Mais uma aposta ganha no que toca a co-edições da Arte de Autor com a Seita. "Naturezas Mortas" é um livro muito bonito, poético e original.
Em 2022 já aqui havíamos publicado a opinião de Miguel Cruz sobre o original, mas agora calhou-nos a nós ler a versão portuguesa e dizermos de nossa justiça, mas em muito partilhamos as mesmas apreciações.
Todos os aspectos desta edição resultam num excelente livro de banda desenhada e sendo uma história que tem o seu foco num artista plástico e na sua musa inspiradora, podemos dizer mesmo que este livro é uma obra de arte cheia de outras obras de arte. Diríamos que a musa esteve também do lado de Zidrou (como sempre) e de Oriol, pois tanto a narrativa como os desenhos são cativantes e envolventes, passando por cenas mais reais e concretas vividas por quem conta a história, para outras mais fantásticas e oníricas, que são objecto da história contada. Do ponto de vista visual, Oriol apresenta-nos desenhos e pranchas incríveis e de enorme expressividade.
Este é um romance policial, que explora o mundo da pintura modernista espanhola, apresenta-nos uma história de amor, uma fábula e ao mesmo tempo uma biografia ficcional. Tudo cabe nesta história que se passa no final do século XIX, na cidade de Barcelona.
É pela voz de um pintor, que conta à sua modelo, a história de um outro pintor, Vidal Balaguer i Carbonell (Barcelona 1873 - ?), que nós mergulhamos no livro. Balaguer foi considerado como um dos prodígios do modernismo catalão, ao mesmo tempo um homem controverso, que nunca conseguiu obter o reconhecimento que merecia.
Mar é uma jovem e bela musa para uma série de pintores que encantou e enfeitiçou, amantes de uma ou poucas noites... Mas o pintor Vidal Balaguer persegue-a com paixão, até ao dia em que ela desaparece misteriosamente, passando a assombrar os pensamentos e as noites daquele que foi o último a pintar o seu retrato, a célebre tela La mujer del mantón.
Porém não é só Mar que desaparece, mas também outras pessoas da cidade. E Balaguer passa a ser o principal suspeito de um mistério que também o perturba.
E mais não contamos, porque vale mesmo a pena ler esta obra que é uma excelente ode à nona arte e à terceira arte.
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