sexta-feira, 13 de maio de 2022

A nossa leitura do delicioso "Os Choco-Boys", de Ralf König - A Seita





Depois dos álbuns de Mathieu Bonhomme, Mawil e Bouzard, foi recentemente publicado pel' A Seita o quinto e último livro da colecção "Lucky Luke visto por...", de homenagem ao famoso cowboy, desta vez com autoria do alemão Ralf König. Não é fácil fazermos grandes comparações, pois cada autor tem o seu estilo e segue por um determinado caminho. E Ralf König não foi por um caminho fácil, arriscou e mostra-nos em "Os Choco-Boys" um Lucky Luke como nunca antes tínhamos visto.

Talvez por isso, pelo que temos vindo a ler nas redes sociais, a opinião sobre este livro não é consensual. É como tudo na vida. Nem todos gostamos das mesmas coisas e, neste caso, nem todos rimos das mesmas piadas. Ao ler este livro, apesar de não ter nada a ver, relembrámos o filme "Slumdog millionaire", onde o protagonista vai respondendo acertadamente porque as perguntas têm a ver com experiências da sua vida. E assim é este livro, como em muitos outros na área do humor, pois só rimos das piadas se entendermos e conhecermos o que está por trás delas. "Os Choco-Boys" trazem também para cima da mesa o tema da sexualidade e ainda que hoje em dia se vá falando com mais naturalidade sobre o assunto, continua a constituir um tabu que choca os mais puritanos.

Aquilo que vos podemos dizer é que achámos o livro hilariante, com um estilo muito fiel ao que é habitual no autor, mesmo ao nível do desenho. König é um dos ícones da BD gay, humorística e irreverente, que há mais de três décadas defende os direitos dos homossexuais, não sem gozar com eles e com todos os mitos à sua volta. Mas não pensem que o seu humor é desrespeitoso para com Lucky Luke, apenas o torna mais humano. O autor brinca com Lucky Luke e a sua fama, mostra-nos um personagem despido (literalmente) de preconceitos, tranquilo, bem disposto, de bem com a vida e defensor do amor, seja de que forma for. Neste livro, Lucky Luke tem de lidar com a fama que tem em ser uma personagens muito conhecida no mundo da BD, o que lhe trás o inconveniente de ser abordado por caçadores de autógrafos (até os Dalton querem sacar um autógrafo da estrela do Oeste!). Calamity Jane também está no seu melhor, com a sua linguagem imprópria que afecta as delicadas vacas suíças e pode pôr em causa a qualidade do chocolate. No entanto, apesar de todas estas figuras de proa, as personagens centrais da história são outras, o casal Bud e Terrence, que trazem para cima da mesa o tema da homossexualidade entre cowboys, numa abordagem descomprometida, divertida e ligeira, longe do drama, violência e intensidade do filme "O Segredo de Brokeback Mountain".

Pelo meio de tudo isto, Ralf König consegue com a sua arte, dar uma alfinetada a todos os que julgam a Banda Desenhada como um género menor no campo da literatura. Palmas para o autor por tocar com o dedo na ferida, assim como não quer a coisa.

Aconselhamos a sua leitura a todos os que tenham sentido de humor e capacidade de encaixe!

A sinopse:

Até um cowboy precisa de férias, e quando o cowboy é Lucky Luke, as coisas nunca são simples! E guardar vacas em campos verdejantes também não vai ser simples. São vacas suíças, cheias de leite e... púrpuras? Sim, o Velho Oeste descobriu finalmente o chocolate, suíço, mas nem por isso deixam de existir outras ameaças, desde caçadores de autógrafos, tão problemáticos quanto os caçadores de recompensas, ao velho chefe Buffalo Bitch da tribo dos Chicoree, e aos pobres cowboys solitários Bud e Terrence, cuja busca por simples afecto vai causar o caos na perigosa cidade de Straight Gulch.

O autor:

Ralf König é um grande admirador de Morris desde a sua infância e Calamity Jane foi uma das primeiras histórias de banda desenhada que König leu com entusiasmo, e também por isso a lenda da espingarda amaldiçoada não ia faltar nesta homenagem ao cowboy que dispara mais rápido que a sua sombra. Um livro que derrete na boca de tão divertido que é... como um chocolate suíço!








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