Com a morte de Félix Ducharme, dono do armazém e centro da pequena povoação, é a sua jovem viúva, Marie, que acaba por assumir o lugar do marido, de modo a garantir o fornecimento dos bens necessários aos habitantes da aldeia. Habituados a contarem com o armazém para resolver todos os seus problemas, os aldeões não pensam na tristeza e recente viuvez de Marie e carregam-na de pedidos e exigências. Marie, tímida, é incapaz de dizer que não e quer ser prestável, mas está esgotada com tanta coisa para resolver e sente-se perdida quanto ao seu futuro.
O que é interessante nesta história e série, é a forma como os autores Loisel e Tripp abordam muitas das emoções humanas, como a tristeza, a insegurança, a coragem, o preconceito, a inveja. O ser humano é, por norma, resistente à mudança e aqui vemos como a normalidade do quotidiano de uma pequena aldeia é virada de pernas para o ar com a morte do dono do Armazém Central. Este acontecimento vai ditar várias alterações ao dia a dia de todos e quando Marie decide tomar as rédeas do negócio e ter a coragem de conduzir o velho camião do marido, a sua atitude por um lado é um alívio para a gente da aldeia, mas por outro vai ser alvo de comentários desdenhosos pelas alcoviteiras, tendo em conta que não era comum uma mulher conduzir nos anos 20.
A acompanhar este excelente argumento, Armazém Central é desenhado de forma exímia, com muita expressividade e ao mesmo tempo retratando o ambiente bucólico do campo e da aldeia.
De realçar este trabalho conjunto de dois grandes nomes da banda desenhada, pois tanto o argumento como os desenhos foram realizados em conjunto por Régis Loisel e Jean-Louis Tripp.
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