sábado, 6 de dezembro de 2025

A nossa leitura de "A vida oculta de Fernando Pessoa", de André F. Morgado e Alexandre Leoni - edição Iguana

 


Dez anos depois da publicação original, o título "A vida oculta de Fernando Pessoa" teve uma nova edição com a Iguana. Uma obra de André F. Morgado (argumento) e Alexandre Leoni (desenho). Em 2015 dizia-se no Diário de Notícias: "Argumentista português que nunca foi ao Brasil e ilustrador brasileiro que nunca esteve em Portugal criam banda desenhada sobre o escritor. A língua (e a internet) juntaram os dois autores. 

O facto é que esta parceria resultou e a prova é que regressa agora com uma nova roupagem. E nós, leitores, só temos a ganhar pois através da banda desenhada mergulhamos na genialidade de Fernando Pessoa e ficamos ainda mais fãs dos seus poemas.

Neste livro, estamos em Lisboa, no século XX e o mundo real mistura-se com o sobrenatural. Fernando Pessoa move-se entre esses dois mundos como elemento recrutado de uma ordem secreta de combate a uma doença mortal e contagiosa, que só se combate com a eliminação dos doentes. Porém, Fernando Pessoa encontra em cada vítima um dos seus heterónimos e através dos últimos contactos com Alberto Caeiro, Álvaro de Campos ou Ricardo Reis, vamos também conhecendo as múltiplas identidades e as suas características.

O que é interessante nesta obra é a forma como funciona em dois níveis distintos. Por um lado trata-se de uma aventura fantástica, com ação, mistério, crime e até horror e por outro não deixa de ser uma reflexão literária para leitores apreciadores de Fernando Pessoa. Nesta reinterpretação livre, André F. Morgado consegue integrar na narrativa, excertos de poemas e ideias dos heterónimos, de uma forma exímia, fazendo-os pertencer ao fluxo da ação sem parecer esquisito. E a par disto, Alexandre Leoni consegue traduzir visualmente os conflitos internos do poeta e dos seus "Eu's" e cria uma estética expressiva, com atmosferas sombrias, que ajudam a reforçar o clima de mistério e "horror".

Já dissemos pessoalmente ao André que ele nos faz gostar cada vez mais de Fernando Pessoa e as suas obras ajudam os leitores a aproximarem-se do poeta, mesmo aqueles que nunca leriam as suas poesias.








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