sábado, 1 de março de 2025

A nossa leitura do primeiro volume de "Boa noite Punpun", de Inio Asano - edição Devir



Ainda há dois dias foi publicado o terceiro volume, mas nós só agora concluímos a leitura do primeiro. Já lemos muitas críticas sobre esta série, todas elas muito positivas e por isso cada vez tínhamos mais curiosidade sobre este "Boa noite Punpun", escrito e ilustrado por Inio Asano. 

Concluída a leitura do primeiro volume, e apesar de ser uma série de excelente qualidade, não podemos dizer que é a nossa série de mangá preferida, porque temos outras no nosso top três, entre elas Sunny e Monster igualmente editadas pela Devir. 

Boa noite Punpun, é excelente do ponto de vista do seu argumento e dos temas que toca, assim como o desenho, mas não achamos grande graça à maneira como o protagonista é representado, apesar de percebermos a intenção. E começamos por ele. Punpun é um rapaz a entrar na puberdade que tem um ambiente familiar difícil e problemático. De um lado um pai desempregado, que bate na mulher, mas de quem Punpun gosta muito. De outro lado uma mãe pouco carinhosa, negligente, que não se interessa pelo filho nem pela sua educação. A par das más relações familiares, também assistimos à vida escolar de Punpun, às brincadeiras com o seu grupo de amigos e a descoberta do amor, neste caso por Aiko Tanaka, uma menina um pouco estranha e envolta em mistério, por quem se apaixona perdidamente. Com tudo isto temos aqui um pré-adolescente com problemas emocionais complicados, a atravessar uma depressão pela situação pessoal que está a viver e também pelas dúvidas existenciais e inseguranças próprias da idade. 

Voltando à questão da forma como a personagem é representada. Ora temos cenários e personagens com traços realistas e em comparação Punpun é representado como um pássaro estilizado, com desenhado com linhas muito finas, de tal forma que às vezes mal o vemos. Julgamos que o objectivo do autor com esse contraste é mostrar como o protagonista se considera e posiciona: insignificante e com fraca auto estima e às vezes apetece-lhe desaparecer. Fora esta opção estética que apesar de justificada não ser do nosso agrado, o que importa aqui é que este é um mangá muito realista quanto aos dramas das crianças. Ou seja, não vemos aqui a parte cor-de-rosa e fofinha da infância, mas a realidade dura e por vezes cruel, com famílias disfuncionais, traumas infantis, melancolia, depressão e ansiedade nas crianças, etc.

Um livro que nos faz reflectir sobre os futuros adultos que o mundo está a criar.






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