segunda-feira, 24 de março de 2025

A nossa leitura de A Passagem Impossível, de José Ruy - edição Ala dos Livros


Gostávamos muito do Mestre José Ruy, como pessoa e como artista. Era um verdadeiro senhor e muito amigo do Juvebêdê. Lemos várias das suas obras e era imperativo que lêssemos este "A Passagem Impossível", editado pela Ala dos Livros postumamente. Porém, apesar de já termos lido as suas queridas Lendas Japonesas, que foram publicadas depois da sua partida, iniciarmos a leitura desta obra que deixou inacabada e onde depositou as suas últimas energias, estava a custar-nos. 

Passado agora todo este tempo, finalmente lemos aquela que, para nós, ainda que não tenha os desenhos todos acabados, é a melhor obra de todas. Não é à toa que lhe chamávamos Mestre e a sua capacidade de trabalho, de evoluir e de se adaptar era ímpar. 

Começamos pelo título: "A Passagem Impossível" ou "o relato da extraordinária viagem do navegador português David Melgueiro, que no século XVII, a comando de uma embarcação holandesa e tal como testemunhou o Seigneur de la Madelène ao Conde de Pontchartrain, rumou a Norte e realizou a travessia pela Passagem do Nordeste". É um título grande que diz muita coisa, mas não diz tudo, pois este livro, para além de nos ensinar muito sobre este um pedaço da História de Portugal, vai muito mais além, pois é uma história de coragem e superação, uma aventura que nos ensina que não há impossíveis para aqueles que são determinados, persistentes e nunca desistem. 

A história remonta ao século XVII e tal como refere a sinopse, passa-se no auge do comércio de sedas e de especiarias, onde grandes embarcações, das mais variadas nacionalidades e bandeiras, franqueiam o Índico e o Atlântico. Estes oceanos, infestados de piratas, tornam cada vez mais insegura a travessia pelo Sul, pelo cabo da Boa Esperança. Março de 1660. Uma embarcação de nome Padre Eterno, comandada pelo capitão português David Melgueiro, zarpa de Tanegashima, no Japão, e ruma a Norte. Evitando a rota do Sul e efetuando a passagem do Oceano Pacífico pelo estreito de Anian, a Padre Eterno embrenha-se no Ártico, chegando ao seu destino cerca de dois anos depois.

Esta obra deixada pelo Mestre José Ruy é uma obra verdadeiramente inspiradora, perfeita tanto para jovens como para adultos, onde os leitores aprendem muito sobre usos e costumes dos povos mais a Norte, naquela época da História. 

Quanto aos desenhos, apenas 13 pranchas estão finalizadas. Todas as outras são esboços, mas são tão bons e a história tão interessante, que depressa nos esquecemos que a obra não foi concluída. Este é um livro de referência para todos os que gostam de banda desenhada. Obrigado, Mestre José Ruy!

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