domingo, 23 de junho de 2024

A opinião de Miguel Cruz sobre "FIDJI", de Cano, Goux e Pinchuk



FIDJI

Fidji é o nome de um país pertencente à Oceania, constituído por um conjunto de mais de 300 ilhas, das quais cerca de metade são habitadas, e de que Vanuatu é – digo eu – a mais conhecida, citada em filmes, bandas desenhadas, etc. Dizem que tem praias magnificas. 

No contexto desta BD, Fidji é um objetivo de vida de um dos dois grandes amigos, Vincent e Sam, em torno do qual se desenrola esta história. Sam partiu para as Fidji como desejava, e os dois amigos afastaram-se. Até que Sam surpreende Vincent, não apenas ao voltar, mas também por decidir uma viagem longa até Biarritz, a cidade da juventude de ambos.

Só que num um nem outro são os mesmos, e os sonhos e entusiasmos de juventude foram confrontados com a realidade. Particularmente Vincent, que tem enfrentado inúmeros problemas recentes, tem muito em que pensar. As amizades, as experiências, os estilos de vida, os valores, tudo mudou, e esta viagem vai-se revelar um erro.

As coisas começam a correr mal, os rancores e as motivações vêm ao de cima. Maldades e ajustes de contas são ao programa. As peripécias são diversas, bem contadas, o enredo é interessante e conduzido de forma compreensível e bem estruturada.

O desenho que, em momentos tem algo do excelente desenho de Juan Cavia, é semi realista, bastante agradável à vista, com boas perspetivas e enquadramentos, de forma a introduzir movimento, dinâmica e “rapidez de acontecimentos”, mas também com o cuidado de bem gerir interlúdios de calma e reflexão. 

As cores são muito bem trabalhadas para acompanhar estados de alma e emoções do momento. Quente, solarengo e alegre, contrastando com escuro, cinzento e preocupado, com vivo, agressivo, catarse.

O argumento é de Jean-Luc Cano, o desenho é de Pierre-Denis Goux (autor habitual de universos fantásticos de orcs, magos, anões e elfos, e mestres inquisidores) e as cores são da jovem russa Julia Pinchuk, também ela conhecida dos ambientes de “Maitres Inquisiteurs”, “Orcs et Gobelins” etc.

A capa é bonita, e procura dar imagem da existência da Roadtrip (que não corre facilmente, como se vê pelo estado do carro e do ambiente), mas em que é particularmente interessante ver o olhar de angústia e desânimo de Vincent. Ao contrário do que poderiam pensar, não se trata de uma BD sobre uns dias paradisíacos de praia e sol. Um one shot interessante que se desenrola muito rapidamente em cerca de 140 páginas. Editado pela Delcourt, na sua coleção Mirages.










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