La Fortune des Winczlav – Tom & Lisa 1910
No ano passado, a editora Dupuis deu início à publicação de uma nova série, neste caso uma espécie de prequela de uma das suas galinhas dos ovos de ouro: Largo Winch. Como sabemos, nos primeiros tomos daquela série de grande sucesso (publicados no início da década de 90 do século passado), Largo é o herdeiro de uma enorme fortuna, e de um poderoso grupo de empresas. Com esta nova série - La Fortune des Winczlav - o objetivo é conhecer de onde vem essa fortuna.
A intenção de aproveitamento da marca Largo Winch por parte da Dupuis é óbvia. A grande questão é se tal é feito com qualidade. E para esta série foram escolhidos Jean Van Hamme, um dos históricos da BD franco-belga (Thorgal, XIII, Wayne Shelton, Rani, Lers Maitres de L’Orge, etc) e argumentista da série original, e Berthet, dono de um excelente desenho com características únicas, que em português conhecemos com O Detetive de Hollywood, Cães da Pradaria, Cor de Café e também XIII Mystery. A aposta não foi pequena.
Para uma série prevista em três tomos, diria que a aposta está a ser ganha, com a publicação dos dois primeiros tomos, o segundo dos quais muito recentemente.
Os tomos são trabalhados enquanto saga familiar, com o primeiro a ter início em 1848 e a acompanhar a fuga do jovem Vanko Vinczlav do seu Montenegro natal. O segundo, e como o título indica, acompanha a família a partir de 1910, e já (essencialmente) em solo americano, mais concretamente em Oklahoma. Thomas Winczlav, neto de Vanko, centra-se na gestão (com muita ajuda) do negócio de Whiskey – e negócios associados – e a sua irmã Lisa acompanha a guerra na Europa. O primeiro acaba por descobrir uma vocação na área das finanças e do negócio bancário, e a segunda intervém ativamente na guerra, num papel reservado aos homens e conhece o célebre Barão Vermelho (como se pode ver na capa).
Quanto ao desenho, Berthet é um mestre, o desenho é muito bom, muito legível, as cenas são bem caracterizadas, as expressões são claras, as cenas de ação excelentes, as perspetivas são sempre muito “cinematográficas”. O único senão será talvez que uma ou outra personagem, sem que isso prejudique a leitura, são muito semelhantes.
Van Hamme apresenta-nos uma saga familiar, bem escrita, com uma estrutura tradicional, mas inúmeros elementos de surpresa. Nada é previsível, o que é sempre bom, e mesmo o “rebuscado” é transformado em credível.
Portanto, esta série e, particularmente este segundo tomo Tom & Lisa 1910, são muito interessantes e recomendáveis e – isto é sempre importante – deixam-nos com apetite para ler o terceiro e último tomo, que permitirá fazer a ligação à série principal Largo Winch.
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