quarta-feira, 5 de novembro de 2025

A nossa leitura do quarto volume de Monster, de Naoki Urasawa - edição Devir

 


O quarto volume de Monster é considerado como um dos mais importantes para o leitor compreender a abrangência da obra e o tom mais filosófico da série. De thriller policial ele passa a ter um tom que convida mais à reflexão entre o bem e o mal e sobre a natureza humana.

Neste episódio da obra de Urasawa, editada em Portugal pela Devir, também assistimos a uma transformação no protagonista, o neurocirurgião, Dr. Kenzo Tenma, pois este começa a perder alguma da sua ingenuidade, o seu sentimento de culpa começa a consumi-lo e o fardo que carrega, é demasiado pesado, pela decisão que tomou em salvar a vida a Johan Libert, o assassino que personifica o Monstro, neste caso o Monster que dá o título a esta saga.

Este volume leva-nos a conhecer outras localidades, outras vítimas e Tenma tenta descobrir um pouco mais sobre o passado do vilão da história, a raiz do mal, o que levou Johan a transformar-se num monstro assassino. E de facto começam a desenhar-se alguns contornos, com o conhecimento que passamos a ter de situações passadas de abandono, manipulação, experiências do foro psicológico, factos que podem ter moldado a criação do monstro.

É curioso verificar que Johan aparece muito pouco, mas sentimos que a sua presença está sempre lá, como se estivesse a soprar atrás do nosso pescoço. E isso diz muito da mestria do autor Naoki Urasawa. Ao mesmo tempo que consegue manter um clima perturbador, de suspense permanente, consegue levar-nos a reflectir sobre a forma como o sistema e passado de uma criança pode transformá-la. A dualidade entre o mal e o bem também está sempre presente, principalmente personificada nos irmãos Johan e Anna/Nina.

Portanto, continuaremos com a leitura desta série de excelência (entretanto já saíram o quinto e o sexto volumes), complexa, cheia de reviravoltas, mas extraordinária e com um ritmo muito cinematográfico.






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