quinta-feira, 24 de fevereiro de 2022

A opinião de Miguel Cruz sobre: “Natures Mortes”, de Zidrou e Oriol


Esta vai passar a ser uma nova rubrica de opinião escrita pelo Miguel Cruz (tem sempre uma crónica nas edições em papel do Juvebêdê) e que em virtude de adquirir muita BD original, está sempre actualizado nas novidades que existem ou existirão noutros países e por isso poderá dar a sua opinião sobre o que leu.

Para começar aqui fica a opinião do álbum  "Natures Mortes” - (Naturezas Mortas) - Dargaud

“Natures Mortes” é mais um livro para o qual se prevê a edição em Portugal pela parceria da Arte de Autor/A Seita. Devo referir que é uma edição para final de 2022 ou início de 2023, mas que me surpreendeu bastante. Não me entendam mal, é uma ótima notícia, é uma muito boa BD e estas edições são sempre bem vindas. Talvez estranhe por ser já uma edição em língua original de 2017, que já li há bastante tempo e de não ter sido dos livros de maior destaque na altura. Enfim, o tema merece celebração sem qualquer hesitação.

Com texto de Zidrou - durante uma época foi um daqueles autores bombeiros, que acorria a todas as urgências - autor que recuperou, entre outros, Ric Hochet (pobre nanar, gastou a última das suas 9 vidas), Léonard ou Clifton, e que em Portugal tem feito sucesso com “Verões Felizes” e ainda  “A Fera” (com desenho  de Frank Pé); e desenho do espanhol Oriol, “Natures Mortes” é uma obra bem conseguida da relação de um artista com a sua musa, na Barcelona do fim do século XIX.

Todo o álbum é o tratamento da arte, todo o álbum é cor, inspiração artística. Cada vinheta procura ser uma obra de arte, uma pintura, uma expressão de sentimentos em detrimento do movimento ou da ação. É uma obra ficcional, construída como uma biografia, que sendo aparentemente uma história de amor é, efetivamente, uma narrativa do domínio fantástico, cativante, bela, com um ambiente adequado à época e ao local.

A linha condutora da história é relativamente simples, tendo o desenhador aproveitado de uma grande liberdade para nos entregar pranchas extremamente apelativas, numa história que envolve dois pintores, uma musa, um inspetor de polícia e ainda um corpo desaparecido. Apesar das dívidas Balaguer não aceita a oferta por um quadro que pintou da sua amada e musa Mar. Mas Mar desapareceu há alguns meses, e o comportamento do pintor é, no mínimo, suspeito. Mas nem tudo o que parece é…

Curiosidades:

Na capa do álbum, a modelo lê "Crime e Castigo", de Dostoévsky.

Zidrou é um bom contador de histórias - aliás, uma das suas mais recentes séries está a fazer sucesso em França - “Shi” - e Oriol é o desenhador adequado para esta história (ou será ao contrário?).

Espero que continuemos a ter tão boas notícias editorias no nosso universo BD português quanto esta.






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