Lemos recentemente o livro "Vazio", editado em Maio pela Escorpião Azul. Esta obra da autoria de Carlos Páscoa, apesar do título, não tem falta de imaginação. E é precisamente sobre imaginação e criatividade de que nos fala este livro e sobre como podemos vencer períodos menos bons da nossa vida, em que essas nossas vertentes ficam mais adormecidas. Na verdade, o argumento retrata um pouco da própria história recente do autor que, como nos conta em nota introdutória, após ter ficado sem trabalho, a sua busca exaustiva de conseguir um novo emprego o levou a um esgotamento.
Há fases da vida assim, em que parece estarmos num beco sem saída ou num deserto difícil de atravessar e sem fim à vista. Nessas alturas não é fácil darmos a volta por cima e a inspiração, imaginação e criatividade são chutadas ficam para segundo plano.
Este livro traduz precisamente essas fases, esse partir pedra, essa luta interna que temos de vencer para ultrapassarmos o Vazio, e voltar a preenchê-lo.
Pelo argumento, pela fantástica capa e pelos bons desenhos a preto e branco, vale a pena continuarmos atentos ao percurso de Carlos Páscoa, que já tinha participado em obras colectivas, mas surge agora com este primeiro álbum de uma só história, pelas mãos da editora que aposta, precisamente em obras de autores portugueses pouco conhecidos.
Eis a sinopse:
Eric vive no meio de um deserto cinzento, vazio e árido, há tanto tempo que nem sabe como foi lá parar. O que resta da sua imaginação e das suas memórias regressa inesperadamente, para lhe mostrar como existe mais mundo para lá do horizonte, e que vale a pena todo o esforço para tentar lá chegar.
Juntem-se a nós numa viagem aos confins da imaginação, onde os únicos limites são o medo e a vontade de permanecer imóvel, no que se conhece, na desilusão e no torpor, que são, no final de contas, o sal desta planície sem fim, deste deserto, grande, imenso e vazio...
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