sábado, 12 de agosto de 2023

A nossa leitura de "Elise e os Novos Partisans", de Grange e Tardi - edição Ala dos Livros

 


Quando começámos a ler este álbum,  percebemos logo que íamos "andar" pelos conturbados anos 60 e 70 em França. Acompanhamos Elise (ou Dominique Grange), uma vez que o livro é uma autobiografia da mesma, que nos conta o seu percurso de vida, principalmente a nível político, os acontecimentos que passou pela sua luta contra as injustiças sociais, o racismo, descriminação laboral, bem como pela causa dos Argelinos e da sua libertação. 

Tudo começa com a ida de Elise, uma jovem cantora que tenta a sua sorte saindo da cidade de Lyon para Paris em 1958, para prosseguir os seus estudos. A sua vida irá passar pela contestação política e as suas causas, bem como pela clandestinidade. Tomamos também contacto com a importância do movimento estudantil de Maio de 1968, no percurso da sociedade francesa e como marcou uma geração nas lutas operárias e na melhoria das condições de trabalho e de salários. 

Por vezes, na nossa leitura deste "Elise e os Novos Partisans", parece que estamos no presente, pois muitas das suas lutas continuam a acontecer na actualidade, principalmente em França, fazendo-nos lembrar o movimento dos Coletes Amarelos. 

Se já falámos da história,  não podíamos deixar de referir os desenhos a preto e branco, de Tardi, que se mantém em plena forma, durante mais de 170 páginas. Destaco mais três situações do álbum: uma mais pessoal que é a ilustração das guardas do livro, que mostra um teatro visto do palco, onde o público canta com a cantora, e que me fez lembrar a escola onde andei até à quarta classe, neste caso "A Voz do Operário" na Graça, em Lisboa; ,outra referente aos desenhos de Tardi em concreto as que retratam as cargas policiais francesas sobre os manifestantes e não só, tudo era "varrido" pela polícia; e por fim o destaque na página 165 do nosso 25 de Abril de 1974. 

No final do livro podemos encontrar as letras traduzidas das várias músicas que aparecem durante o álbum. Posso concluir que é um livro bem político e actual, apesar de se passar entre 1958 e finais dos anos 70. Recomendo a sua leitura.

PS: Segundo a Wikipédia a palavra "Partisans" quer dizer membro de uma força militar irregular formada para se opor à ocupação.

(Carlos Cunha)





Sem comentários:

Enviar um comentário