quinta-feira, 13 de junho de 2024

A nossa leitura de "Gaston 22 - O regresso de Lagaffe" - edição ASA

 


Por Miguel Cruz

É isso mesmo, Gaston está de volta! Tive oportunidade de ir dando nota da evolução da providência cautelar que a filha de Franquin colocou para evitar a publicação deste novo tomo de Gaston Lagaffe, de autoria de Delaf, e editada pela Dupuis, detentora dos direitos. Processo concluído, o livro “está cá fora” desde finais de 2023 e agora com edição portuguesa pela ASA.

No tocante ao desenho, ele é muito bom, muito bem pensado para estes gags de uma página, muito na linha Franquin. Por aqui aquelas discussões de chamados “puristas” não têm muito por onde pegar. Essas discussões também, diria, não são muito interessantes – já sabemos que estas edições são primeiramente motivadas pelo potencial comercial. E é por aí que faz sentido também discutir o tema – será que a exaustão de algumas séries pode vir a matar alguma galinha dos ovos de ouro? Quanto ao mais, discutamos a qualidade da obra!

Já agora, importa dizer que, tanto quanto consegui saber, o acolhimento do público foi bom. A crítica parece ter sido favorável, esta BD tem estado a vender bem. Aposta ganha, portanto.

Os gags são engraçados, lêem-se bastante bem, os cânones da série foram respeitados, a época é mantida, não existe uma opção de modernizar a série, mas o conteúdo dos gags é adaptado a uma leitura contemporânea do humor. 

Há algumas opções de risco, em que a distração de Lagaffe, o seu afastamento das convenções do dia a dia, são levados a um ponto onde se raia a antipatia, nomeadamente na sua relação com a mademoiselle Jeanne. Mas, no essencial, este álbum é muito bem conseguido, sobrevive a uma comparação com o trabalho de Franquin, mesmo que não entre para a lista dos melhores tomos da série,  recomendando-se, assim, a todos, puristas ou não!

Transparece do trabalho do Canadiano Delaf uma admiração pelo trabalho de Franquin, e o carinho e credibilidade do tratamento da personagem são resultado direto de uma clara homenagem ao mestre. O mundo é diferente hoje, e isso tem consequências no contexto e na relação entre personagens. O humor está bem presente, e Gaston continua inigualável. Citando a sempre presente gaivota HiHiHiÂÂRRR!




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