"Estes Dias", edição da Polvo, foi uma obra muito falada este ano e bem! E as críticas positivas que foi recebendo desde o lançamento do livro em Maio, no Festival de Beja, foram justificadas quando neste passado domingo, Bernardo Majer recebeu no Amadora BD o Prémio - Melhor Obra de Banda Desenhada de Autor Português.
Depois de "Toutinegra" (com argumento de André Oliveira), Bernardo Majer aventurou-se nesta obra, pela primeira vez, como autor completo. "Estes dias" é uma antologia de seis Bandas Desenhadas, que falam sobre monotonia, relações e dores de crescimento, na vida moderna. "Carolina vê-se envolvida com um homem perigoso, de intenções duvidosas. Rui sente-se perdido com o anúncio do divórcio dos pais. Sofia deixa-se encantar pelo namorado de uma amiga, E Flor é intolerante à lactose", são algumas dessas histórias.
E vamos então à nossa leitura de "Estes Dias". Se à primeira vista pela leveza da capa, das ilustrações e do livro em si, somos levados a pensar que se trata de uma obra ligeira, ao fazermos a sua leitura percebemos que estamos perante uma obra madura e mais profunda do que isso e que nos transporta para os problemas com que actualmente muitas pessoas, na casa dos vintes e dos trintas, se deparam.
As seis histórias que nos são dadas a conhecer, uma por cada um dos meses do segundo semestre do ano, são independentes entre si. Tratando de coisas diferentes acabam por todas elas terem coisas em comum, no que toca a dúvidas existenciais, tédio e monotonia do dia-a-dia, desencanto com a vida profissional e com a vida em geral. Mostra-nos que viver é simples e complexo ao mesmo tempo e que as relações entre as pessoas são o espelho dessa contradição. Na verdade o que este livro, que tem um "blue feeling", nos quer dizer é que a vida não é fácil, mas temos que dar um passo em frente para que seja melhor.
Quanto às ilustrações, o bonito traço de Majer é aqui colorido com uma ou duas cores, que mudam de história para história. O único senão deste livro que assinala a estreia do autor em obras a solo, é que sabe a pouco. É o mal das BDs curtas quando são boas. Queremos mais. E achamos que Bernardo Majer tem muito para dar e para mostrar no panorama da Banda Desenhada nacional. Agora é reler este livro e esperar por mais!
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