Este livro, editado recentemente pela Casterman, fala-nos de um tema tabu. A tradução do seu título será "Não falamos destas coisas" e é bem verdade. Estamos a referir-nos ao incesto e aos dramas e traumas causados por abusos sexuais dentro do seio familiar.
Pois Marine Courtade, uma jornalista francesa, quis contar a sua história, que envolve a sua família, onde o abusador era o avô e mesmo junto dos seus familiares era um assunto de que não se falava. Ela vai romper com esse tabu, e bater à porta de todos, pais, tios, tias, primos, primas, para saber mais, para desmontar um puzzle muito complicado, onde ela própria foi molestada.
Esta novela gráfica para além de ser uma catarse da autora, é também um enorme alerta, uma chamada de atenção para um tema que deve ser falado, pois as crianças que sofrem abusos sexuais serão sempre adolescentes e adultos com traumas e dificuldades de relacionamento.
No final do livro temos um pequeno dossier com estatísticas, que nos deixa estarrecidos. Por exemplo, indica-nos que em França estima-se que entre 6 a 7 milhões de pessoas sofreram abusos sexuais de um familiar.
On ne parle pas de ces choses là é um enorme murro no estômago que precisa de ser lido e debatido e precisa de ser um alerta para todos.
Sendo um tema pesadíssimo, Alexandra Petit ajuda a atenuar o seu impacto, com desenhos dinâmicos e fluídos, mas altamente expressivos, onde podemos perceber muito bem o sofrimento, a revolta, a incredulidade e também os conflitos internos de cada personagem. Claro está que o avô é retratado muitas vezes e a sua expressão, para além do que vamos sabendo dele, faz-nos sentir uma enorme repulsa.
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