Continuamos a apresentar-vos aquelas que têm sido as nossas leituras de Verão. Espiga (editora Polvo), de Bernardo Majer, foi uma delas.
O livro é composto por duas histórias: a de Abel e a de Laura. Abel viaja para um festival literário onde conhece Laura, uma jovem escritora que o distrai da sua penosa realidade doméstica. Laura tenta equilibrar a relação conturbada com a mãe e o romance tóxico com Benjamin, um encenador charmoso. Abel e Laura têm insónias.
Apesar de se conhecerem e haver ali alguma centelha que se acende entre eles, as histórias são independentes e retratam a vida quotidiana de cada um. Ambos com os seus próprios problemas pessoais que têm de resolver. Uma outra coisa é comum, cada um dos protagonistas está desencantado com a vida, e aparentemente com dúvidas de que caminho seguir, mas ao mesmo tempo resignados com o que lhes calhou em sorte. Diríamos que, se fossem pessoas reais, não seriam alguém com brilhozinho nos olhos, seriam pessoas pouco proativas, sem coragem ou capacidade de acção para mudar o seu destino.
O livro soube-nos a pouco, mas não no sentido negativo. As duas histórias têm um bom ritmo, são interessantes e de leitura acessível, mas não são conclusivas. Como se fossem apenas duas pinceladas sobre a vida de cada personagem e desta forma ficámos sem perceber o que vai acontecer a seguir. Portanto, quando já estávamos embalados na leitura, ela acabou. Por isso nos soube a pouco e queremos mais projectos do Bernardo.
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