quinta-feira, 16 de dezembro de 2021

A nossa leitura do novo Blake e Mortimer - O Último Espadão - Edições ASA


Este é o mais recente álbum (tomo 28) da série "Blake e Mortimer", editado pela ASA e que ainda na passada semana contou com a presença na Comic Con 2021 de um dos desenhadores do livro Peter Van Dongen. Aqui ficam também dois excelentes autógrafos do autor de Blake e o Espadão (obrigado Nuno pela sugestão). Existe ainda uma capa alternativa para a FNAC.

Esta leitura foi feita pelo Miguel Coelho (fundador e colaborador do Juvebêdê).

Nos 75 anos da série mais "british" da BD francófona (e até europeia), nada como um regresso ao passado, mais precisamente à primeira aventura, com os temas e ambientes que os fiéis leitores tanto apreciam. De facto, antes de se iniciar esta aventura, os leitores são convidados a (re)lerem O Segredo do Espadão, concebida pelo genial Edgar P. Jacobs a partir de 1946, para os leitores da então nova revista Tintin. 

A nova trama passa por locais emblemáticos da Geografia Jacobsiana, como o Centaur Club, os edifícios governamentais de White Hall, a base de Scaw-Fell ou a pirâmide e a base de Makran. Mas também não faltam personagens como o fiel Nasir, o mordomo  imperturbável, Jameso, o ignóbil Bezendjas, o engenheiro Hudson, o vizir Mohammed Wali ou o inevitável coronel Olrik, que volta a envergar o seu uniforme de oficial do extinto Império Amarelo, estando agora envolvido numa conspiração conjunta que envolve o IRA e os nazis, com o objectivo de atingir, nada mais, nada menos do que Buckingam Palace, com o último Espadão ainda no activo. 

Daí ser importante rever os espaços, acções e personagens do início da série, para mais facilmente se perceber esta trama subtil, que tem um eficaz trabalho de desenho a quatro mãos, cujas diferenças estão bem diluídas, nomeadamente pela segura coloração realizada por Van Dongen. Há momentos de acção/recordação que são particularmente bem conseguidos, pelo que a leitura desta aventura se revela bastante agradável. Mas nem só as recordações marcam este episódio, surgindo novos protagonistas ou temas, entre uma mulher infiltrada no IRA e que é uma agente dupla ou os dois sócios do Centaur Club que, em surdina, destilam comentários homofóbicos e xenófobos, mais parecendo uns velhos dos Marretas no pior sentido. Van Hamme gere com rara habilidade estas questões, entre um argumento seguro quanto baste e a subtil abordagem de assuntos pouco ou nada explorados neste tipo de ficção. 

Esta mais recente aventura de Blake e Mortimer contou com uma equipa de autores, novamente, reconfigurada. Tendo presente os dois volumes de O Vale dos Imortais, permaneceu a dupla de desenhadores (Teun Berserik e Peter Van Dongen), tendo sido trocado o argumentista (saiu Yves Sente e regressou Jean Van Hamme).Do que se soube recentemente, a próxima aventura será conduzida por Yves Sente e Peter Van Dongen. 

O Último Espadão, de Van Hamme, Berserik e Van Dongen, ASA, 64 pp., 15,90 €.












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