sexta-feira, 28 de outubro de 2022

A nossa leitura de "Estes Dias" de Bernardo Majer, vencedor do prémio para Melhor Obra de Banda Desenhada de Autor Português no AMADORA BD


"Estes Dias", edição da Polvo, foi uma obra muito falada este ano e bem! E as críticas positivas que foi recebendo desde o lançamento do livro em Maio, no Festival de Beja, foram justificadas quando neste passado domingo, Bernardo Majer recebeu no Amadora BD o Prémio - Melhor Obra de Banda Desenhada de Autor Português. 

Depois de "Toutinegra" (com argumento de André Oliveira), Bernardo Majer aventurou-se nesta obra, pela primeira vez, como autor completo. "Estes dias" é uma antologia de seis Bandas Desenhadas, que falam sobre monotonia, relações e dores de crescimento, na vida moderna. "Carolina vê-se envolvida com um homem perigoso, de intenções duvidosas. Rui sente-se perdido com o anúncio do divórcio dos pais. Sofia deixa-se encantar pelo namorado de uma amiga, E Flor é intolerante à lactose", são algumas dessas histórias.

E vamos então à nossa leitura de "Estes Dias". Se à primeira vista pela leveza da capa, das ilustrações e do livro em si, somos levados a pensar que se trata de uma obra ligeira, ao fazermos a sua leitura percebemos que estamos perante uma obra madura e mais profunda do que isso e que nos transporta para os problemas com que actualmente muitas pessoas, na casa dos vintes e dos trintas, se deparam.

As seis histórias que nos são dadas a conhecer, uma por cada um dos meses do segundo semestre do ano, são independentes entre si. Tratando de coisas diferentes acabam por todas elas terem coisas em comum, no que toca a dúvidas existenciais, tédio e monotonia do dia-a-dia, desencanto com a vida profissional e com a vida em geral. Mostra-nos que viver é simples e complexo ao mesmo tempo e que as relações entre as pessoas são o espelho dessa contradição. Na verdade o que este livro, que tem um "blue feeling", nos quer dizer é que a vida não é fácil, mas temos que dar um passo em frente para que seja melhor. 

Quanto às ilustrações, o bonito traço de Majer é aqui colorido com uma ou duas cores, que mudam de história para história. O único senão deste livro que assinala a estreia do autor em obras a solo, é que sabe a pouco. É o mal das BDs curtas quando são boas. Queremos mais. E achamos que Bernardo Majer tem muito para dar e para mostrar no panorama da Banda Desenhada nacional. Agora é reler este livro e esperar por mais! 



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