 horas.

A nossa leitura sobre Hitler, de Shigeru Mizuki - edição Devir



Para quem gosta de ler sobre temas, personalidades e perspectivas sobre a II Guerra Mundial, não pode deixar de ler este Hitler, mesmo sendo este sobre talvez uma das piores figuras da História, Adolf Hitler, e tentar perceber (o que será impossível de perceber), o porquê de Hitler mandar matar milhões e milhões de pessoas?

Este manga Hitler, de Shigeru Mizuki, foi publicado originalmente no Japão em 1971, e oferece uma abordagem única sobre a vida de Adolf Hitler, combinando o rigor histórico com a perspectiva distinta do autor japonês, ele mesmo um veterano da II Guerra Mundial e utilizando o seu estilo característico de personagens caricatos sobre fundos realistas para narrar a ascensão e queda do ditador nazi.

Esta obra retrata Hitler desde a sua juventude, a aspirante a artista, até ao seu suicídio no seu bunker em Berlim, explorando eventos como os encontros em cervejarias, a sua ascensão ao poder, a sua relação com Eva Braun e o suicídio da sua sobrinha Geli, que o marcou bastante. Apesar do autor Mizuki humanizar Hitler, não o glorifica, mas destaca as suas contradições e banalidades e a forma como convive com o mal. Assim, convida os leitores a refletirem sobre as consequências das acções individuais e colectivas, que provocou na humanidade. Este livro inclui ainda uma entrevista fictícia entre o autor e o próprio Hitler já após a morte deste, servindo como um recurso para confrontar o ditador com os horrores que causou.  

A recepção do livro no Japão foi mista. Enquanto alguns elogiaram a ousadia de Mizuki em abordar um tema tão delicado, outros criticaram a superficialidade com que certos eventos, como o Holocausto, foram tratados. Esta obra só passados muitos anos foi traduzida para inglês e publicada pela Drawn & Quarterly em 2015, recebendo uma grande atenção internacional. 

Em Portugal, a edição é da editora Devir, de 2025, coincidindo com os 80 anos do fim da Segunda Guerra Mundial.

Uma coisa é certa, se a loucura de Hitler não tivesse tomado conta dele próprio, o mundo de hoje podia ser muito, mas muito diferente.


domingo, 11 de maio de 2025

Novidade: Não eras tu quem eu esperava - uma novidade da ASA que promete emocionar


Há livros que à partida sabemos que vamos gostar e este parece-nos um deles. "Não eras tu quem eu esperava", de Fabien Toulmé, que a ASA vai lançar dia 20 deste mês promete emocionar-nos.

A sinopse:

Esta é a história de um encontro. O encontro de um pai com a sua filha, que não é uma criança como as outras.

Para Fabien, a notícia da Trissomia de Júlia fez o seu mundo desmoronar. O que fazer perante a deficiência da sua filha? Como aprender a amá-la?

Entre raiva, dúvidas, momentos de tristeza e de felicidade inesperadas, o autor conta o difícil caminho de aceitação que o levará até à sua filha.

Uma história de amor, ao mesmo tempo tocante e divertida, terna e sincera, sobre o tema universal da diferença.

BDs da estante - 633: O Fenómeno, de António e Cid - Assírio & Alvim

 


Saiu antes das eleições legislativas de 2005 e por isso, com o aproximar de novas eleições, fomos buscá-lo à estante. O livro consta numa recolha de alguns dos mais importantes momentos políticos vividos por Pedro Santana Lopes enquanto chefe do governo (e não só), cuja meteórica passagem pelo governo constituiu um verdadeiro maná de situações caricaturais. Os autores entenderam, deste modo, manifestar o seu reconhecimento pela muita inspiração que Pedro Santa Lopes lhes deu. Com prefácio de Mário Soares, as caricaturas são acompanhadas por citações de diversas personalidades acerca de Santa Lopes.

sábado, 10 de maio de 2025

Grande exposição sobre Astérix na Suiça. Perdão, na Helvécia!

 


Andamos há dias para vos falar disto. Fica a sugestão para quem tiver a sorte de ir de férias para a Suiça, pois esta exposição parece imperdiível.
Depois dos Estrunfes (2023) e do universo do desenhador Zep (2024), o castelo de Saint-Maurice, que fica a pouco mais de 100 Km de Berna, acolhe uma exposição que celebra dois grandes acontecimentos: os 65 anos de Astérix e os 55 anos de Astérix entre os Helvécios. A exposição inaugurou a 5 de Abril e estará patente até 16 de Novembro.
São dois pisos dedicados a esta grande obra criada por Uderzo e Goscinny, com cenários, esboços, pranchas, espaços de leitura e até uma maquete da aldeia gaulesa, fazem o deleite dos visitantes.

A nossa leitura de Ar-Men - O Inferno dos infernos, de Emmanuel Lepage - edição Ala dos Livros

 


Ar-Men é um dos faróis mais conhecidos do mundo. Foi baptizado pelo nome bretão que significa "A rocha". Localizado ao largo da ilha de Sein, é o farol mais exposto e de mais difícil acesso da Bretanha e até mesmo do Mundo. Com perto de 30 metros de altura, Ar-Men começou a ser construído sobre um rochedo em 1867, e chamam-lhe "O Inferno dos Infernos".

Esta banda desenhada de Emmanuel Lepage, editada recentemente pela Ala dos Livros conta não só a história da construção do farol (que demorou vários anos), como também retrata a história e a dureza da vida dos faroleiros, através do protagonista Germain. É durante uma enorme tempestade, que Germain descobre pedaços manuscritos de histórias do passado do farol, que entretanto ficaram à vista numa parede. Ao mesmo tempo percebemos que o isolamento e a solidão de Germain são auto-infligidos, tendo em conta que vive um passado familiar traumático e doloroso e que já não lhe interessa conviver com pessoas.

Entre os fantasmas do passado de Germain, a dureza da vida de um faroleiro e o sacrifício e a luta dos homens contra a força da natureza para a construção de Ar-Men, o livro é todo ele uma experiência intensa quer do ponto de vista visual (pranchas de grande beleza), como do ponto de vista do argumento que é pesado, triste e melancólico. 

Ao longo do livro vamos alternando entre o passado e o presente, somos testemunhas da fúria do mar e do vento ao mesmo tempo que somos espectadores do drama interior do protagonista e pelo meio apontamentos ligados a lendas e crenças bretãs. Tudo isto ilustrado de forma magistral onde página a página quase parece que estamos ali, a ser fustigados com a violência das ondas e quase sentimos o cheiro a maresia e humidade.












sexta-feira, 9 de maio de 2025

Festival: A 15 dias do Maia BD são muitos os convidados já confirmados


 

Estamos a 15 dias do Festival Mais BD abrir as suas portas e já são muitas as presenças garantidas e muitas as actividades e apresentações.

Ficam aqui os nomes já divulgados e em breve esperamos dar mais notícias sobre esta edição do Festival.





Novidade: o terceiro volume da série "O Clube Sad Ghost", chega este mês!


Dia 20 de Maio chega o terceiro volume da série "O Clube Sad Ghost", editada pela ASA e da autoria de Lize Meddings.

Neste volume:

Quando um fantasma se encontra sozinho numa festa, e percebe que há outro outro fantasma triste do outro lado da sala, o que acontece depois muda tudo. Porque, nessa noite, eles abandonam a festa e criam o Clube Sad Ghost – uma comunidade feita para os mais ansiosos e solitários, que sentem que não têm para onde ir. Neste terceiro volume da série de novelas gráficas, segue o Clube Sad Ghost enquanto os três fantasmas navegam pelas alegrias e complexidades de abrir o seu clube – e os seus corações – a novos membros.

Snoopy: Cowabunga! é um novo livro de Snoopy editado pela Nuvem de Letras


Continuando as celebrações dos 75 anos dos Peanuts, o Grupo Penguin Random House volta a editar mais um livro do Snoopy, desta vez com a chancela da Nuvem de Letras.

Snoppy Cowabunga! é um livro de BD a cores, que promete divertir não só os mais novos, como todos aqueles que cresceram com os Peanuts.

Sinopse:

Para o Snoopy, a vida é uma verdadeira aventura. Porque é que nunca lhe dão mais comida? Como é que os gatos são tão horríveis? Como é que um escoteiro se pode perder? O cão mais esperto da BD vai fazer muitas ondas: vai dar o seu melhor em desportos destinados a humanos, aventurar-se no bosque para provar o seu valor enquanto Escoteiro Beagle, e divertir-se com o Woodstock, espalhando alegria pelo caminho.







quinta-feira, 8 de maio de 2025

A opinião de Miguel Cruz sobre EM SILÊNCIO, de Casier e STRANGE FRUTI, de A. Dan e Hazard

 


Em Silêncio

Uma BD em francês, com o título em português. Uma BD sobre portugueses que, em 1962, tentaram dar o “salto” para França – em silêncio. Uma BD de uma luso descendente Adeline Casier que conta a história do seu avô, um dos que conseguiu, com sucesso, escapar ao regime de Salazar e à guerra colonial, atravessando Espanha e os Pirenéus com vida.

Este tema que já fora aflorado, por exemplo, em “Les Portugais”, é aqui o centro da narrativa. Começamos com um tiroteio num bosque em Espanha, sem qualquer contexto e que nos marca logo a preocupação: quem? Será que a nossa personagem principal – que ainda não sabemos quem é – sobrevive? Depois continuamos com uma breve descrição de um lar unido, num contexto de miséria, injustiça e medo. Em França ganha-se melhor a vida que aqui, diz-se.

João decide, angustiado por deixar a sua mulher e as suas duas filhas, partir na aventura do “salto”. Cara aventura, e com metade para pagar com a chegada, perigosa, dura, incerta e partilhada com um conjunto de outros homens que se entreajudam em pequenos grupos, sem se conhecerem, com base nas capacidades e resistências de cada um.

A narrativa é interessante, dinâmica, consegue-nos envolver e emocionar bastante bem, mas sendo bastante terra a terra. Não há heroísmos, nem grandes aventuras. Há sobrevivência, tristeza e miséria, repetidas ao longo de dias e dias, e páginas e páginas. Uma emigração com riscos e perigos, em busca de uma vida melhor, e desafiando elementos naturais e crueldade humana. Não é alegre, é romanceado, mas o realismo é palpável, mesmo antes de se saber ser baseado numa história real.

Quanto a desenho, não será o meu estilo preferido, cada um os seus gostos, mas é eficiente na expressividade, na descrição contextual, na transmissão de ambientes, na perceção do risco, na visualização de miséria e sofrimento, no dinamismo da narrativa. Logo, a consistência texto/imagem está presente e conduz à conclusão essencial deste texto: recomendo fortemente a leitura desta BD integralmente a preto e branco.

São 160 páginas editadas num livro de capa mate elegante e significativa, em formato um pouco mais reduzido do que o habitual, pela Boîte a Bulles.


Strange Fruit

Que estranho nome, aparentemente. Strange Fruit é uma canção escrita por Abel Meeropol que faz referência ao enforcamento de negros no Sul dos Estados Unidos. Esses são os estranhos frutos das árvores do Sul. A canção foi escrita e cantada sem repercussões, até que Abel se encontra com a já então grande vedeta negra de jazz Billie Holiday, e acaba por a convencer a integrar essa canção no seu repertório.

A canção, para quem não a conhece, é bonita. Eu só conhecia a versão posterior de Nina Simone, e quando comprei a BD não tinha feito a relação. Já ouvi a versão de Billie Holiday, e recomendo, mas não conhecia absolutamente nada da história por detrás da canção, e a repercussão que a sua letra teve na vida destas duas personagens.

Segregacionismo, perseguições conduzidas por personagens absolutamente tenebrosas, as listas negras de afastamento de simpatizantes comunistas – recordo um filme interessante sobre o tema, Trumbo – tudo isso podemos ver e acompanhar nesta biografia de uma canção, uma quase biografia de Abel, que cruza com vários episódios da vida de Billie.

As dificuldades do primeiro em sobreviver no meio de Hollywood, letrista musical adaptado, professor dedicado, ativista de direitos humanos; os problemas da segunda com o sucesso e as relações pessoais abusivas, as suas dependências da droga e do álcool, a comparação da sua capacidade de adaptação com a de Louis Armstrong.

Strange fruits não é mais do que um catalisador de acontecimentos tristes e terríveis, numa época complicada nos Estados Unidos, sendo a BD com o mesmo nome mais do que uma biografia, um romance testemunha de acontecimentos que se iniciam no final do ano de 1939, e que se terminam com um reencontro entre as duas personagens em 1956. No final da BD, para além de algum enquadramento histórico e de algumas fotos, é evidenciado o papel que os dois filhos (adotivos, tema explicado na narrativa, desde o porquê a filhos de quem) de Abel tiveram na construção da história subjacente a esta BD e a anteriores emissões de rádio.

Editada pela Dupuis, publicada na coleção Aire Libre, esta BD com pouco mais de 100 páginas constitui uma leitura interessante e tem um desenho muito bem trabalhado na caracterização dos ambientes, com as cores a desempenharem um papel importante na captação da atenção dos leitores para os pormenores.


Astérix e Obélix já estão na Netflix


Rima tudo e rima muito bem. Netflix até podia ser o nome de uma personagem das aventuras de Astérix e Obélix. Isto tudo para avisar os mais distraídos que "Astérix & Obélix: O Combate dos Chefes" já chegou à Netflix e está disponível desde dia 30 de Abril.

Realizada por Alain Chabat, esta minissérie conta com cinco episódios e baseia-se no álbum "Astérix - O Combate dos Chefes". Estará disponível em 190 países, com versões em 38 idiomas diferentes.



Já está nas livrarias o VII volume da série "As Águias de Roma", de Enrico Marini - edição ASA


Uma das novidades mais recentes da ASA, que já se encontra nas livrarias é o sétimo volume da série "As Águias de Roma", de Enrico Marini.

Neste volume, após retomar o controlo das legiões rebeldes do norte, Germânico organiza uma campanha militar contra a população germânica. Em 14 D.C., o possível sucessor de imperador Tibério atravessa o reno, liderando oito legiões, para se vingar da derrota de varo e para recuperar as três águias perdidas. Apesar da sua gloriosa vitória sobre os romanos, Armínio tem, uma vez mais, dificuldade os diferentes clãs da Germânia, para resistir a esta nova invasão romana, mas sabe que o inimigo regressou em força e que está mais determinado do que nunca.

quarta-feira, 7 de maio de 2025

Novidades DEVIR: são quatro em Maio e damos o destaque para "Estes dias que desaparecem", de Timothé Le Boucher

Estas são as quatro novidades da DEVIR para este mês de Maio que já estão em pre-order no site da editora em https://editoradevir.pt/ e disponíveis nas livrarias a partir de 20 de Maio.

Aqui ficam as quatro capas das novas edições, sendo que o nosso destaque vai para "Estes dias que desaparecem", de Timothé Le Boucher, e que falaremos com mais destaque sobre ele em breve.

As outras três novidades são séries de continuação de manga: Astra 2 - Lost in Space, Demon Slaver 21 e Frieren 4.