A nossa leitura de Os Filhos de Baba Yaga não é de agora. Já é de Maio. Mas quisemos distanciar-nos um pouco da opinião do Miguel Cruz, que publicámos nessa altura.
E o que podemos dizer nós já depois de tudo o que foi dito e escrito sobre esta grande obra de Luís Louro? Provavelmente não vamos acrescentar nada de novo, mas não poderíamos deixar de escrever aqui o nosso testemunho sobre esta obra que julgamos já ser um marco na história da banda desenhada nacional.
Desde o início que o Luís foi falando connosco sobre esta sua criação. E foi partilhando algumas imagens para nos aguçar e espicaçar a curiosidade. Quase uma tortura, vá. Sabíamos também que se tinha lançado para fora de pé, fora da sua zona de conforto e experimentado desenhar cenários que nunca tinha feito (sendo a neve, um desses exemplos). Alguns meses mais tarde, ficámos a conhecer o título e que uma vez mais o fascínio do Luís Louro pela Segunda Guerra Mundial e o material bélico (aviões, tanques), nos iria remeter para uma Guerra. Também tivemos o privilégio de ver uma das suas capas previamente e sabíamos que seria a sua obra maior, também em termos de número de páginas: 132.
Sabíamos muita coisa, mas nada nos preparava para o impacto que a capa (aliás, as capas), os desenhos e a leitura nos provocaram. Não nos vamos alongar sobre a história, para não corrermos o risco de incorrer em spoiler, para quem ainda não teve a oportunidade de ler, mas sim sobre os protagonistas, que são um grupo de uma dezena de crianças, órfãs de guerra, em plena Segunda Guerra Mundial. Devastadas pelas perdas e abandono, pela fome e frio extremos, estas crianças vão lutar pela sobrevivência, o que vai levá-las a actos cada vez mais cruéis de desumanos, onde a violência e a morte passam a ser banais.
Estamos pois, perante uma história extremamente violenta, onde o leitor não é poupado a nada. Uma história bem construída, madura, intensa e onde, apesar de ser diferente de tudo o que Luís Louro já fez, tem muito de Luís Louro e do seu LouroVerso. Tem piadas e pequenas subtilezas muito características da sua obra, tem inocência apesar da violência, e não faltam as suas famosas folhas de Outono. E os desenhos? Ó senhores, os desenhos subiram para outro patamar. São absolutamente sublimes. A fasquia subiu tão alto que de facto haverá um antes e um depois de Os Filhos de Baba Yaga. Este livro é decididamente um marco tanto na obra do Luís, que este ano celebra 40 anos de carreira, como na história da nona arte portuguesa.
Sem dúvida um marco na BD e não só, uma obra que leva a 9a arte a novos públicos, seguramente.
ResponderEliminarBela análise.