Foi lançado recentemente, pela Casterman, este livro "Sang Neuf", de Jean-Christophe Chauzy e nós tivemos o privilégio de o ter lido quase em primeira mão.
Trata-se de uma novela gráfica escrita na primeira pessoa e que retrata um período difícil e angustiante que autor viveu a partir do momento em que foi diagnosticado com uma mielofibrose, uma doença oncológica grave, que o levou a ter de fazer um transplante de medula.
O livro é um relato impressionante, cru e super intenso, onde o autor não tem pudor de mostrar todo o processo e todas as suas fragilidades, para transmitir da maneira mais fiel o que passa um doente que luta pela vida. Há que realçar que tudo o que passou decorreu em plena pandemia, o que por um lado agravou ainda mais o seu isolamento e potenciou as suas fragilidades, mas minimizou a sua angústia ou pena de si mesmo, sabendo que não era o único a viver em isolamento.
Felizmente que o autor sobreviveu para contar a história e se funcionou para ele como uma espécie de descarga emocional, por outro lado este seu comovente testemunho servirá para ajudar e dar esperança a outros doentes oncológicos ou com outras doenças graves.
É verdadeiramente tocante conhecer as suas angústias e questões que ia colocando a si mesmo, sentindo-se um peso para toda a família, sobretudo para a sua mulher e não querendo deixar mal a sua irmã, que foi a sua doadora de medula e sua salvadora.
Esta sua violenta batalha, que é também uma homenagem não só a estas duas pessoas mas também a todos aqueles que trabalharam para a sua cura, é também desenhada de forma igualmente intensa, a preto e branco e a vermelho, cor do sangue. As pranchas não são uniformes, por vezes há pranchas com uma única vinheta, outras com duas, outras com sequências de vários desenhos. Tudo no sítio certo e no momento certo, com o desenho alinhado na perfeição com a narrativa.
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