segunda-feira, 24 de fevereiro de 2025

A opinião de Miguel Cruz sobre "Julie Wood 2 - Mortel Rodéo", de Stassi e Pellaez

 



Julie Wood - Temporada 2

Vamos lá a um “quem se lembra”. Quem ainda se lembra, tal como eu, da publicação, no início da década de 80, creio, pela Meribérica, de dois álbuns de uma nova heroína, com uma ligação ao universo Michel Vaillant: Julie Wood? Pois é, Jean Graton, o célebre autor das aventuras de Michel Vaillant veio a publicar 8 tomos (entre 1976 e 1980) desta personagem que se dedicava não às quatro, mas sim às duas rodas. Julie Wood, claro, aparece também nas aventuras de Michel Vaillant (incluindo no filme Michel Vaillant) desde que ambos correm no Paris Dakar, e sendo americana e loura, tem um interlocutor de peso na série mãe: Steve Warson. 

Enfim, coisas da juventude…ou talvez não apenas: é que tal como Michel Vaillant, para o qual os detentores dos direitos criaram uma nova série de aventuras com preocupações de modernidade (e de humanidade, as dificuldades financeiras, os problemas oncológicos de Françoise, etc), também Julie Wood acaba de renascer das cinzas e, nesta segunda temporada, volta aos seus 18 anos, está a começar a sua carreira, utiliza redes sociais para promover a sua imagem e obter financiamento. 

Vamos ser francos: ninguém está à espera, neste tipo de séries ou de revivalismos de séries, de ser muito surpreendido/a. O objetivo é dar algum caráter de “atualidade” a aventuras que são baseadas nos códigos que determinaram o sucesso das aventuras originais, apelando aos bedéfilos saudosos e, ao mesmo tempo, procurando atrair um novo público com a ideia de uma personagem que é famosa, e que tem a vida e os problemas dos jovens como nós (eh ehe eh!).

Julie Wood vive com dois irmãos em caso do tio que os acolheu depois da morte dos pais. Tal como o pai, Chris, o tio, é garagista, e vai acabar por se perceber estar envolvido num tráfico ainda pouco definido de materiais e de informação que acaba por culminar na morte de um motard de nome Mason Green. Julie Wood, os seus irmãos e um conjunto de amigos, todos adeptos do desporto motorizado (apenas o irmão mais velho - penso que o seu nome verdadeiro é Frank - sonha com corridas em 4 rodas), acabam por se ver envolvidos na investigação das estranhas e enigmáticas ocorrências e investigações sequenciais à morte de Green, devido a um papel com uma estranha mensagem que foi encontrada pelos investigadores, e que menciona e envolve a família Wood.

Ao mesmo tempo, vamos acompanhando o desempenho da jovem Julie, quer nas provas quer na procura de financiamento para uma vida profissional no Flat Track, disciplina de Moto Cross.

Responsáveis por este “renascimento”, temos Claudio Stassi (desenho), conhecido desenhador que já passou pelos Dossiers Michel Vaillant, Henry Vaillant, e por Dampyr e Philippe Pellaez (argumento), um profícuo autor, que tem já várias obras publicadas, algumas das quais excelentes (Six ou Automne en Baie de Somme, por exemplo).

Na minha opinião, o desenho pode ser interessante, mas neste primeiro tomo, embora elegante, ainda procura a melhor forma de “entregar” as provas desportivas de forma dinâmica e entusiasmante. Quanto à história “policial” subjacente à narrativa, está em construção, ainda não percebi se banal ou interessante. Para já, o conjunto merece a segunda hipótese: aguardemos o tomo 2 para dar uma opinião mais concreta. Editado pela Dupuis, sob a marca Graton.



Sem comentários:

Enviar um comentário