Madeleine Résistante - Tome 3
Tenho aqui feito questão de acompanhar a série Madeleine Résistante, de que recentemente saiu o tomo 3 (e último?) com o título de Les Nouilles à la Tomate, essencialmente por estar convencido de que se trata, não apenas de uma edição de extraordinária qualidade em cada um dos tomos, mas também de um testemunho que faz desta série, na minha opinião, um dos incontornáveis da BD contemporânea.
A responsabilidade do desenho cabe a Dominique Bertail (bem conhecido, mas creio que em Portugal apenas temos o seu contributo para Go West Young Man). Desenho realista, detalhado, excecional na qualidade do traço e no tratamento narrativo, nas perspetivas, nas emoções, no tratamento do desenho em tons de azul.
Já o argumento é da responsabilidade de Jean-David Morvan (em português já temos “Senda”, “Conan o Cimério”, Spirou e Fantasio), que o preparou como resumo das conversas que foi tendo com Madeleine Riffaud, a própria resistente que dá título à BD. Efetivamente, a série é apresentada como uma autobiografia, relatada pela própria (claro, senão a biografia não era auto…), e isso constitui elemento essencial na sinceridade, pureza e originalidade do trabalho. Madeleine Riffaud, aliás, relatou o seu período de resistência em livros que foi publicando ao longo dos anos.
O tomo 3 da série, aliás, é publicado no ano em que Madeleine fez 100 anos, o que permitiu diversas exposições e conferências em França, e relata o período de detenção e tortura daquela resistente, conduzindo-nos até ao período da libertação.
Relato absolutamente fantástico não apenas desta resistente, com acontecimentos rocambolescos, situações muito duras (mas em que sabemos à partida que a personagem sobreviveu) – ela própria muitas vezes sem saber bem como – como dos bastidores da resistência, já para não falar da condição humana, dos valores, da empatia, do sofrimento, da resistência.
Editado pela Dupuis, toda a série é consistente na qualidade, lê-se bem embora relate um período particularmente difícil de aceitar da história da humanidade. A sua leitura é absolutamente E-S-S-E-N-C-I-A-L para quem gosta de história, para quem gosta de boa narração, para quem gosta de BD.
A imagem apresentada na capa passa-se já após a libertação de Madeleine e em período de Libertação de Paris.
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