segunda-feira, 12 de maio de 2025

A nossa leitura sobre Hitler, de Shigeru Mizuki - edição Devir



Para quem gosta de ler sobre temas, personalidades e perspectivas sobre a II Guerra Mundial, não pode deixar de ler este Hitler, mesmo sendo este sobre talvez uma das piores figuras da História, Adolf Hitler, e tentar perceber (o que será impossível de perceber), o porquê de Hitler mandar matar milhões e milhões de pessoas?

Este manga Hitler, de Shigeru Mizuki, foi publicado originalmente no Japão em 1971, e oferece uma abordagem única sobre a vida de Adolf Hitler, combinando o rigor histórico com a perspectiva distinta do autor japonês, ele mesmo um veterano da II Guerra Mundial e utilizando o seu estilo característico de personagens caricatos sobre fundos realistas para narrar a ascensão e queda do ditador nazi.

Esta obra retrata Hitler desde a sua juventude, a aspirante a artista, até ao seu suicídio no seu bunker em Berlim, explorando eventos como os encontros em cervejarias, a sua ascensão ao poder, a sua relação com Eva Braun e o suicídio da sua sobrinha Geli, que o marcou bastante. Apesar do autor Mizuki humanizar Hitler, não o glorifica, mas destaca as suas contradições e banalidades e a forma como convive com o mal. Assim, convida os leitores a refletirem sobre as consequências das acções individuais e colectivas, que provocou na humanidade. Este livro inclui ainda uma entrevista fictícia entre o autor e o próprio Hitler já após a morte deste, servindo como um recurso para confrontar o ditador com os horrores que causou.  

A recepção do livro no Japão foi mista. Enquanto alguns elogiaram a ousadia de Mizuki em abordar um tema tão delicado, outros criticaram a superficialidade com que certos eventos, como o Holocausto, foram tratados. Esta obra só passados muitos anos foi traduzida para inglês e publicada pela Drawn & Quarterly em 2015, recebendo uma grande atenção internacional. 

Em Portugal, a edição é da editora Devir, de 2025, coincidindo com os 80 anos do fim da Segunda Guerra Mundial.

Uma coisa é certa, se a loucura de Hitler não tivesse tomado conta dele próprio, o mundo de hoje podia ser muito, mas muito diferente.


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