Depois de termos entrevistado Alix Garin quando veio a Portugal em 2024, ficámos muito curiosos com esta obra que na altura estava a sair no mercado francófono. O sucesso foi tal que tem já muitos milhares de exemplares vendidos e ganhou o Prémio do Público no Festival Internacional de Banda Desenhada de Algoulême.
Impenetrável, agora editado pela ASA, é um testemunho singular pela sua sinceridade. Alix Garin (Não me Esqueças - outra obra a reter) conta, sem concessões, a reconquista do seu corpo e do seu desejo, depois de ter sofrido de vaginismo durante dois anos - um transtorno sexual que torna a penetração impossível.
Para se curar, vai ser preciso enfrentar as obrigações, as normas, o passado. Ultrapassar a culpabilidade e a solidão impostas por uma sociedade onde não fazer amor é impensável e falar sobre isso impossível.
Além do corpo, o álbum questiona as nossas relações com o desejo, com o casal e com o mundo, desvelando uma busca de si que encoraja a que nunca nos deixemos abater.
Audaciosa e otimista, esta narrativa de cura promete.
A entrevista que referimos foi publicada na edição 97 do Juvebêdê mas, a propósito deste novo livro, vamos publicá-la hoje à tarde e amanhã, aqui no meios digitais. Fica aqui um pequeno excerto.
"Quis dar esperança a outras mulheres que sofrem do mesmo, dando o meu exemplo. Porque, como é um assunto sobre o qual não se fala, quando isso acontece a alguém, não há certezas de existirem outras pessoas a viver com o mesmo problema e sentimo-nos sozinhas. Portanto é muito importante dar a palavra a estes assuntos tabu, dar-lhes visibilidade. Para que as pessoas que sofrem da doença saberem que o seu sofrimento é legítimo e que não as únicas a viver essa situação. É saudável que se possa falar destas coisas. Ajuda a ultrapassar uma fase menos boa. E foi por estas razões que tive vontade de dar o meu testemunho em livro."
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