Concluímos a leitura dos três volumes da série "Nestor Burma" publicados até ao momento em Portugal, pelas mãos da Gradiva BD: "A Noite de Saint-Germain-des-Prés", "O Sol nasce atrás do Louvre" e "O Afrontoso Cadáver de Plaine Monceau".
Todos eles são da autoria de Lémo Malet (1909-1996) e Emmanuel Moynot , a partir do universo gráfico de Tardi, uma das referências da BD franco-belga. Autor da concepção gráfica, foi o desenhador dos primeiros quatro títulos a preto e branco.
Esta é outra série a não perder que alia o humor ao mistério, divertindo o leitor com as suas particularidades. Recomendamos uma leitura atenta, pois o argumento tem muitos pormenores. Em cada um dos livros estamos perante um crime (ou mais) e as investigações têm muitas voltas e reviravoltas, fazendo-nos facilmente perder o fio à meada. O leitor é forçado a acompanhar o raciocínio de Burma, detective privado, o que nem sempre é fácil pois ele vai sempre um passo mais à frente do que nós e a linguagem peculiar que utiliza é de um calão excessivo. Apenas alguns exemplos, no decorrer da leitura podemos encontrar expressões como "vou-me pôr a cavar", "laurear a pevide", "uma garina porreira" ou melhor ainda "esses teus mirantes têm olheiras até aos pedantes".
Para além do bom humor, o que gostámos mais foram as referências à obra de Hergé, aqui e acolá (uma espécie de easter eggs) que encontrámos em todos os livros. E mais não dizemos para não vos estragar o prazer de as descobrir. Relembramos as sinopses:
A Noite de Saint-Germain-des-Prés
Paris, Verão de 1957. Nunca a fauna das letras e das artes poderia atrair Nestor Burma a Saint-Germain-des-Prés. Mas dois «casos» a rebentar no bairro: um suicídio insuficientemente credível para ser verdade e um avultado roubo de joias, e claro que ele é obrigado a arrastar os chanatos até lá… Um inquérito do detetive de choque no 6.º bairro da cidade de Paris.
O Sol nasce atrás do Louvre
Janeiro de 1954. No «ventre» de Paris, o mítico mercado de Les Halles. Nestor Burma vai à procura de um dos seus clientes regulares, que subiu à capital para andar na ramboia – coisa que a esposa só moderadamente aprecia. Mas aquilo que aparenta ser um simples inquérito de rotina não tarda a azedar com a descoberta dum primeiro cadáver. Um inquérito do detetive de choque no 1.º distrito da capital.
O Afrontoso Cadáver de Plaine Monceau
Março de 1959, Nestor Burma tem encontro marcado num dos belos bairros de Paris. Mas quando se apresenta na casa da sua futura cliente, descobre-a já fria, à semelhança do seu marido. Aparentemente, um duplo suicídio. Uma investigação do detective de choque no 17º arrondissement da capital francesa. Sem lugar para pontas soltas.
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