quinta-feira, 2 de outubro de 2025

A opinião de Miguel Cruz sobre "Zheng Shi - vol 1: O Rio das Pérolas", de Jean Yves Delitte - edição Arte de Autor



Apesar de em Maio deste ano Miguel Cruz já ter escrito sobre este livro, aqui fica de novo a sua opinião, agora para a edição em português editada pela Arte de Autor.

Zheng Shi - vol 1: O Rio das Pérolas

Estava aqui a pensar sobre se costumo começar muitas vezes estes comentários pela referência ao autor. Não muitas, creio. Mas neste caso tenho de começar pelo nome de Jean-Yves Delitte, autor de muitos e muitos tomos de Banda Desenhada, pintor oficial da marinha belga, referência em páginas e páginas de navios, mar e combates navais. Em Portugal, a Gradiva já publicou “As Grandes Batalhas Navais”, a Asa “Black Crow” e “U-Boot”, e agora é a vez da Arte de Autor. A sua qualidade de desenho realista, detalhado, exigente nas cenas marítimas constitui a base do seu sucesso.

Curiosamente, lembro-me bem da primeira BD que li desenhado por Jean Yves Delitte, publicada há mais de 25 anos, chamada “Mort d’un Ministre” (série “Les Coulisses du Pouvoir”), em que a narrativa era toda passada em terra! Uma bela série, é verdade, mas não é para falar dela que “aqui estou”, mas sim para falar da recém-publicada BD sobre a mulher pirata de uma parte do Mar da China, de nome Zheng Shi, e cuja face se encontra na capa deste tomo 1 das suas aventuras.

Prevista para dois tomos, esta narrativa que se pretende (razoavelmente) real, relata as aventuras de uma mulher que terá comandado mais de 40 mil piratas e frotas de pequenos navios que aterrorizaram o Rio das Pérolas, com mais de 2200 km, e o seu delta com o mesmo nome nos inícios do século XIX, e que terá oferecido “proteção” a diversos armadores e comerciantes, transformando a sua atividade num negócio rentável.

Quanto ao desenho, ele é característico, as faces são semelhantes, as cenas de ação são elegantes, os navios são notáveis. O autor gosta, claramente, das cenas marítimas, e elas são o centro das atenções, às vezes obrigando a uma concisão na restante narrativa que por vezes é muito notória. Mais páginas do que as 46 desta BD seriam um bom contributo para a fluidez narrativa. Uma mulher pirata permitiria uma profundidade interessante na abordagem às personagens. Falta um outro tomo, é verdade, vamos ver como evolui, e provavelmente a leitura das 92 páginas eliminará esta vontade de saber mais, de avançar e conhecer desenlaces. Para os apreciadores de ação, pirataria e combates navais, não poderia haver melhor, desenho e cor são fascinantes, as cenas em página dupla são excelentes!





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