A primeira vez que tivemos contacto com a divulgação deste livro, ficámos apaixonados pela capa e curiosos sobre a sua autora, tendo em conta que o nome é franco-português. Por isso, assim que o livro nos chegou às mãos iniciámos a leitura e ficámos felizes quando pouco tempo depois soubemos da vinda de Madeleine a Portugal e fomos assistir à apresentação do livro "Borboleta", da ASA, na Fnac do Colombo.
Em boa hora o fizemos pois foi um pedaço de tarde bem passado. A sessão foi conduzida pelo editor Luís Saraiva e a conversa foi muito interessante e divertida.
Madeleine é jovem e descontraída e contou-nos de forma franca e simples, no seu charmoso português afrancesado todas as fases da criação desta sua primeira novela gráfica, que nos leva ao tema da emigração portuguesa para fugir à ditadura e à guerra colonial. A história, na verdade é composta por várias histórias, contadas pela sua tia e por amigos da família, mas ela, Madeleine é o fio condutor entre elas. A sua presença neste livro inicialmente não estava prevista, mas às tantas, as várias histórias pareciam-lhe não ter uma ligação entre elas e mesmo com o risco de que a achassem presunçosa por ser protagonista (nunca o pensaríamos, mas são dúvidas que assaltam os autores), decidiu ela própria ser o elo de ligação entre os vários relatos. E fez muito bem, pois também ela é uma parte muito importante, sendo descendente de um emigrante e sofrer também ela do mal de em França ser chamada de portuguesa e em Portugal ser chamada de francesa.
Gostámos do argumento que nos leva à busca de Madeleine, para conhecer um pouco mais das suas raízes, pois considerava que o conhecimento que tinha de Portugal era muito básico. Limitava-se a Cristiano Ronaldo, piadas xenófobas e a língua, mesmo assim, algo que o seu pai lhe transmitiu. Porém, faltava-lhe conhecer os motivos que levaram o seu pai a sair do seu país e fugir da ditadura.
Entre muitas curiosidades, após a leitura do livro, ficámos com uma pergunta na ponta da língua, uma curiosidade que ficou satisfeita nessa sessão da Fnac e tem a ver com o porquê do título. Madeleine explicou que o livro se chama Borboleta devido ao episódio ocorrido no Stade de France, quando Portugal defrontou a França na final do Campeonato Europeu de Futebol e uma Borboleta pousou no Cristiano Ronaldo caído no relvado (jogo que Madeleine assistiu ao vivo no Estádio). Embora nada disto apareça no livro, o nome ficou.
Quanto aos desenhos, num estilo a dar para o naif, transportam-nos ora para cenários de décadas mais atrás, ora para Portugal e Lisboa de agora.
A sua história, dentro dela outras histórias e ao mesmo tempo um pouco da História de Portugal. Leitura recomendada!
Entretanto, quem não conseguiu estar com a autora em Abril, saiba que ela volta e estará presente no Maia BD no final de Maio.