Omula et Rema tome 2
Já o tinha referido e repito: Yves Sente é um daqueles autores que nos entregou já obras de grande qualidade. No entanto, a quantidade de trabalhos realizados leva-me a estar sempre de pé atrás quando publica uma nova BD. E também já o tinha referido antes: a razão pela qual resolvi entrar nesta “série” em dois tomos foi o facto de o desenho estar a cargo do nosso compatriota Jorge Miguel (eu sou Miguel Jorge, torna a coisa sempre divertida!).
Dito isto, a questão que qualquer um coloca é “e valeu a pena?”. Sim, valeu!
Comecemos pelo desenho: Realista, elegante, clássico, muito detalhe, excelente sequência narrativa, boas perspetivas, não se encontra um pormenor fora do sítio, cores luminosas e uma boa adequação entre a coloração e a evolução da história. Se algum reparo tenho a fazer tem a ver com o facto de me parecer que dada a densidade da história, talvez 3 em vez de dois tomos fosse melhor. No entanto, o desenhador faz um excelente trabalho com a matéria-prima que tem.
A história é interessante. Creio ter dito aqui que no final do tomo 1, de que tinha gostado, estava preocupado sobre a forma como a sequência se iria “desenvencilhar” das situações criadas. Neste tomo dois, os dois “mundos retratados no tomo 1 – um não terrestre, de onde provêm Omula e Rema (as irmãs gémeas que não o são, pois na civilização de que são originárias, eram realizadas cópias genéticas de cada um, just in case, e o outro terrestre, na antiguidade – vão se finalmente juntar. “Aterradas” na terra (!?) por acidente, as duas gémeas são tomadas por descendentes do rei Numitor. Ambiciosas, inteligentes e desembaraçadas, as “irmãs” acabam por alcançar os seus objetivos e recebem um vasto território para gerir. Infelizmente, as duas irmãs não são propriamente muito ligadas uma à outra, e a intriga, os rancores e a luta entre ambas leva a um fim razoavelmente previsível. Por aqui se vai percebendo o paralelo com os dois míticos fundadores de Roma: Romulo e Remo.
Uma ideia de base interessante, apresentada com brio por Jorge Miguel, sendo que os elementos de ficção científica estão exclusivamente concentrados no tomo 1, sendo o tomo 2 um pouco mais clássico.
Uma obra de leitura recomendada e que foge ao tipo de trabalho que normalmente nos é apresentado por Yves Sente. O desenhador, esse, vai tendo créditos firmados no panorama da BD franco-belga. Editado pela Rue de Sévres.
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