quinta-feira, 5 de dezembro de 2024

A opinião de Miguel Cruz sobre "Randy Shilts", de Héloïse Chochois e Clément Xavier

 


Randy Shilts

Comprei muito recentemente esta BD “Randy Shilts” um pouco por mero acaso, embora tivesse lido um texto já não sei bem onde, sobre a temática que aborda. Conheci a jovem e simpática autora e, claro, lá fui ao autógrafo.

O que é certo é que embora o tema da busca do “paciente zero” da sida não me fosse totalmente desconhecido, o trabalho e a história de Randy Shilts era. Esta BD, muito detalhada e bem documentada, narra como Randy Shilts, o primeiro jornalista declaradamente gay de um grande jornal americano – no caso o San Francisco Chronicle – desenvolve um trabalho de investigação (com muita dificuldade e obstáculos, diga-se) sobre um cancro raríssimo de pele (sarcoma de Kaposi) que parece atingir a comunidade Gay.

A partir de determinada altura desenvolve a teoria de que, na origem de todos estes casos está um hospedeiro de uma companhia aérea canadiano que frequentava a principal sauna Gay de San Francisco. Ao explorar esta ideia, Shilts vai acabar por virar essa mesma comunidade gay contra si. E vai acabar por descobrir que o jovem hospedeiro não foi o “paciente zero” mas um dos primeiros casos de contaminação.

Randy Shilts, mais tarde reabilitado, pôs em destaque a doença, alertou para os riscos, criou a consciência do terrível impacto da sida, doença essa que, como nos é recordado, não está erradicada.

O desenho realista é sóbrio e detalhado, a narração é fluída, apesar de ser muito pormenorizada, um verdadeiro documentário. A capa é muito interessante, pois mostra uma pessoa a lutar contracorrente, o peso da responsabilidade de quem está imbuído da missão, mas também, como veremos, a facilidade em ser incompreendido ou mal interpretado. 

Autor de vários livros, sendo o primeiro uma biografia do célebre Harvey Milk, Randy Shilts veio ele próprio a ser vítima da doença que tanto documentou.

Escrito por Clément Xavier, a arte ficou a cargo de Héloïse Chochois. Editado pela Glénat. 






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