São muitas as leituras concluídas nestas últimas semanas e "A Norte de Sul Nenhum" é uma delas. A obra foi editada pel' A Seita e a autoria é de João Mascarenhas, em parceria com o escritor e poeta algarvio Fernando Cabrita. Depois de O Perigoso Pacifista, João Mascarenhas volta a juntar a música e a banda desenhada numa história que parte dos poemas de Fernando Cabrita para abordar o drama dos refugiados. Aliás, os direitos de autor desta edição serão entregues pelos autores a uma Associação de apoio aos refugiados.
Este é um livro muito poético e musical que nos leva a Olhão e a outros lugares mais longínquos e que nos mostra que se calhar há mais semelhanças do que diferenças entre os vários povos. A história centra-se em Khalid, um refugiado de guerra, que encontrou alguma felicidade através da sua poesia, da música que toca no seu alaúde, e das rosas que cultiva, das quais retira essências para fazer perfumes e outros encantos que vende na cidade onde passou a viver, no Sul de Portugal. Estando longe da mulher que ama, tenta viver das memórias e dos prazeres que partilha com João, alguém que também fugiu aos horrores da guerra colonial.
Sendo a música uma linguagem universal é ela que vai ser o elo de ligação das personagens e quem vai eliminar as diferenças e evidenciar as semelhanças que existem entre sons, paisagens e arquitectura de países, regiões e culturas distantes. É muito interessante ver que de uma forma bonita e serena, os autores conseguem abordar o drama e a realidade dos refugiados. Gostámos desta obra, muito sensorial, que apenas com o desenho e o texto, nos transportam a sons e a cheiros e com detalhes muito interessantes, como os painéis de azulejos de influência árabe, no final das páginas.
Sem comentários:
Enviar um comentário