domingo, 13 de abril de 2025

Flash Point é uma novidade co-editada pela Sendai Editora e pela Chili com Carne

 



A Sendai Editora e a Associação Chili com Carne associaram-se na edição deste livro. “Flash Point” de Imai Arata, a ser lançado no Festival de BD da Maia. A edição conta com uma entrevista entre o autor e Zach Godin e Ryan Holmberg

Da presente edição foram feitos 200 exemplares com uma capa e sobrecapa diferentes, inseridos na coleção RUBI da Associação Chili Com Carne

A sinopse:

Num dia quente de Verão, uma jovem japonesa deixa de ir à escola. Como uma piada inofensiva, ela e o cunhado desempregado começam a fazer vídeos parvos no Instagram, gerando milhões de visualizações. Quando ela é vista num direto no comício de Shinzo Abe, a diversão toma um rumo completamente surreal e assustador. Como se sabe, a 8 de Julho de 2022, o ex-primeiro ministro é morto a tiro... Flash Point de Imai Arata atreve-se a tratar um assunto tabu, evitado por todos, menos o mais corajoso dos artistas japoneses.

Na verdade, este livro é sintomático do problema da Banda Desenhada em tratar dos dias que correm, onde preferem escrever sobre o passado ou desenhar o futuro: fazendo impressionantes reconstituições históricas (Bourgeon, Tardi ou Nunsky) ou projecções (quase sempre) distópicas (Moebius, Geof Darrow ou Katsuhiro Otomo). O presente é que é um problema, especialmente com as bulhas ideológicas que o mundo está a viver. Se calhar sempre foi assim mas agora parecem bater-nos mesmo à nossa porta diariamente, graças às redes sociais. Também é verdade que em cada época da História há temas que são tabu ou que sejam mal acolhidos - basta lembrar as lutas ecológicas dos anos 60 e 70, em que o grande público não simpatizava e que agora, que o planeta prepara-se para dar o grande peido, toda a gente é "ecologista". 

É de salientar a enorme coragem de Arata de comentar temas que são tabu no Japão, um país que até tem um sistema político democrático, mas com uma lista infinita de assuntos que não se tratam... No aclamado mangá F criou uma realidade paralela pós-Fukushima com um imaginário envolta do horroroso Daesh. O livro só teve edição profissional nos EUA. Pelo Japão foram apenas impressos 300 exemplares, distribuídos de forma "underground", isto é, num circuito progressista do mundo das artes - a BD estava associada a uma exposição com o colectivo Chaos*Lounge - e pouco mais. Em entrevista, Arata diz que talvez umas pessoas de Fukushima também tenham tido acesso, tornando a publicação "mítica", uma vez que no Japão nenhuma editora teria coragem de publicá-la. 
 







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