sexta-feira, 19 de novembro de 2021

A nossa leitura de "Umbigo do Mundo", de Penim Loureiro e Carlos Silva


"Umbigo do Mundo - Alma mãe" é uma obra recente, editada pela A Seita, que marcou o regresso de Penim Loureiro à Banda Desenhada. A arte desta obra é da sua responsabilidade, assim como o argumento, escrito a meias com Carlos Silva, escritor de ficção científica e fantasia.

À primeira vista é um livro cativante e que nos suscitou muita curiosidade, devido ao tema e à arte que nos cativa logo com uma capa bonita e chamativa, que convida a conhecermos a obra. A sinopse promete um livro de aventura, passado num universo ficcional onde muitos reconhecerão temas que cada vez mais dominam a atualidade: as alterações climáticas, o perigo do fim do projeto Europeu, o escassear da solidariedade entre as nações, segmentos da sociedade e até vizinhos. E neste mundo, cada vez mais próximo do nosso, os autores tecem uma trama excitante e misteriosa, com vários interesses e poderes em jogo, cada um considerando-se o Umbigo do Mundo. 

Um pouco da história: Há muito que as Cidades Antigas ruíram. Agora, são as Cidades Sustentáveis que se desmoronam, atingidas por uma misteriosa praga responsável pela morte de uma grande parte das mulheres. Neste mundo em decadência e conflito, surge uma estranha rapariga que vem desequilibrar a balança. Num continente onde já não existem países, onde não há espaço para a solidariedade, cada sítio é o Umbigo do Mundo.

Um facto inegável é que estamos perante um livro muito bonito do ponto de vista visual. O talento de Penim Loureiro conseguiu criar um mundo pouco usual na Banda Desenhada nacional e que nos remete para outros universos futuristas ou fantasiosos de séries estrangeiras, como "As Cidades Obscuras" ou outras com cenários pós apocalípticos. No entanto, talvez por este ainda ser o primeiro volume, sentimos que haverá certos desequilíbrios que poderão ser corrigidos no futuro. É certo que nem todas as pranchas conseguem ter o mesmo nível de efeito (wow), mas sentimos que poderia haver uma maior uniformidade na qualidade artística das páginas. Ao nível do argumento também lhe falta um "je ne sais quoi", um fio condutor mais consistente, pois sentimos ainda várias pontas soltas. 

Nota muito positiva por este passo, esta criação algo ousada, mas temos a convicção que esta série agora iniciada irá evoluir num próximo volume, e que nos irá agarrar mais à história. Voltando à sinopse, gostaríamos de sentir mais acção e uma evolução no enredo, que fosse mais excitante e nos leve a temas como o das alterações climáticas.

Destacamos a sensual personagem que dá nome a este primeiro volume "Alma". Protagonista do argumento e também do desenho, é uma figura muito bem conseguida e um dos trunfos da série.



Sem comentários:

Enviar um comentário