sexta-feira, 15 de agosto de 2025

A nossa leitura de Airborne 44 - Wild Men (volume 10), de Jarbinet - edição ASA

 


O décimo volume da série Airborne 44 - Wild Men, completa o anterior livro Black Boys e encerra  o ciclo 5 da série, da autoria de Phillippe Jarbinet.

Como já escrevemos na opinião do anterior volume, esta série Airborne 44 passada durante a II Guerra Mundial, é muito especial, pois aborda de uma maneira detalhada um tema muitas vezes ignorado: a segregação racial nas unidades militares dos EUA durante a II Guerra Mundial. 

Apesar de uma das características desta série residir na construção de pequenas histórias, nestes dois álbuns, elas não podem ser dissociadas, pois vão existir alguns desencontros e reencontros. Em nossa opinião, como referido, e apesar de existirem várias histórias, têm de ser lidos os dois álbuns, correndo o risco de não se entender todo o percurso das duas principais personagens.

Recordando o primeiro volume, onde conhecemos dois soldados americanos em Nice, Virgil, um negro, e Jared, um branco, é aqui que tudo começa. Um branco cuja irmã foi morta por negros nos Estados Unidos, e que, portanto, odeia profundamente, Virgil, desde o seu primeiro encontro. Esses dois soldados são enviados para a Bélgica, do lado de Stavelot, com os contingentes que devem parar a contra-ofensiva alemã. Sendo este um dos muitos acasos da guerra, eles vão ter de ficar juntos, longe das suas linhas e obrigados a aceitar-se um ao outro, isto se quiserem sobreviver e não serem mortos pelos alemães, para além de resistirem ao frio e à neve.

Assim, é numa construção da narrativa entre o ficcionado e a história verdadeira, que o autor Jarbinet aborda temas como o racismo nas forças armadas, a camaradagem forçada pela guerra e os dilemas morais num cenário brutal de guerra sem limites. 

Não se trata apenas de uma narrativa de guerra, mas de uma reflexão humana sobre o preconceito, a sobrevivência e a mudança interior do ser humano com os acontecimentos que vivem, pois a linha entre a vida e a morte quase não existe.

Tudo isto enquadrado com um desenho de grande qualidade, onde nos mostra de uma forma realista os uniformes dos soldados, os veículos, a neve e os seus cenários de guerra, tudo recriado com uma notável precisão histórica. Com as cores frias da paisagem da floresta das Ardenas e seus os detalhes (como cenários, além das marcas na neve, os carros semi-enterrados e destruídos), criam uma atmosfera intensa e imersiva de grande realismo, o que permite ao leitor aproximar-se do sentimento e vivência da dureza de toda a história.

Por todos os aspectos referidos anteriormente, consideramos esta uma das melhores séries da actualidade, dedicada à II Guerra Mundial e que recomendamos a sua leitura desde o primeiro volume.






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