sábado, 6 de dezembro de 2025

A nossa leitura de Showa - Uma história do Japão (1926-1939) - edição Devir

 


Quando iniciámos a leitura de Showa, já sabíamos que íamos demorar algumas semanas a chegar ao fim, pois além das 528 páginas, é muita informação para processarmos, bem como a densidade da mesma. 

A obra mistura a história real do Japão com memórias pessoais do autor Shigeru Mizuki, que viveu durante esses tempos, dando assim um carácter pessoal e uma dimensão intimista à narrativa. 

Mas por ser um livro “trabalhoso” de ler, não desistimos e recordamos aos leitores que vale a pena, também pelo desenho, que mistura caricatura, onde as personagens tem traços mais simples e exagerados, com cenários muito realistas e detalhados, criando por isso um contraste interessante entre a pequenez do personagem frente às grandes forças históricas e sociais que vão aparecendo no desenrolar da história. 

Visualmente, este livro de manga a preto e branco tem impacto, está bem documentado nas cenas históricas, como por exemplo as imagens nas ruas, nas multidões e nos edifícios descritos.

Mizuki faz uma leitura crítica do militarismo japonês e também do americano, apontando os perigos ideológicos, o nacionalismo e as consequências sociais. Ele usa o humor, a ironia e alguns elementos satíricos, para denunciar certos aspetos sem perder a seriedade do tema.

É por isso um bom livro para leitores que querem conhecer a história do Japão desta era Showa de uma forma acessível, mas ao mesmo tempo com alguma profundidade, apesar de por vezes ser tanta a informação, que temos de voltar a ler páginas anteriores, sendo por isso um desafio para os leitores menos habituados a lerem livros tão extensos.

Este primeiro volume de Showa (1926-1939) abrange um período muito desafiador, desde a crise económica (Grande Depressão) e ascensão do militarismo ao poder, sendo por tudo isto um livro com peso cultural e histórico.

Por fim e sendo um livro autobiográfico, há sempre o risco de parcialidade, pois Mizuki reflete sobre as suas próprias experiências e visões, tendo de fazer algumas interpretações históricas ou críticas mais pessoais, mas isso em nossa opinião ainda valoriza mais esta obra, até porque o autor não poupa ninguém, tanto os ricos como o poder instalado, bem como os militares, todos eles são criticados e expostos.






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