Jeremiah t.42 - Les Larbins
Esta “opinião” sobre o tomo 42 da série Jeremiah do bem conhecido Hermann, mais não é do que um exercício de admiração pelo autor. Afinal, quem, de todos nós, não gostaria de chegar aos 87 anos (vou continuar, mas poderia ficar por aqui e mesmo assim a frase teria sentido) e continuar a publicar álbuns de banda desenhada, realizados em cor direta, e com um desenho que, apesar de se notar algum declínio na precisão e na atenção aos detalhes, continua a ser impactante?
Hermann, para além disso, continua a ser autor completo nesta série, com a qualidade dos argumentos a variar significativamente, desde o tomo 29 ou 30 entre o banal e o bom (excelente ou muito bom até lá), mas sempre fazendo evoluir e crescer essas notáveis personagens Kurdy e Jeremiah, cada vez mais críticas da vida que os rodeia, marginais conscientes num mundo pós-apocalíptico.
Hermann é um autor consagrado, responsável (ou co-responsável) por Comanche, Bernard Prince, Afrika, Caatinga, Le Diable des Sept Mers, Jugurtha, On a Tué Wild Bill, Les Tours de Bois Maury, Duke, podia continuar e continuar, e continuar. Impressionante. Muitas vezes me pergunto o que o leva a querer manter-se neste universo da BD. Aos 87 anos e com tanto álbum publicado, acredito que seja exclusivamente por prazer.
Jeremiah surge-nos, nas primeiras páginas, como um empregado de mesa no restaurante de um complexo que inclui Casino e Hotel – com o curioso nome de Silly Palace. Kurdy, por sua vez, encontra-se na mesa do canto, junto à porta da cozinha, de onde observa a sala, avalia o ambiente, estabelece uma relação de amizade com outro dos empregados, e come, come, sem esquecer a sobremesa!
Quando uma das raparigas de uma das mesas coloca o seu olhar em Jeremiah, Diky, o parvalhão de serviço (bem, com este nome era mais ou menos óbvio, certo?), sobrinho do dono do local, e uma espécie de terror da zona, com os seus seguidores, resolve tentar humilhar Jeremiah. Como habitualmente as coisas correm mal, e Jeremiah assenta uma tareia no dito cujo. Maxwell, o tio, rico e cobardolas, tem de tirar Jeremiah das vistas do sobrinho, e propõe-lhe alojamento no seu rancho nas proximidades. Kurdy fica encarregue de vigiar e proteger a jovem Irina. Como é óbvio, nem Diky desiste de se tentar vingar, nem Jeremiah se consegue integrar bem no rancho (um livro que Jeremiah está a ler, e que é destruído, é, apropriadamente, de Milan Kundera), nem Kurdy consegue desempenhar bem a tarefa que assumiu.
A história é simples, tem o seu quê de previsível e mesmo um pouco déjà vu, o que é compreensível num tomo 42 (!?!) de uma série, mas a leitura é bastante agradável, a narrativa compreensível, a “mise en scène” profissional e eficiente.
Uma série marcante na BD franco-belga, com vários tomos de leitura obrigatória.
A Dupuis editou também este ano o volume 6 do integral da série (4 tomos por integral).




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