Ar-Men é um dos faróis mais conhecidos do mundo. Foi baptizado pelo nome bretão que significa "A rocha". Localizado ao largo da ilha de Sein, é o farol mais exposto e de mais difícil acesso da Bretanha e até mesmo do Mundo. Com perto de 30 metros de altura, Ar-Men começou a ser construído sobre um rochedo em 1867, e chamam-lhe "O Inferno dos Infernos".
Esta banda desenhada de Emmanuel Lepage, editada recentemente pela Ala dos Livros conta não só a história da construção do farol (que demorou vários anos), como também retrata a história e a dureza da vida dos faroleiros, através do protagonista Germain. É durante uma enorme tempestade, que Germain descobre pedaços manuscritos de histórias do passado do farol, que entretanto ficaram à vista numa parede. Ao mesmo tempo percebemos que o isolamento e a solidão de Germain são auto-infligidos, tendo em conta que vive um passado familiar traumático e doloroso e que já não lhe interessa conviver com pessoas.
Entre os fantasmas do passado de Germain, a dureza da vida de um faroleiro e o sacrifício e a luta dos homens contra a força da natureza para a construção de Ar-Men, o livro é todo ele uma experiência intensa quer do ponto de vista visual (pranchas de grande beleza), como do ponto de vista do argumento que é pesado, triste e melancólico.
Ao longo do livro vamos alternando entre o passado e o presente, somos testemunhas da fúria do mar e do vento ao mesmo tempo que somos espectadores do drama interior do protagonista e pelo meio apontamentos ligados a lendas e crenças bretãs. Tudo isto ilustrado de forma magistral onde página a página quase parece que estamos ali, a ser fustigados com a violência das ondas e quase sentimos o cheiro a maresia e humidade.
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