Chegou a altura de serem revelados mais detalhes sobre o grande acontecimento editorial do ano: o lançamento do 41.º álbum das Aventuras de Astérix o Gaulês, que acontecerá já na próxima semana, a 23 de Outubro (em Portugal, pelas mãos da ASA).
A Lusitânia era um destino muito aguardado. Já há vários anos que os leitores de Astérix esperavam ver os célebres gauleses viajarem até à Lusitânia, o actual Portugal. Este anseio era tanto mais forte quanto é sabido que a série já levou Astérix e Obélix a diversos países da Europa e da bacia mediterrânica, mas nunca a esta região, que todavia é rica em história e tradições.
A escolha da Lusitânia impôs-se como uma evidência, explica o argumentista Fabcaro: "Para começar, era preciso encontrar um destino onde naturalmente os nossos amigos ainda não tivessem estado. E, parecendo que não, as opções vão ficando cada vez mais reduzidas, pois os nossos gauleses já fizeram muitas viagens! Depois, eu queria um álbum ensolarado, luminoso, num país não muito distante que remetesse para férias. E portanto a Lusitânia impôs-se rapidamente. Eu já lá tinha ido várias vezes de férias e sempre adorei! As pessoas são muito calorosas."
Um destino que também inspirou de imediato o desenhador Didier Conrad: "Fui a Portugal há alguns anos e gostei muito do país. Adoro desenhar os álbuns de viagem. Delicio-me a reproduzir as paisagens pitorescas e a acrescentar-lhes pequenos detalhes próprios da cultura do país visitado – e isso é coisa que não falta em Portugal!"


A escolha da capa: Qualquer boa viagem, e qualquer boa leitura, começa por uma capa que anuncia muita cor. E cor é coisa que não falta na capa de Astérix na Lusitânia. Com as suas cores pastel, misturando tons rosados, amare- lados e alaranjados, a capa é uma verdadeira homenagem à beleza das cidades portuguesas. E também aí encontramos as especialidades locais: o bacalhau – que uma mulher põe a secar na sua varanda! –, o famoso empedrado preto e branco, sem esquecer a grandiosa vista panorâmica sobre o porto, que tão importante papel tem na vida e na história da cidade. Enquanto os irredutíveis gauleses se passeiam, não muito longe deles há um casal de lusitanos, visivelmente apaixonados, que está a conversar. Uma cena de rua que remete para a tranquilidade da vida. Já o homem meio-escondido mais abaixo, à esquerda, inspira menos serenidade…

Convém relembrar que um lusitano, já aparecido n’O Domínio dos Deuses, solicitou a ajuda de Astérix e Obélix para libertar o seu amigo, prisioneiro dos Romanos. Uma coisa é certa: vai haver muita ação na Lusitânia.
Estereótipos lusitanos: Fado, Bacalhau e Tabefes em barda. Em qualquer álbum de viagem de Astérix, é de esperar um coquetel único de aventura, humor e referências culturais! Cada um dos povos visitados é caricaturado com ternura, tanto através das palavras como do desenho: pronúncia, gastronomia, hábitos, tudo serve de pretexto! Os autores divertem-se a brincar com as especificidades próprias de cada país, mas sempre com benevolência. O que podemos esperar deste novo álbum?
A saudade, símbolo da identidade portuguesa!
A fleuma bretã, o orgulho hispânico, a limpeza helvética, a jovialidade belga… Para o novo destino das aventuras de Astérix, era preciso encontrar um sentimento capaz de sintetizar o espírito lusitano. E esse sentimento foi a melancolia! Com ela, os autores assumem um desafio de peso: traduzir, simultaneamente através do argumento e do desenho, este estado de alma amargo e doce, tão difícil de explicar e de compreender, utilizando-o ao mesmo tempo como motivo e fonte de humor.
Tentem imaginar um sentimento que mistura a nostalgia, um nadinha de tristeza, mas também uma pitada de poesia, de elegância e de esperança. Juntem-lhe uma mão-cheia de fado, um punhado de pôr do sol no Atlântico e obterão a famosa “saudade”, palavra tipicamente portuguesa e intraduzível em qualquer outra língua. É preciso vivê-la para a compreender. E os Portugueses fizeram dela, justamente, uma forma de vida: podemos estar melancólicos, mas sempre com um sorriso nos lábios e com a esperança de que amanhã o dia será ainda mais belo para lamentar.
Mas qual é a origem dessa melancolia? A explicação remontará a Viriato
A hospitalidade e a generosidade lusitanas
A melancolia não impede os Lusitanos de serem um povo amigável e que aprecia os prazeres da vida. Muito pelo contrário! O sentido da hospitalidade é uma verdadeira instituição, tanto histórica como cultural. Já na Antiguidade os cronistas romanos referiam o caloroso acolhimento deste povo da parte ocidental da Península Ibérica. Talvez uma generosidade ligada ao clima aprazível da região…
Hoje em dia esta tradição perpetua-se: em Portugal, a hospitalidade não é uma simples palavra, é uma forma de vida! Acolhe-se o estrangeiro como um amigo, dá-se-lhe de beber, e não raras vezes um simples encontro fortuito termina à volta de uma mesa bem recheada… ou prolonga-se durante horas em volta de um ou de vários copos!
Os vilões
Uma boa história tem de ter bons vilões. E são muitos os que marcaram os espíritos dos leitores ao longo dos anos: Gracchus Finórius em A Foice de Ouro, Charlatanix em O Adivinho, Acidonitrix em O Grande Fosso, Coronavírus em Astérix e a Transitálica, ou ainda Palavreadus em O Lírio Branco. Este novo álbum não irá quebrar a tradição e novas personagens irão juntar-se ao bando dos vilões!
Na capa de Astérix na Lusitânia, ela mal se distingue. Mas escondida atrás de um pilar, à esquerda na imagem, uma personagem intrigante, com ar sinistro, observa os nossos dois heróis. Com a cabeça calva, a barba por fazer e o seu ar maléfico, quase se parece com Tullius Venenus, encarregado de semear a discórdia na aldeia gaulesa em A Zaragata. O nome deste indivíduo, que irá dar que fazer a Astérix e Obélix, diz tudo o que é preciso saber sobre ele: Sacanês!
Será acompanhado por um centurião chamado Comicus. Um nome bem encontrado, pois os autores emprestaram-lhe para a ocasião os traços de um humorista britânico, bem conhecido pelo seu humor sarcástico. Conseguiram reconhecê-lo?

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