quinta-feira, 20 de junho de 2024

A nossa leitura de Jonas Fink "Inimigo do Povo", de Vittorio Giardino - edição Arte de Autor


Em 2018 Vittorio Giardino terminou a história de Jonas Fink, com "O Livreiro de Praga", 20 anos depois de ter editado o primeiro volume. Nessa altura, a editora Casterman apresentou em simultâneo a conclusão da história e uma reedição das duas primeiras partes. Este "Inimigo do Povo", agora editado pela Arte de Autor, reúne os dois primeiros volumes e mostra-nos a infância e a juventude de Jonas Fink, numa Checoslováquia dos anos 50. A história começa quando o pai de Jonas é detido pela polícia do regime comunista e acusado de actividades contra-revolucionárias e a partir daí a sua vida muda para sempre. 

No próximo livro, "O Livreiro de Praga", que a Arte de Autor irá publicar em Outubro, teremos a conclusão da história, mostrando Jonas Fink 12 anos depois e já na idade adulta. Em Agosto de 1968 Jonas Fink tem 29 anos, uma livraria e uma namorada. Mas a sua tranquilidade irá ser abalada quando o seu passado o volta a confrontar.

Mas vamos agora focar-nos no primeiro, que acabámos de reler, pois em 2018 tínhamos lido a versão francesa. Um clássico da BD, vencedor do prémio de melhor álbum no Festival de Angoulême de 1995. Constituindo um relato do sistema totalitário do antigo bloco de Leste, a história centra-se em Jonas, que com o pai preso, vê a sua vida dar uma reviravolta. Com a sociedade a virar-lhe as costas, pois é expulso da escola e obrigado a afastar-se dos seus amigos, o jovem, ainda criança é forçado a crescer pois ele e a mãe têm que sobreviver e lidar com a descriminação e opressão do regime estalinista. Da sua vida privilegiada e despreocupada, Jonas tem de passar a trabalhar e depois de umas primeiras experiências negativas, o rapaz consegue trabalhar numa livraria e é aí que conhecer a rapariga por quem se vai apaixonar.

Os preconceitos de que é alvo também irão prejudicar a sua vida amorosa e o dia a dia de Jonas e da sua mãe está cada vez mais complicado, uma vez que o pai continua preso e que o regime e os seus espiões estão sempre a rondar à espera de que ponham o pé em ramo verde.

Este é um verdadeiro clássico, com desenhos que se enquadram na chamada linha clara, com atenção ao detalhe e com as personagens bem desenhadas e com linhas bem definidas. Nesta obra, o italiano Giardino mostra bem o seu talento num registo em que se sente bem à vontade, o género policial/espionagem e com algum erotismo e sensualidade à mistura, que se verá ainda melhor no próximo álbum.

Imperdível, para quem gosta de boa BD e ainda para mais, esta edição, tem uma introdução de Vittorio Giardino a contar o porquê de contar esta história, introdução essa que tem magníficas ilustrações pelo meio.







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