quinta-feira, 6 de julho de 2023

A opinião de Miguel Cruz sobre: "Michel Vaillant 12: La Cible", de Lapière, Bourgne e Benéteau e "Soda T. 13 - Le Pasteur Sanglant", de Gazzotti e Bocquet

 


Michel Vaillant 12 - La Cible

Este mais recente tomo das novas aventuras de Michel Vaillant, que estará em vias de ser editado em português, é já o décimo segundo, publicados em pouco mais de 10 anos, e a um ritmo não apenas acelerado, como previsível. “La Cible” pretende conter a resolução do suspense criado na anterior aventura, em que Michel Vaillant e vários dos seus próximos são presos nos Estados Unidos, e em que o (insatisfeito com a política) senador Steve Warson tem uma intervenção decisiva na defesa dos seus amigos franceses.

Nesta aventura voltamos a ser “conduzidos” pelo trio Lapière no argumento e Marc Bourgne com Benjamin Benéteau no desenho. Este trio que já esteve em Portugal, no festival de Beja (e os dois desenhadores posteriormente na Amadora), dá conta do recado de uma forma muito satisfatória.

Quanto ao desenho, quer de personagens, quer de viaturas, só nos podemos dar por muito satisfeitos. Muito bom!  Aprecio particularmente a escolha da capa. Quanto ao argumento, neste caso baseado no facto de os inimigos de Warson terem contratado um assassino para o eliminar, ele é fluído, bem conduzido, de fácil e agradável leitura, com desporto automóvel, emoção e acontecimentos entusiasmantes qb. 

A série, na sua mais recente versão, já se encontra consolidada e o seu objetivo é, efetivamente, que consigamos estabelecer uma relação de proximidade com a família Vaillant, que evolui, envelhece, e enfrenta problemas diversos.

Neste tomo voltamos a concentrar no mesmo “espaço”, e com a clara referência ao centenário das famosas e sempre entusiasmantes 24 horas de Le Mans, várias das personagens de destaque da série original, incluindo um “vilão” do passado.

Uma boa leitura, portanto, recomendável essencialmente para os detentores de um conhecimento mínimo do universo Michel Vaillant, embora os autores façam um notório esforço para que cada aventura seja passível de leitura como um one shot. Editado sob a marca Granton da editora Dupuis.


Soda T. 13 – Le Pasteur Sanglant

Nos idos de 1987, dois autores que se iam então tornando conhecidos – Luc Warnant e Tome -lançaram uma série que, na altura, me cativou pela sua ideia inovadora. Essa série chamava-se Soda, e apresentava-nos as aventuras de um polícia nova iorquino que vivia com a sua mãe, a quem dava assistência, e que padecia de doença cardíaca. Adicionalmente, tendo a senhora sofrido um desgosto com a morte do seu marido polícia, não parece estar em condições de ter mais um agente da autoridade na família, pelo que Soda decide esconder da mãe a sua verdadeira atividade e faz-se passar por um padre. Sim, para a sua mãe ele é um padre que leva uma vida pacata, sendo a mudança de roupa no elevador uma “operação” bem treinada!

Luc Warnant, o primeiro desenhador da série, abandona a banda desenhada a meio do tomo 3 de Soda, sendo substituído por Bruno Gazzoti que completa com brio esse episódio e assume-se como o desenhador da série. Até 2005 foram publicados 12 tomos desta série, sendo que em 2014 foi editado um tomo muito atípico, com desenho de Dan Verlinden. Tome, de verdadeiro nome Philippe Vandevelde, nosso bem conhecido autor (de Spirou, Pequeno Spirou, Balada Assassina, etc), veio a falecer em 2019. 

Em 2023, com Gazzoti de volta ao desenho, é anunciado com “estrondo” o regresso de Soda e publicado o novo tomo 13 (sim, substituindo o anterior !?!), agora com Olivier Bocquet a assumir a responsabilidade pelo argumento. Soda está de volta e com grande sucesso. O desenho é absolutamente fantástico, dinâmico, movimentado, agradável, legível, divertido. A narrativa tem alguns exageros, mas é interessante e bem estruturada. 

Podendo ser lido como um “one shot” – apesar de o conhecimento das personalidades dos membros da equipa de polícia em que Soda se insere poder ajudar a tornar a leitura mais agradável e divertida – este tomo apresenta-nos um Soda com pesadelos, lapsos de memória e a sensação de estar a perder o controlo. Uma mulher agredida, que ao contrário de anteriores vítimas, sobreviveu, aponta para o nosso detetive e acusa-o de ser o agressor. E tudo parece apontar para um Sopda com problemas comportamentais, a cometer crimes e a desenvolver um problema de relacionamento com a sua mãe. Mas será mesmo assim?

Muito agradável, um excelente momento de leitura. Para mim, um reencontro com uma série de grande qualidade. Para quem não a conheceu nas décadas de 80, 90 e princípio deste século, esta constitui uma oportunidade de “estabelecer contacto” com uma equipa de polícia altamente idiossincrática. Editora Dupuis.






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