terça-feira, 18 de fevereiro de 2025

A nossa leitura de Harlem, de Mikaël - edição Ala dos Livros


Completámos a leitura da trilogia de Nova Iorque, da autoria de Mikaël e com edição da Ala dos Livros. Depois de Giant e Bootblack, foi a vez de Harlem.

Neste capítulo final, o autor transporta-nos à época da Grande Depressão e ao bairro pobre de Harlem, dando-nos a conhecer, como protagonista, uma mulher tão forte quanto enigmática: Stéphanie St. Clair, conhecida como Queenie. Oriunda das Índias Ocidentais, carrega o peso do seu passado de escravidão e ao longo da história voltamos com ela às suas origens. Tendo chegado ainda muito jovem a Nova Iorque, esta imigrante negra teve de lutar para sobreviver e vencer na vida. Vinte anos depois, vemos uma Queenie poderosa, à frente do negócio de uma lotaria clandestina. É respeitada e temida tanto pela autoridade como pelas máfias locais até à chegada de Dutch Schultz, um mafioso sem escrúpulos, conhecido como "o holandês". Schultz quer de tal maneira assumir o controlo da zona onde Queenie é dona e senhora, que tudo faz para lhe dar cabo da vida, com denúncias, ameaças e até assassinatos de pessoas próximas do reino da "francesa" e com a conivência das forças policiais, corruptas. 

A única saída que Queenie tem é associar-se a outros elementos da máfia que estão a entrar com o negócio da droga, mas ela recusa e como mulher e negra, continua a dar luta, tentando tudo o que está ao seu alcance, até denunciar a polícia e alertando situações que têm a ver com questões raciais, através do que escreve para um jornal. Porém, mesmo dotada de uma grande coragem, a vida não lhe corre de feição, pois continua na mira da violência e da sede de poder do holandês.

Não nos adiantamos mais no argumento, para não estragar o gozo da leitura de quem ainda não abriu o livro, mas a verdade é que Mikaël termina com mestria esta sua trilogia de Nova Iorque, conseguindo quer com a narrativa, quer com o desenho, criar uma atmosfera da época e altamente cinematográfica, mais uma vez com uma história pesada, violenta e triste. O autor utiliza, como nas edições anteriores, os tons de castanho, mudando para o azul acinzentado com toques de amarelo, quando viajamos com a protagonista para as suas recordações.

No final do livro, um caderno gráfico com esboços e estudos sobre personagens e ambientes.




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