quarta-feira, 17 de setembro de 2025

Entrevista com Alix Garin, por Alexandra Sousa e Carlos Cunha (parte 1)

Conforme prometido e por ocasião da novidade de Alix Garin em Portugal, a novela gráfica "Impenetrável" editada pela ASA, divulgamos aqui a entrevista (já publicads no Juvebêdê 97) que realizámos com a autora em 2024, no Festival Internacional de Banda Desenhada de Beja. Transcrevemos aqui a primeira parte e amanhã publicaremos a segunda parte.


Depois de termos ouvido a sessão com a jovem autora belga, Alix Garin, no Festival Internacional de Banda Desenhada de Beja, ficámos com vontade de ouvi-la falar um pouco mais sobre os seus trabalhos e tivemos o privilégio de termos com ela uma animada conversa, que aqui transcrevemos.

JBD - Já temos quase todas as respostas, depois de te termos ouvido há pouco. Mas tendo lido “Não me esqueças” e gostado tanto (não conseguimos ler a última página sem voltar a chorar), já tínhamos ficado impressionados com o testemunho, tendo em conta que a história é inspirada na relação com a tua avó materna e agora ficámos ainda mais impressionados com a tua coragem relativamente ao tema do próximo livro. Vaginismo é um tema difícil, muito pessoal. Como é que surgiu essa vontade de contar a tua própria história? Foi para dar esperança a outras mulheres que sofrem da mesma doença?

Alix Garin - Sim, foi isso mesmo. Quis dar esperança a outras mulheres que sofrem do mesmo, dando o meu exemplo. Porque, como é um assunto sobre o qual não se fala, quando isso acontece a alguém, não há certezas de existirem outras pessoas a viver com o mesmo problema e sentimo-nos sozinhas. Portanto é muito importante dar a palavra a estes assuntos tabu, dar-lhes visibilidade. Para que as pessoas que sofrem da doença saberem que o seu sofrimento é legítimo e que não as únicas a viver essa situação. É saudável que se possa falar destas coisas. Ajuda a ultrapassar uma fase menos boa. E foi por estas razões que tive vontade de dar o meu testemunho em livro.

JBD - Já sabemos que o teu próximo trabalho, depois deste que está a sair, será igualmente sobre um assunto pessoal. É esta a tua linha de trabalho, contar histórias pessoais?

Alix Garin - Sim, é verdade. Mas não se trata de uma decisão que eu tenha tomado de forma consciente e tenha pensado “vou falar sobre mim”, não foi isso. Mas o que acontece é que quis apresentar histórias que tocasse as pessoas, que fossem emotivas, comoventes. E para chegar aí a melhor maneira é escrevermos sobre coisas que conhecemos, sobre situações pelas quais passámos e dessa forma conseguimos passar a emoção sentida, fazer um apelo às emoções. A verdade é que o ser humano embora com as suas diferenças, acaba por se comover com as mesmas coisas e ter reações muito semelhantes. É por isso que acabo por partilhar as minhas experiências pessoais, porque muitas pessoas se identificam.

JBD - É por isso que o sucesso é transversal a vários países.

Alix Garin - Provavelmente. Porque não é ficção. Não é uma questão de uma moda do momento, de um género literário específico, é algo mais transversal ao ser humano.





Sem comentários:

Enviar um comentário